Quando entraram em campo para aquele simples amistoso em 17 de abril de 1921 no Prado Mineiro, os jogadores de Atlético e Cruzeiro, então Palestra Itália, não tinham a mais vaga ideia de que estavam fazendo história. Nem sequer imaginavam que, décadas mais tarde, seriam vistos como os primeiros responsáveis por um clássico que ganhou musculatura a ponto de se transformar num fenômeno que vai além das quatro linhas e que neste domingo chega a seu duelo 500.
Lá estão gerações que lideraram times perto do imbatível desde os anos 1920. Duelos que se tornaram memoráveis. Craques que, de tão mágicos, pareciam irreais. E uma cumplicidade com as torcidas que moveu multidões onde quer que as equipes se encontrassem – no Estadinho de Lourdes, no Barro Preto, no velho e no novo Independência, no Mineirão, até mesmo fora de Minas.
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Sabem como poucos da pulsação que precede os grandes embates. Sabem, sobretudo, dos casos que se tornaram antológicos nas partidas, antes e depois delas – e ainda daquilo que era lenda e se transformou em versão categórica próxima do incontestável. Não foram poucos, aliás, os ídolos que cruzaram de um CT para outro, às vezes envolvidos numa mudança turbulenta e incompreendida, e já nos últimos anos em temperaturas que passaram longe do debate apaixonado.
Curiosamente, mesmo tendo pouco a pouco roubado o protagonismo de América e Villa Nova, Cruzeiro e Atlético decidiram poucos títulos mineiros em confrontos diretos: foram 21, com 12 conquistas da Raposa, oito do Galo e um troféu dividido em 1956, depois de uma prosaica batalha judicial motivada pelo fato de um zagueiro atleticano estar em dívida com o serviço militar obrigatório. Em nível nacional, decidiram unicamente uma taça, a Copa do Brasil de 2014, em que triunfou o Atlético.
A convite da reportagem, craques de várias gerações escalaram aquela que é considerada a seleção de todos os tempos para cada um dos times. Rumo ao clássico 500, mais uma polêmica à vista – um ingrediente que entrou em campo naquele 17 de abril de 1921 e dele nunca mais saiu.