A passagem deste camisa 10 pelo Cruzeiro foi relativamente rápida, cerca de um ano e meio, mas o suficiente para Jorge Ferreira da Silva, o Palhinha, marcar o seu nome na história centenária do Cruzeiro. Revelado pelo América, ele chegou à Toca da Raposa no início de 1996 depois de ser bicampeão da Copa Libertadores e Mundial em 1992 e 1993 pelo São Paulo.
Palhinha desembarcou em Belo Horizonte como parte de uma das maiores trocas do futebol brasileiro na década de 1990. Chegaram ainda à Raposa o lateral-direito Vítor, o zagueiro Gilmar, o volante Donizete Oliveira e o atacante Aílton. Por outro lado, os cruzeirenses Belletti e Serginho trocaram a Toca pelo Morumbi.
Experiente (então com 28 anos) e com currículo vencedor, Palhinha era um meia técnico e com ótima visão de jogo. Logo, ele não demorou a fazer jus à camisa 10 que foi usada antes por gênios como Dirceu Lopes. Em 1996, comandou em campo o time campeão mineiro e bicampeão da Copa do Brasil sobre o poderoso Palmeiras da Parmalat, em São Paulo.
Foi ainda no primeiro semestre de 1996 que Palhinha se entendeu com um dos grandes parceiros da carreira: o atacante Marcelo Ramos. “Jogar com o Marcelo era fácil, porque ele pensava rápido. Uma assistência inesquecível para ele foi na final do Mineiro de 97, contra o Villa Nova, jogo que teve o recorde de público do Mineirão. Eu fiz um lançamento por cima e ele marcou o gol do título.”
A temporada 1997, aliás, colocou Palhinha de vez na galeria dos grandes jogadores celestes. Afinal, foi ano em que o Cruzeiro conquistou o seu segundo título da Copa Libertadores da América. A caminhada foi difícil. O time perdeu os três primeiros jogos na fase de grupos e viu o técnico Oscar Bernardi ser demitido e substituído por Paulo Autuori. Com três triunfos no returno do Grupo 4, o clube conseguiu a sonhada vaga para os jogos eliminatórios.
Nas oitavas de final, o Cruzeiro passou pelo El Nacional-EQU nos pênaltis, graças ao goleiro Dida. Nas quartas, eliminou o Grêmio, com direito a gol salvador de um machucado volante Fabinho já no fim. Nas semifinais, superou o Colo Colo também na disputa de penalidades máximas. Na final diante do Sporting Cristal, no Mineirão, o título veio com o famoso gol de Elivélton, em chute de fora da área. O Cruzeiro voltava ao topo da América.
O título continental marcou a despedida de Palhinha do Cruzeiro. Em 14 de agosto, um dia após a conquista, Palhinha viajou para a Espanha para se apresentar ao Mallorca, que pagou US$ 1,5 milhão para contratá-lo. Ele voltou ao Brasil no ano seguinte para defender o Flamengo e ainda atuou por Grêmio, Botafogo-SP, América, Sporting Cristal-PER, Gama, Alianza Lima, Marília, Khaimah Sports-EAU, Uberaba, Bandeirante-SP, Ipatinga, Chapecoense, Farroupilha-RS, até encerrar a carreira no Guarulhos.
No Cruzeiro, o craque da camisa 10 marcou 26 gols em 76 apresentações.
Palhinha foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira em 1992 e disputou a Copa América de 1993, no Equador. Ao todo, foram 16 jogos com a Amarelinha e cinco gols marcados.