O Cruzeiro foi um marco na carreira de Evaldo Cruz, hoje com 75 anos. Sua importância foi tanta no time campeão da Taça Brasil de 1966 que um de seus companheiros de ataque, ninguém menos que Tostão, disse, ao final da Copa de 1970 - na conquista do tricampeonato mundial pela Seleção Brasileira, no México - ter se inspirado na maneira de Evaldo jogar.
Evaldo nasceu em Campos (RJ), e em 1961 foi para o Fluminense, atuando na mesma equipe juvenil de Gilson Porto e Luiz Henrique, entre outros.
No time profissional, em 1964, se contundiu quando o fim de seu contrato esta próximo. Foi a gota d'água, segundo Evaldo. “Quando me recuperei, me ofereceram um salário bem inferior ao dos meus companheiros, aqueles que tinham vindo do juvenil comigo. Na época, era pegar ou largar. Eu morava na concentração do clube e precisava ter uma casa minha. Não dava mais para seguir daquela forma”, conta.
Foi quando apareceu a proposta do Cruzeiro. “Eu já tinha decidido que tinha de ir embora. Pensava: vou pra qualquer lugar. Então decidi aceitar a proposta do Cruzeiro.”
Evaldo não sabia que o presidente celeste da época, Felício Brandi, tinha recebido, de outro jogador, a indicação para contratá-lo de outro jogador. Foi o zagueiro Procópio, que lembra da conversa com o dirigente: “Ele me perguntou se eu sabia de um atacante, pois estava faltando um no grupo. Então, falei do Evaldo”.
Evaldo não conhecia Belo Horizonte. E tinha poucas informações sobre o novo clube: “Vi o Cruzeiro contra o Fluminense, num amistoso, no Rio. Tostão não jogou essa partida, mas Dirceu Lopes arrebentou”.
A chegada ao Cruzeiro foi "estranha", conta. “Os dirigentes me pegaram de carro, no Rio. Paramos em Juiz de Fora, onde haveria um amistoso contra o Tupi, e já me colocaram para jogar, sem fazer nem exame médico. Achei aquilo estranho. Lembro que perdemos o jogo.”
Na primeira ida ao Barro Preto, uma certa frustração. “O material de treino era inferior ao do Fluminense, e o campo era muito ruim. Mas o time era muito bom e eu conhecia o Hilton, que tinha estado no Flu”, lembra Evaldo.
Ele confessa que ao chegar ao Cruzeiro pensava em poder voltar a jogar no Rio de Janeiro, em qualquer equipe. Mas a conquista do título em cima do Santos o fez mudar de opinião e adotar o Cruzeiro e BH como casas: "Tudo o que aconteceu aqui mudou minha maneira de pensar. A gente se divertia em campo. Tínhamos um grande prazer em estarmos juntos. Então, o que se passava fora dele não importava. Pelo menos pra mim. E lá se vão 55 anos. Continuo aqui. Sou casado, tenho meus filhos, uma família maravilhosa e amigos, aqueles do nosso grande time. Sou feliz”.
Evaldo ficou no Cruzeiro até 1977. Foram 302 jogos e 116 gols. Ele então se transferiu para o Marília (SP), uma pequena passagem antes de ir para a Venezuela, onde defendeu o Deportivo Itália e encerrou a carreira.