O duelo, que se tornaria clássico, reuniu times com histórias bem distintas a partir das 14h06 daquele domingo. O Atlético - grafado como “Athletico” à época - tinha 13 anos e dois títulos conquistados. Já o Palestra Itália, que se tornaria o Cruzeiro décadas depois, só havia disputado uma partida oficial desde a fundação, quatro meses antes.
Mais de 96 anos se passaram, e o clássico chegará neste domingo ao jogo de número 500, pelo Campeonato Brasileiro. Em 1921, a partida foi parte de um festival promovido pela Associação Mineira dos Chronistas Desportivos (A.M.C.D.) e valia ao vencedor uma medalha de ouro.
Em campo, o Palestra levou a melhor. Os gols de Attilio (duas vezes) e Nani garantiram a justa vitória do clube recém-fundado por 3 a 0. As principais curiosidades de antes e depois do confronto foram relatados nos jornais da época (veja na galeria abaixo).
A partida ganhou destaque no “Diário de Minas” já em 15 de abril. No dia seguinte, o periódico voltou a noticiar os embates: “As partidas prometem o maior brilhantismo, dadas as forças combatentes”.
No domingo, o jogo ganhou espaço também no “Minas Geraes”, maior jornal da época. Curiosamente, o jornal errou o nome do Palestra ao tratá-lo como “Palestina”. O “Diário de Minas” destacou a tradição alvinegra e exaltou o clube recém-fundado: “Vem surgindo com todos os requisitos para conquistar os melhores louros”.
O jornal de terça-feira relembra como foi a vitória do Palestra, exalta a atuação do América na goleada por 6 a 0 sobre o Lusitano e chama a atenção para a atuação ruim do Atlético. Além disso, o “Diário de Minas” cita o nome do árbitro Aleixanor Alves Pereira - um dos fundadores e ex-presidente do clube alvinegro.
Arbitragem parcial?
O primeiro jogo entre as equipes reserva uma história inusitada. Os jornais veiculados nos dias que antecederam o duelo noticiavam que o árbitro seria João Britto. No entanto, a ficha do jogo publicada na edição do “Diário de Minas” do dia 19 de abril afirma que a partida foi apitada por Aleixanor Alves Pereira, que tinha ligação não especificada com o América.
O noticiário da época não explicou os motivos que fizeram com que Aleixanor Pereira substituísse João Britto como o árbitro da partida realizada no Prado Mineiro.
A situação mais curiosa, no entanto, não é a troca repentina no comando da arbitragem. O que chama mais a atenção é que Aleixanor participou da fundação do Atlético, em 1908, e foi presidente do clube alvinegro em 1911.
Apesar do vínculo com o Atlético, o árbitro teve atuação elogiada pela imprensa: “O juiz agiu com perfeita imparcialidade, a não ser um ou outro deslize muito perdoáveis”, publicou o “Diário de Minas”.