Superesportes

CLÁSSICO 500

Atlético x Cruzeiro: rivais divergem até na contagem dos jogos realizados desde 1921

Em outros clássicos regionais, rivais chegaram a acordo para padronizar dados

Roger Dias
Levantamentos dos rivais apontam critérios distintos de computar diversas partidas - Foto: Arquivo Estado de Minas
A história de décadas do clássico entre Atlético e Cruzeiro foi registrada de formas diferentes pelos dois clubes. Os levantamentos dos rivais apontam critérios distintos de computar diversas partidas, sobretudo das décadas de 1920 a 1940, em que não havia registro em súmula oficial. Existem ainda os casos peculiares, de confrontos em que não tiveram 90 minutos ou um ou outro time optou por uma escalação com reservas ou aspirantes.
Há 10 anos, os clubes já tentaram fazer uma reunião para padronização dos dados, mas não houve acordo. Em vários estados, os dados são considerados de forme igual pelos clubes. No Rio Grande do Sul, por exemplo, as estatísticas são as mesmas para Grêmio ou Internacional, um clássico bem mais antigo do que o duelo mineiro (o primeiro ocorreu em 1909). No total, são 412 jogos dos rivais gaúchos. Na Bahia, Vitória e Bahia contabilizam juntos 481 clássicos.

O levantamento feito pelo Atlético inclui todas as partidas em que os adversários entraram em campo com uniformes, tendo árbitro e um campo determinado. Desta forma, a pesquisa do clube encontrou um maior número de jogos do que a celeste. Ainda assim, de acordo com o historiador Emmerson Maurílio, alguns dados não são precisos. Dos 499 clássicos considerados pelo Galo, 16 não tiveram uma competição definida e nem mesmo foi possível apontar se foi amistoso.

Emmerson considera que, dificilmente, os dados dos clubes chegarão a um acordo: “De 1960 para trás, a gente não acha material dos clubes com registro dos jogos. Logo, é preciso fazer pesquisa em jornais antigos. Fizemos o nosso lado e o Cruzeiro fez o deles também. Achei jogos que o Cruzeiro não achou. Existem fatos que nunca vão fechar, como por exemplo no jogo de estreia do Ipatingão, em 1987, que o Cruzeiro não considera seu time principal. Nós consideramos”.

Duas das partidas de maior polêmica ocorreram em 1934, quando o futebol profissional ainda engatinhava no Brasil. Ambas entram nas estatísticas do Atlético, mas são desconsideradas pelo Cruzeiro. Na primeira, uma forte chuva antes da partida deixou todo o campo alagado, mas, mesmo assim, o jogo, que terminou 0 a 0, foi iniciado – as equipes combinaram por fazer um jogo de apenas 55 minutos. Na segunda, com vitória celeste por 4 a 3, o jogo não teve público, porém contou com uniformes, arbitragem e tempos definidos.

Autor do almanaque do Cruzeiro, com versões em 2007 e 2014, o jornalista e historiador Henrique Ribeiro afirma que os critérios do clube são os mesmos da CBF e da Fifa, em que houve árbitro, torcida e tempo regulamentar de 90 minutos. “Não há diferença nos clássicos do Brasileiro, Mineiro ou Campeonato de BH. A diferença são justamente os amistosos. Não consideramos os jogos com tempo inferior. Em 1950, por exemplo, o Atlético estava no exterior disputando amistosos e mandou um time de aspirantes. Não consideramos esse amistoso. Em outros casos, o próprio Cruzeiro não teve seus titulares”.