Nos 499 jogos anteriores, a vantagem é alvinegra: 200 vitórias, contra 166 triunfos azuis. Em compensação, o Cruzeiro ganhou mais vezes na “era Mineirão”: 86 a 75. Os times ainda empataram 76 duelos no Gigante da Pampulha. No Horto, o Galo contabiliza 35 vitórias, 16 empates e 20 derrotas.
Grandes craques protagonizaram o confronto disputado pela primeira vez em 17 de abril de 1921 – vitória do Palestra Itália por 3 a 0. Do lado alvinegro, a bola passou pelos pés de Mário de Castro, Guará, Lucas Miranda, Reinaldo, Cerezo e Ronaldinho Gaúcho. Entre os cruzeirenses que mais se destacaram estão Niginho, Alcides, Piazza, Tostão, Dirceu Lopes, Ronaldo e Alex. Há também quem brilhou por ambos os clubes, casos de William, Procópio, Nelinho e Palhinha.
O cenário do jogo de número 500 foge um pouco da rotina de briga por títulos dos rivais. Atlético e Cruzeiro são, até aqui, meros coadjuvantes no Brasileiro. O Galo está em 14º, com 13 pontos e apenas três vitórias em 10 partidas. A Raposa é a 10ª, mas a pontuação não é lá essas coisas – 14, com quatro vitórias, dois empates e quatro derrotas.
A esperança das equipes é que um eventual triunfo no clássico funcione como divisor de águas, seja pelo ganho de confiança ao superar o maior rival ou pela embolada classificação da Série A. Afinal, apenas cinco pontos separam o Vasco, atual sexto colocado e que ganharia vaga na fase preliminar da Copa Libertadores de 2018, e o 17º Bahia, primeiro da zona de rebaixamento.
Reencontro pós-Estadual
Desde a decisão do Mineiro, vencida pelo Atlético, muita coisa mudou. Raposa e Galo passaram conjuntamente por problemas de lesão, queda de produção em momentos alternados, pressão da torcida, crítica aos treinadores, cobranças aos principais atletas e fases de crescimento. No período de instabilidade, os que mais sofreram foram os técnicos Roger Machado e Mano Menezes, apontados por muitos torcedores como culpados pelos tropeços. Mas as diretorias mantiveram o pulso firme: até pela ausência de opções de qualidade no mercado, descartaram demissões e decidiram apostar no trabalho a longo prazo dos comandantes.
Os jogadores também ficaram pressionados pela torcida. No alvinegro, o volante Rafael Carioca e o atacante Robinho foram os mais cobrados pelo início ruim no Brasileiro. No time celeste, o ataque demorou a engrenar, chegando a passar três partidas sem marcar. Depois, todo o sistema defensivo foi crucificado pelo excesso de gols tomados, algo que prejudicou a equipe na própria Série A, na Copa do Brasil e que custou a eliminação na primeira fase da Copa Sul-Americana, diante do Nacional-PAR.
Aposta alvinegra é na força coletiva
Antes incomodado com o excesso de lesões que atingiram o Atlético recentemente, o técnico Roger Machado agora festeja o fato de vários atletas ficarem à disposição para o clássico contra o Cruzeiro. Somente nesta semana, o lateral-direito Alex Silva, o zagueiro Gabriel e o volante Adílson deixaram o departamento médico e aumentaram o número de opções no setor defensivo.
No ataque, a situação é mais tranquila, já que há fartura de jogadores. Para o setor de criação, Roger conta com Cazares, Otero, Marlone e Valdívia, além dos pratas da casa Thales e Marquinhos. Na área ofensiva, tem Luan, Rafael Moura, Robinho e Fred. A variedade no cardápio permite a ele fazer mudanças táticas, algo que tem ocorrido com frequência em duelos com o Cruzeiro.
O único desfalque é o volante Rafael Carioca, que cumprirá suspensão. Para o setor, ele terá Adílson, Roger Bernardo, Elias, Yago (caso Alex Silva seja escalado) e Ralph. Roger Machado gostou da vitória contra o Botafogo por 1 a 0 pela Copa do Brasil, mas não descarta uma surpresa nesta tarde: “Vamos ver como organizamos o time. Posso voltar com o Elias na função de meio, escalar o Adílson ou o Roger Bernardo ou mesmo manter o Luan. Vamos escalar um bom time”.
Independentemente de qual formação mandar para o clássico, o treinador quer nova atuação coletiva de destaque, com sintonia entre os setores, assim como ocorreu diante do Botafogo. Para isso, ele aproveitou o treinamento fechado de ontem: “Nós idealizamos o treino para gerar um comportamento no jogo. As jogadas saem parecidas com o trabalho da semana, em que fazemos de acordo com a análise do adversário e de onde podemos ter uma vantagem. Em determinados jogos, temos estratégias e elas não funcionam. Mas tentamos fazer de uma forma que contribuam para o resultado”.
Cruzeiro crê em sucesso de quarteto
À exceção do armador de Arrascaeta, contundido, o Cruzeiro terá seus principais homens de frente para tentar bater o Atlético hoje, no Independência. Robinho, Thiago Neves, Alisson e Rafael Sobis têm jogado bem e prometem ir para cima dos adversários para levar a Raposa a ampliar a invencibilidade no Horto pelo Brasileiro – ganhou lá nas duas últimas edições, tendo feito 3 a 2 no ano passado, gols de Alisson, Riascos e Bruno Rodrigo, e 3 a 1 em 2015, com Jemerson (contra), Gabriel Xavier e Marquinhos indo às redes.
A boa produção do quarteto ofensivo pode ser medida em gols. Thiago Neves marcou três nas últimas três vezes em que esteve em campo, contra Grêmio, Coritiba e Palmeiras. O armador anotou 33% dos nove gols que tem com a camisa celeste, que veste desde janeiro. Além disso, deu duas assistências.
Já Rafael Sobis balançou as redes contra Grêmio e Coritiba e chegou a 14 gols neste ano, dividindo a artilharia da equipe na temporada com Ábila. Diante do Palmeiras, nos 3 a 3 pela Copa do Brasil, não deixou sua marca, mas foi importante pela movimentação e abertura de espaços.
Robinho, por sua vez, passou em branco contra o Coxa, mas guardou o dele diante do tricolor gaúcho e também contra o Verdão, fora de casa. Já são oito gols no ano, ainda que tenha ficado mais de dois meses no departamento médico.
Quem também voltou a marcar foi Alisson, autor do terceiro gol no empate com a equipe palmeirense. Ele não balançava a rede desde 21 de maio, quando havia feito o gol celeste no 1 a 1 com o Sport, no Recife.
Com o ataque produzindo bem, os torcedores ficam otimistas. Mas é preciso atenção na defesa, que vem sendo criticada por estar sofrendo muitos gols – foram oito nos últimos cinco confrontos.
A promessa é que, internamente, houve avaliação sobre os erros e esforço para corrigi-los, apesar do pouco tempo para treinar. “Temos que ficar atentos o tempo inteiro. Porque nos gols do Palmeiras a gente tinha dois ou três jogadores na bola e não nos comunicamos. Aí, a bola acabou sobrando para eles. Temos que comunicar um pouco mais, ter um pouco mais de atenção, porque no clássico não pode voltar a acontecer”, declara o armador Thiago Neves.
ATLÉTICO X CRUZEIRO
Atlético
Victor; Yago (Alex Silva), Leonardo Silva, Gabriel e Fábio Santos; Adílson, Roger Bernardo (Luan), Elias e Cazares; Robinho e Fred
Técnico: Roger Machado
Cruzeiro
Fábio; Ezequiel, Caicedo, Leo e Diogo Barbosa; Lucas Romero, Ariel Cabral, Robinho e Thiago Neves; Alisson e Rafael Sobis
Técnico: Mano Menezes
Motivo: 11ª rodada do Campeonato Brasileiro
Estádio: Independência
Data: domingo, 2 de julho de 2017
Horário: 16h
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Assistentes: Rafael Alves e Elio Nepomuceno de Andrade (RS)
Assistentes adicionais: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS) e Daniel Nobre Bins (RS)
TV: Pay-per-view
Ingressos: Cadeira Minas: R$ 60; Cadeira Pitangui, Especial Minas e Pitangui: R$ 80; Área VIP: R$ 200