CRUZEIRO 100 ANOS
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CRUZEIRO 100 ANOS

Capitão Piazza ergueu taças inéditas do Brasileiro e da Libertadores

Liderança levou o craque cruzeirense também à Seleção campeã em 1970

postado em 25/12/2020 06:55 / atualizado em 25/12/2020 16:21

(Foto: Arquivo EM)

Wilson da Silva Piazza chegou ao Cruzeiro aos 20 anos, em 1963, depois de se destacar no Renascença, onde começou a carreira no futebol como armador. Logo se destacou como volante e virou praticamente sinônimo da camisa 5 celeste por ter liderado a equipe nas conquistas da Taça Brasil de 1966 e da Copa Libertadores de 1976

(Foto: Arquivo EM)

 
A história de Piazza começa em sua cidade natal, Ribeirão das Neves. Seu pai, José Piazza, era guarda na Penitenciária Agrícola de Neves. E foi no campo do presídio onde ele começou a desenvolver seu futebol, antes de ir para o Renascença. O Cruzeiro não passava pelo imaginário do “grande capitão”. Aos 10 anos, o sonho era ser jogador do Villa Nova, de Nova Lima, que era o clube de sua admiração.

“Meu tio, Angelino, era guarda da Fazenda da Laje, onde é hoje a Dutra Ladeira, que pertencia ao complexo de Neves. Ia pra lá com meu pai. E lá, os presos nos dias de folga, jogavam dama e dominó. Aprendi com eles. Eu me divertia. Era tudo muito tranquilo”, conta.

E foi jogando no campo da penitenciária que Piazza começou a se destacar. “Nos finais de semana, quando meu pai estava de plantão, ia com ele e jogava futebol. Virei um volante carrapato, mas não dava pontapé. E muitas vezes, meu time, o Ypiranga, jogava contra o time dos internos. Havia um campeonato entre os presos, os funcionários e nossa equipe.” Pelo time de presidiários, o então futuro craque disputou preliminares de jogos do América, na Alameda.
 
O salto na carreira se deu no Renascença, clube de futebol amador de BH, no início dos anos 60. Em 1962, o time foi campeão da cidade. Piazza se destacou e chamou a atenção do Cruzeiro.

Na chegada ao clube do Barro Preto, o menino era reserva de Ílton Chaves. Quando o experiente jogador se contundiu, Piazza não saiu mais do time. O primeiro título foi o Mineiro de 1965, o primeiro do pentacampeonato. Aquela série de cinco conquistas estabeleceu o maior domínio do Cruzeiro em Minas em cem anos de história.


 
Mas a consagração de Piazza veio mesmo com o título da Taça Brasil de 1966, ao lado de jogadores como Raul, Procópio, Dirceu Lopes, Evaldo, Natal e Tostão. Já capitão, por ser líder nato e ter bom trânsito com a comissão técnica, coube a ele levantar o troféu que elevou a equipe celeste ao nível nacional.

(Foto: Arquivo EM)

 
O bom desempenho com a camisa azul rendeu convocação, em 1967, para a Seleção Brasileira. Com a amarelinha também teve destaque, sendo campeão mundial em 1970, no México.
 
Piazza abdicou do ataque em função do esquema do Cruzeiro e passou a atuar ainda mais recuado, como zagueiro, mostrando a mesma desenvoltura. E foi na defesa que foi titular na Copa do Mundo do México, pois no meio tinha a concorrência de Clodoaldo, também em grande forma.
 
O craque cruzeirense ainda disputou a Copa da Alemanha, em 1974, mas perdeu a condição de titular a partir do quarto jogo, sendo substituído por Carpegiani. Logo na sequência, Piazza sentiu bastante a perda de dois títulos brasileiros seguidos para Vasco (1974) e Inter (1975).

O titular do Cruzeiro ainda sofria com dores no púbis. Em 1976, jogou no sacrifício e ajudou o clube a conquistar, de forma inédita, a Copa Libertadores sobre o River Plate. No jogo extra da final, em Santiago, recebeu infiltração para continuar em campo na vitória por 3 a 2. Mais uma vez, coube a ele erguer a taça.

(Foto: Arquivo EM)

 
Piazza encerrou a brilhante carreira em 1977. Foram 566 jogos e 40 gols marcados.

Bastante articulado, o ídolo cruzeirense foi eleito em 1972 vereador em Belo Horizonte, cargo que exerceu sucessivamente até 1988. Além disso, fundou a Associação de Garantia do Atleta Profissional (Agap) e trabalhou pela expansão por todo o Brasil.
 
Ao todo, Piazza foi eneacampeão mineiro (1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975), campeão da Taça Brasil de 1966 e da Copa Libertadores de 1976. Em todas essas conquistas, o volante/zagueiro foi o capitão.

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