Superesportes

CRUZEIRO 100 ANOS

Cruzeiro 100 anos: Dida, o gigante que fechou o gol em títulos memoráveis

Goleiro marcou época no Cruzeiro com defesas espetaculares e grandes conquistas

Paulo Galvão
- Foto:
Dida marcou época no Cruzeiro com defesas espetaculares e grandes conquistas - Foto: Jorge Gontijo/EM/D. A Press Nélson de Jesus Silva, o Dida, foi revelado pelo Vitória, mas se consagrou como goleiro do Cruzeiro. Entre 1994 e 1998, fez 306 jogos e ganhou a Copa Libertadores de 1997, a Copa do Brasil de 1996, a Copa Ouro e a Copa Master da Supercopa de 1995 e quatro Campeonatos Mineiros (1994, 1996, 1997 e 1998). O baiano de Irará é um dos ídolos históricos da Raposa.



Um dos responsáveis pelo vice-campeonato brasileiro do rubro-negro baiano em 1993, o arqueiro de 1,96m foi trocado pelo meia Ramon Menezes, revelado na Toca, e logo se destacou com a camisa celeste. A estreia foi em um 4 a 2 sobre o Villa Nova, em 30 de janeiro de 1994, no Mineirão, pelo Campeonato Mineiro.

Goleiros marcantes dos 100 anos do Cruzeiro

Geraldo, no topo do imagem, defendeu o Cruzeiro/Palestra Itália de 1927 e 1945 e atuou em 257 jogos. - Reprodução
Geraldo Domingos ou Geraldo II foi um dos grandes goleiros da história do Cruzeiro. Ele defendeu o clube em 354 partidas entre 1934 e 1955 e conquistou os Campeonatos Mineiros de 1940, 1943, 1944 e 1945. Fora dos gramados, era pedreiro. O fato marcante é que, graças à sua profissão, ele ajudou a erguer o Estádio JK, no Barro Preto, onde hoje é o Parque Esportivo do Cruzeiro. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Geraldo Domingos ou Geraldo II foi um dos grandes goleiros da história do Cruzeiro. Ele defendeu o clube em 354 partidas entre 1934 e 1955 e conquistou os Campeonatos Mineiros de 1940, 1943, 1944 e 1945. Fora dos gramados, era pedreiro. O fato marcante é que, graças à sua profissão, ele ajudou a erguer o Estádio JK, no Barro Preto, onde hoje é o Parque Esportivo do Cruzeiro. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Mussula começou a carreira esportiva no Cruzeiro. Ele vestiu a camisa azul em 126 oportunidades entre 1955 e 1958 e depois de 1961 a 1963. - Arquivo EM
Antônio dos Santos Nascimento, o Tonho, foi goleiro do Cruzeiro entre 1962 e 1967. Na foto, ele diante de Garrincha em jogo no Mineirão - Rilton Rocha/ Arquivo O Cruzeiro/EM
Raul é um ícone no gol do Cruzeiro e vestiu a camisa cinco estrelas de 1965 a 1978, sendo dez vezes campeão mineiro (1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977), uma da Taça Brasil (1966) e uma da Copa Libertadores (1976). O goleiro é o quinto atleta que mais defendeu o clube, com 557 partidas. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
O goleiro Hélio defendeu o Cruzeiro de 1971 a 1978 e fez 207 partidas com a camisa da Raposa. Ele chegou a ser titular no período em que Raul Plassmann acionou o clube na Justiça. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Luiz Antônio defendeu o Cruzeiro entre 1978 e 1988, mas foi cedido por empréstimo a Internacional de Limeira e Grêmio Maringá. Ele foi contratado pelo presidente Felício Brandi para suceder o ídolo Raul Plassmann. Foram 171 apresentações na meta cruzeirense. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Vitor Braga (o segundo, de pé) defendeu a meta do Cruzeiro em duas passagens: de 1971 a 1977 e de 1981 a 1985. Ele jogou 175 partidas. Revelado no clube, ele também teve a missão de suceder o ídolo Raul Plassmann. Em 1972, Vitor disputou a Olimpíada de Munique com a Seleção Brasileira. Na Toca, conquistou os Mineiros de 1972, 1973, 1974, 1975, 1977 e 1984 e a Libertadores de 1976. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Welington Fajardo defendeu o Cruzeiro de 1986 a 1988, jogou 80 partidas e foi campeão mineiro de 1987. Ele também integrou o elenco vice-campeão da Supercopa de 1988. - Evandro Santiago/Estado de Minas - 07/09/1986
Faixa preta de caratê, o goleiro Gomes defendeu o Cruzeiro entre 1982 e 1988. Ele esteve em ação em 178 jogos e viu as suas redes serem vazadas apenas 91 vezes, o que lhe confere ótima média de 0,51 gol sofridos por partida. Mineiro de Timóteo, Carlos Gomes da Cruz ainda defendeu grandes clubes como Grêmio, Santos e Panathinaikos da Grécia. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Paulo César Borges marcou época no gol do Cruzeiro e teve duas passagens. A primeira foi de 1989 a 1993, quando foi titular e conquistou os Campeonatos Mineiros de 1990 e 1992, as Supercopas de 1991 e 1992 e a Copa do Brasil de 1993. PC retornou à Toca entre 1998 e 1999, dessa vez como suplente de Dida, e foi campeão mineiro de 1998. O goleiro considera que fez sua melhor atuação na meta celeste no empate por 0 a 0 com o Atlético pela decisão do Estadual de 1998. Ao todo, foram 264 jogos com a camisa azul. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Paulo César Borges marcou época no gol do Cruzeiro e teve duas passagens. A primeira foi de 1989 a 1993, quando foi titular e conquistou os Campeonatos Mineiros de 1990 e 1992, as Supercopas de 1991 e 1992 e a Copa do Brasil de 1993. PC retornou à Toca entre 1998 e 1999, dessa vez como suplente de Dida, e foi campeão mineiro de 1998. O goleiro considera que fez sua melhor atuação na meta celeste no empate por 0 a 0 com o Atlético pela decisão do Estadual de 1998. Ao todo, foram 264 jogos com a camisa azul. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
O goleiro Sérgio Guedes passou pelo Cruzeiro em 1993 e integrou o elenco campeão da Copa do Brasil. Foi reserva de Paulo César no Campeonato Brasileiro. - Jose Pereira/EM
Dida é um dos goleiros inesquecíveis do Cruzeiro e foi fundamental em conquistas da Copa do Brasil de 1996 e da Copa Libertadores de 1997 com defesas espetaculares. Ao todo, fez 306 partidas com a camisa azul e ainda venceu os Mineiros de 1994, 1996, 1997, 1998, a Copa Ouro e a Copa Master, ambos em 1995. - Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press
Dida é um dos goleiros inesquecíveis do Cruzeiro e foi fundamental em conquistas da Copa do Brasil de 1996 e da Copa Libertadores de 1997 com defesas espetaculares. Ao todo, fez 306 partidas com a camisa azul e ainda venceu os Mineiros de 1994, 1996, 1997, 1998, a Copa Ouro e a Copa Master, ambos em 1995. - Jorge Gontijo/EM DA Press
Dida é um dos goleiros inesquecíveis do Cruzeiro e foi fundamental em conquistas da Copa do Brasil de 1996 e da Copa Libertadores de 1997 com defesas espetaculares. Ao todo, fez 306 partidas com a camisa azul e ainda venceu os Mineiros de 1994, 1996, 1997, 1998, a Copa Ouro e a Copa Master, ambos em 1995. - Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press
O camaronês William Andem foi comprado ao Union Douala por US$ 200 mil e defendeu o Cruzeiro entre 1994 e 1996, período em que foi o reserva imediato de Dida, mas fez jogos importantes. No clube, foi bicampeão mineiro, da Copa Master, da Copa Ouro e da Copa do Brasil de 1996. Em 1997, foi emprestado ao Bahia em negociação de troca que levou para a Toca o também goleiro Jean. Andem disputou a Copa de 1998, na França. - Gualter Naves/EM/DA Press
O camaronês William Andem foi comprado ao Union Douala por US$ 200 mil e defendeu o Cruzeiro entre 1994 e 1996, período em que foi o reserva imediato de Dida, mas fez jogos importantes. No clube, foi bicampeão mineiro, da Copa Master, da Copa Ouro e da Copa do Brasil de 1996. Em 1997, foi emprestado ao Bahia em negociação de troca que levou para a Toca o também goleiro Jean. Andem disputou a Copa de 1998, na França. - Gualter Naves/EM/DA Press
O camaronês William Andem foi comprado ao Union Douala por US$ 200 mil e defendeu o Cruzeiro entre 1994 e 1996, período em que foi o reserva imediato de Dida, mas fez jogos importantes. No clube, foi bicampeão mineiro, da Copa Master, da Copa Ouro e da Copa do Brasil de 1996. Em 1997, foi emprestado ao Bahia em negociação de troca que levou para a Toca o também goleiro Jean. Andem disputou a Copa de 1998, na França. - Gualter Naves/EM/DA Press
André Doring teve a responsabilidade de suceder Dida no gol do Cruzeiro e conquistou a Recopa Sul-Americana de 1998 e a Copa do Brasil de 2000. Fez 115 jogos com a camisa cruzeirense. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
André Doring teve a responsabilidade de suceder Dida no gol do Cruzeiro e conquistou a Recopa Sul-Americana de 1998 e a Copa do Brasil de 2000. Fez 115 jogos com a camisa cruzeirense. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Ídolo do Corinthians nos anos 1990, Ronaldo jogou pelo Cruzeiro em 1999. - Jorge Gontijo /Estado de Minas -18/06/1999
Fabiano foi contratado por empréstimo à Portuguesa em 2000 e foi o goleiro do Cruzeiro na disputa da Copa João Havelange. - Beto Novaes/Estado de Minas - 28/11/2000
Jéfferson foi revelado no Cruzeiro e acabou lançado por Felipão como titular em 2000, já que André Doring tinha se lesionado no joelho. Ficou no clube até 2002 e fez 70 partidas. O goleiro marcou época posteriormente no Botafogo. - Paulo Filgueiras/Estado de Minas - 25/04/2002
Jéfferson foi revelado no Cruzeiro e acabou lançado por Felipão como titular em 2000, já que André Doring tinha se lesionado no joelho. Ficou no clube até 2002 e fez 70 partidas. O goleiro marcou época posteriormente no Botafogo. - Paulo Filgueiras/Estado de Minas - 25/04/2002
O goleiro Bosco foi comprado pelo Cruzeiro em 2001 por R$ 1,7 milhão, mais o empréstimo de Paulo Isidoro ao Sport de Recife. Foi campeão da Copa Sul-Minas e do Supercampeonato Mineiro. - Bosco - Jorge Gontijo/Estado de Minas - 02/04/2001
Gomes foi lançado como titular do Cruzeiro por Vanderlei Luxemburgo em 2002 e foi o goleiro titular do Cruzeiro até 2004, quando foi vendido ao PSV da Holanda. No clube, integrou o timaço campeão da Tríplice Coroa (Mineiro, Copa do Brasil e Brasileiro), em 2003, e do Campeonato Mineiro de 2004. Conquistou ainda a Copa Sul-Minas e o Supercampeonato Mineiro de 2002. Ao todo, ele defendeu a meta celeste em 94 partidas. - Arquivo Estado de Minas/DAPress
O goleiro Artur Moraes integrou o elenco do Cruzeiro na conquista da Tríplice Coroa, em 2003. Era reserva de Gomes. Também foi suplente imediato de Fábio entre 2005 e 2007. Fez 56 jogos com a camisa azul. - Auremar de Castro/EM/D. A Press
Rafael foi formado na base do Cruzeiro, onde chegou aos 13 anos, em 2002. Ficou no clube até 2019. No começo de 2020, acionou o clube na Justiça e se transferiu para o rival Atlético. Foram 112 partidas pelo Cruzeiro e dez títulos: estaduais de 2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019; Copas do Brasil de 2017 e 2018 e Campeonatos Brasileiros de 2013 e 2014. - Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Fábio é o jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro nestes cem anos. Foram 916 jogos. Ídolo histórico do clube, ele conquistou dois Campeonatos Brasileiros (2013 e 2014); três Copas do Brasil (2000, 2017 e 2018); e sete Campeonatos Mineiros (2006, 2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019). - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Fábio é o jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro nestes cem anos. Foram 916 jogos. Ídolo histórico do clube, ele conquistou dois Campeonatos Brasileiros (2013 e 2014); três Copas do Brasil (2000, 2017 e 2018); e sete Campeonatos Mineiros (2006, 2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019). - Arquivo Estado de Minas/DAPress
Fábio é o jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro nestes cem anos. Foram 916 jogos. Ídolo histórico do clube, ele conquistou dois Campeonatos Brasileiros (2013 e 2014); três Copas do Brasil (2000, 2017 e 2018); e sete Campeonatos Mineiros (2006, 2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019). - Arquivo Estado de Minas/DAPress


Dida tinha muita agilidade e uma técnica apurada. O gigante era exímio pegador de pênaltis. Só na primeira temporada pelo Cruzeiro foram duas defesas, uma parando Verón, do Estudiantes-ARG, nas quartas de final da Supercopa da Libertadores, e outra em amistoso contra o Vasco, em São Januário, cobrado por Yan.

Em 1996, Dida reafirmou sua grande fase com atuações impecáveis, principalmente na Copa do Brasil. No jogo de volta das quartas de final, contra o Corinthians, em São Paulo, por exemplo, pegou pênalti cobrado por Marcelinho Carioca na única derrota na competição, por 3 a 2 – avançou por ter goleado na ida, em Belo Horizonte, por 4 a 0.



Na final, o adversário foi o Palmeiras, de selecionáveis como Cafu, Cléber, Júnior, Flávio Conceição, Rivaldo, Djalminha e Luizão. Depois de 1 a 1 no primeiro jogo, em BH, Dida fechou o gol no Parque Antárctica, em São Paulo, e ajudou a garantir o bi, que veio com gols dos também históricos Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos.

“Foi uma das maiores atuações de um goleiro em jogos decisivos no Brasil”, disse o técnico Levir Culpi, comandante celeste naquele título.

Time do Cruzeiro que conquistou a Copa do Brasil sobre o poderoso Palmeiras - Foto: Reprodução

Faltava um título internacional de expressão, e ele veio em 1997, novamente com Dida executando “milagres” debaixo das traves celestes. O time teve dificuldades no início e sofreu para passar da fase de grupos da Copa Libertadores. Nas oitavas de final, o camisa 1 pegou pênalti cobrado por Chalá, do El Nacional-EQU, na disputa no jogo de volta, no Mineirão. Já nas semifinais, pegou as penalidades de Basay e Espina, do Colo Colo, em Santiago. E voltou a brilhar na final, fazendo duas defesas milagrosas pouco antes de a bola sobrar para Elivélton marcar o gol da vitória sobre o Sporting Cristal por 1 a 0.

Dida no time do Cruzeiro campeão da Copa Libertadores de 1997 - Foto: Estado de Minas/EM/D. A Press

“Todo time começa bem por um grande goleiro. Ele era 60% do nosso time. Até hoje vejo assim. O Dida foi esse grande goleiro por todo o campeonato. Era complicado fazer gol nele. Claro que não defendia todas, mas teve grande importância, muito bem treinado, sempre responsável. Tenho um carinho muito grande por ele, pela pessoa dele, pelo jeito de ser, sério demais. Sou fã dele incondicionalmente”, afirmou ao Superesportes, em 2016, o meia Palhinha, camisa 10 daquele time vitorioso.



Em 1998, em grande time do Cruzeiro, Dida foi vice-campeão da Copa do Brasil, do Brasileiro e da Copa Mercosul. Na Série A, ele terminou como o quarto goleiro menos vazado, com 28 gols sofridos, ajudando a equipe a se classificar em sétimo lugar. No segundo jogo das semifinais, impediu a classificação da Portuguesa ao pegar pênalti do artilheiro Leandro – por ter melhor campanha, o time paulista jogava por três empates ou uma vitória e um empate pela mesma diferença de gols. Dida não conseguiu impedir, porém, que o Cruzeiro fosse batido na final pelo Corinthians, time de melhor campanha, mas apenas no terceiro jogo, depois de dois empates.

A saída acabou sendo conturbada, por uma divergência com o então presidente Zezé Perrella na discussão do contrato. Dida decidiu entrar na Justiça para deixar a Toca da Raposa. Depois de muita disputa, desvinculou-se e atuou por Lugano-SUI, Milan, Corinthians, Portuguesa, Grêmio e Internacional, onde encerrou a carreira em 2015.

Um dos reencontros emocionantes com a torcida do Cruzeiro foi em 2013, quando Dida defendia o Grêmio. Em jogo realizado em 10 de novembro, o goleiro foi aplaudido de pé durante o seu aquecimento pelo clube gaúcho e teve o nome gritado no Mineirão. Aquele foi o reconhecimento a um dos gigantes que defenderam a meta celeste nestes cem anos.



Pela Seleção Brasileira, Dida fez 91 partidas. Conquistou a Copa do Mundo de 2002, duas Copas das Confederações (1997 e 2005) e uma Copa América (1999), além de uma medalha olímpica de bronze (1996).