Lançado por Niginho, em 1963, com apenas 16 anos, Tostão tomaria o lugar do mestre como maior ídolo da história do clube celeste. Até hoje, o ‘Fera de ouro’ é o maior artilheiro do centenário clube, com 245 gols em 383 jogos.
Tostão iniciou sua trajetória no futebol de salão do Cruzeiro. Em seguida, foi levado pelo pai, Oswaldo, para jogar futebol de campo nas categorias de base do América. As atuações no gramado chamaram atenção do então presidente celeste, Felício Brandi, que ofereceu Cr$ 1,5 milhão de luvas e Cr$ 80 mil por mês para levá-lo novamente para o Barro Preto, valores considerados impressionantes para um atleta que acabara de completar 16 anos.
Desde o começo, Tostão justificou o investimento. Boas atuações, como na vitória por 4 a 3 sobre o Santos de Pelé e na goleada por 6 a 2 sobre o Flamengo, valeram presença na lista de 47 convocados para a preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966. Muitos davam como certo o corte, mas o mineirinho ficou e acabou embarcando para a Terra da Rainha, onde atuou em uma partida e marcou um gol no Mundial.
Na volta da Inglaterra, Tostão comandou o Cruzeiro, ao lado de tantos outros craques, na conquista da Taça Brasil de 1966. O título sobre o Santos, de Pelé, colocou o clube definitivamente como força no cenário nacional. O craque cruzeirense fez quatro gols na campanha, sendo dois na decisão: um na goleada por 6 a 2, no Mineirão, e outro no triunfo por 3 a 2, no Pacaembu, que sacramentou o primeiro título nacional celeste.
Com a camisa celeste, Tostão foi ainda pentacampeão mineiro entre 1965 e 1969, maior série hegemônica do Cruzeiro no estado. Foi artilheiro do Estadual em 1966 (18 gols), 1967 (20 gols) e 1968 (20 gols).
Já batizado como “Rei branco do futebol”, Tostão foi artilheiro do Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970, no México, com 10 gols. A coroação máxima como jogador veio em terras mexicanas, onde se sagrou campeão do mundo com a Seleção Brasileira. Com a camisa canarinha, foram ao todo 65 jogos (55 oficiais) e 36 gols.
Mas o caminho de Tostão até aquela Copa também teve obstáculos. Em setembro de 1969, o craque teve deslocamento da retina do olho esquerdo depois de levar uma bolada no jogo contra o Corinthians, no Pacaembu. O ídolo cruzeirense passou por cirurgia em Houston, nos Estados Unidos, e só retornou ao futebol no ano seguinte. Sofreu com derrames no local operado, mas se recuperou a tempo de ir ao México e dar show ao lado de Pelé e companhia. No Mundial, Tostão jogou seis partidas, marcou dois gols e participou ativamente de outros.
Na volta a Belo Horizonte, Tostão precisou de um mês para voltar a defender o Cruzeiro em função de demorada negociação para renovar o seu contrato, vencido desde o início de 1970. Quando voltou a campo, matou a saudade dos cruzeirenses com quatro gols na goleada por 5 a 0 sobre o Tupi, pelo Campeonato Mineiro. Também terminou a Taça de Prata como artilheiro, com 12 gols.
Em abril de 1972, Tostão foi negociado com o Vasco por Cr$ 3,5 milhões, maior transação do futebol brasileiro à época. E assim se despediu do clube que ajudou a projetar e do qual é o maior artilheiro, com 245 gols.