CRUZEIRO 100 ANOS
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CRUZEIRO 100 ANOS

Raul fez história no Cruzeiro com títulos e tradição da camisa amarela

Goleiro defendeu o clube entre 1965 e 1978 e ainda estabeleceu um recorde mundial

postado em 27/12/2020 07:30 / atualizado em 26/12/2020 17:39



(Foto: Arquivo EM)
Todo grande time começa por um grande goleiro. Esse era o pensamento de Felício Brandi, presidente do Cruzeiro, no ano de 1965. Com uma geração de ouro nas mãos, faltava o camisa 1 de peso. O escolhido para assumir a meta celeste foi o paranaense Raul Guilherme Plassmann, ‘o goleiro da camisa amarela’.



Felício Brandi não se fazia de rogado. Não tinha vergonha de perguntar, pedir indicações. Pois foi assim que chegou a Raul. Numa conversa com Vicente Feola, então técnico do São Paulo e que tinha sido o técnico da Seleção Brasileira no título mundial de 1962, no Chile, o dirigente pegou referências do jovem arqueiro.

Feola disse a Brandi. “Tem um bom goleiro na reserva do São Paulo. É alto, se posiciona bem. Acho que tem futuro”. Felício guardou consigo a informação e começou a pensar numa forma de trazer o goleiro sem ter que gastar muito.
 
O São Paulo queria o goleiro Fábio e também o atacante Marco Antônio, do Cruzeiro. Felício Brandi pediu então um goleiro como contra-peso na negociação. Assim, Raul foi praticamente de graça para o clube celeste.
 
Na chegada ao Cruzeiro, Raul era um goleiro desacreditado. O paranaense se vestia de maneira diferente, pois era um jovem que acompanhava a moda da época. Os cabelos eram compridos, diferentemente do padrão estabelecido pelos demais jogadores. O goleiro era visto como extravagante. Felício Brandi acabou sendo criticado pela contratação. Para a maioria, não passava de um equívoco.

(Foto: Arquivo EM)

 
O tempo passou, e Raul começou a ganhar a confiança do treinador Airton Moreira. Quando o titular Tonho se contundiu, surgiu a esperada oportunidade para o goleiro assumir a posição. Foi um um clássico contra o América, em 19 de abril de 1966, pelo Torneio João Havelange, no qual a Raposa perdeu por 4 a 2.

(Foto: Arquivo EM)


Já a tradição da camisa amarela usada por Raul surgiu, por acaso, num empate por 0 a 0 com o Atlético em 29 de junho de 1966. O goleiro entrou em campo com uma camisa dessa cor, de manga comprida, emprestada pelo lateral-esquerdo Neco. A grande atuação do camisa 1 fez com que o presidente Felício Brandi, bastante supersticioso, mandasse confeccionar mais camisas amarelas ao gosto de Raul. Daí em diante, a cor virou uma tradição entre os goleiros do clube.

Dali em diante, Raul fez história como grande pegador de pênaltis e também como campeão da Taça Brasil de 1966, da Copa Libertadores de 1976 e decacampeão mineiro (1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977). No Cruzeiro, ainda foi vice-campeão brasileiro em 1974 e 1975, e mundial, em 1976.

(Foto: Arquivo EM)


Recorde mundial


Em 18 de maio de 1969, Raul estabeleceu, pelo Cruzeiro, um recorde mundial. Na ocasião, o cruzeirense chegou a 1.016 minutos sem ser vazado, um total de onze partidas. A marca durou até o início de 1971, quando Jorge Reis, do Rio Branco-ES, o superou. O capixaba, atualmente o terceiro na lista de goleiros com maior tempo sem sofrer gol, ficou 1.604 minutos sem ser vazado. 


De acordo com o Almanaque do Cruzeiro, ao alcançar o recorde mundial, Raul superou o goleiro Roma, do Racing, que ficou 781 minutos sem sofrer gol. O cruzeirense bateu a marca do argentino no dia 11 de maio de 1969, em vitória por 1 a 0 sobre o Democrata-SL, com gol de falta de Zé Carlos.

Uma semana após alcançar o recorde, no dia 18 de maio, o goleiro sofreu o gol que estabeleceu o feito em 1.016 minutos. O responsável foi o atacante Evanir, do Democrata-SL, aos 42 minutos do segundo tempo. Na partida, que terminou com vitória celeste por 3 a 1, Raul ainda defendeu um pênalti cobrado por Valdoci.



Em 2019, em entrevista ao Superesportes, Raul lembrava dos 50 anos daquele feito que foi manchete do Estado de Minas de 1969. “O mundo era menor sem internet (risos). Se o recorde fosse hoje seria algo bem maior. Na época não tínhamos internet, sem comunicação rápida e instantânea como se tem hoje. É claro que houve o conhecimento em todo esse globo aqui, mas de uma forma bem amena. Não chegou a ser um acontecimento. Hoje seria. Tanto é que está se transformando em um acontecimento por você, do Superesportes, estar me ligando para chamar atenção sobre isso. Hoje, o recorde tem uma importância, porque a imprensa cobre tudo. Hoje (2019) está repercutindo mais que naquela época”. 

(Foto: Arquivo EM)


Números pelo Cruzeiro


Raul disputou 557 jogos pelo Cruzeiro. Em 1978, foi vendido para o Flamengo, onde também construiu trajetória vitoriosa.

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