Clássico 500
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CLÁSSICO 500

Queda do América, popularização dos times e títulos: as razões do crescimento da rivalidade entre Atlético e Cruzeiro

Rivais em Minas, Cruzeiro e Atlético ganharam torcedores a partir dos anos 1940 e equilibraram forças a partir dos bons resultados em campo

postado em 02/07/2017 06:04 / atualizado em 01/07/2017 18:02

Arquivo EM

O duelo entre Atlético e Cruzeiro chega hoje ao jogo de número 500 com a rivalidade em pleno vapor. Mas a história mostra que nem sempre foi assim. Nas primeiras décadas do século passado, na transição do futebol amador para o profissional, o confronto ainda não era considerado tão emblemático, nem mesmo na capital mineira.

Fundado em 1908, o Atlético dividia as atenções com o América nas primeiras edições do Campeonato Mineiro, que começou em 1915. Enquanto o Cruzeiro estava surgindo aos poucos no cenário do futebol estadual, Galo e Coelho dividiam a popularidade dos torcedores e eternizavam o chamado “Clássico das Multidões”, alcunha que permaneceu até meados dos anos 1950. O América manteve o status devido ao decacampeonato mineiro, uma façanha no país, de 1916 a 1925.



Presidente do Centro Atleticano de Memórias, o historiador Emmerson Maurílio afirma que o confronto se popularizou quando os dois times chegaram a equilibrar forças no estado: “Foi nos anos 1950 que o Cruzeiro começou a tomar o lugar do América, que teve uma queda devido aos vários anos sem ganhar o Campeonato Mineiro. A partir daí, o Cruzeiro se tornou mais presente. E isso puxar mais torcida, se tornando a segunda força de Minas. E o clássico se fortaleceu com a chegada do Mineirão”.

Emmerson diz que o próprio Atlético soube superar uma forte crise nos anos 1920, o que ajudou a construir a rivalidade: “A partir do momento que teve campeonato em Belo Horizonte, o Atlético se mostrou como força. E depois foram 10 anos de superioridade do América, quando o Atlético passou muita dificuldade e quasse fechou. Mas conseguiu se manter e depois conquistou o bicampeonato em 1926 e 1927. Dois fatores contribuíram muito para isso: a chegada do Tri Mandito, formado por Mário de Castro, Jairo e Said, responsável por 4% dos gols da história do clube, e a construção do Estádio Antônio Carlos”.

Autor do livro De Palestra a Cruzeiro – uma trajetória de glórias, o historiador Luiz Otávio Trópia Barreto afirma que a rivalidade cresceu na mesma proporção do aumento da população na capital mineira: “Com o desenvolvimento industrial de Belo Horizonte, a capital recebe muitas pessoas do interior, de outros estados e do exterior. Muitos escolheram o Cruzeiro para torcer. Até esse período, os dois clubes eram até parceiros. Nessas primeiras décadas, por serem vizinhos de bairro, Atlético e Cruzeiro jogavam um no estádio do outro. Nos anos 1940, o clássico se tornou a maior rivalidade em Minas, principalmente por conta do tricampeonato mineiro do Cruzeiro (1943, 1944, 1945)”.

Segundo Barreto, a conquista da Taça Brasil de 1966, superando o Santos de Pelé na final, ajudou a dar nova dimensão ao duelo: “Depois, nos anos 1950, com o Independência, a torcida do Cruzeiro supera a do América. Nos anos 1960, com aquele time de craques do Cruzeiro, com as conquistas do clube e a construção do Mineirão, a rivalidade muda de patamar e se transforma no que é hoje”.

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