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DA ARQUIBANCADA

Adeus, meninos (e meninas)

Que todos nós tenhamos dias melhores

postado em 22/02/2019 08:00 / atualizado em 21/02/2019 22:21

(Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 É muito provável que leitores e leitoras desta coluna semanal do América não saibam que o primeiro texto que publiquei no jornal Estado de Minas foi no já velho século 20, no longínquo 1977 – e lá se foram 42 anos! Era sobre o filme Perdida, do cineasta Carlos Alberto Prates Correia. Por três anos, até o final daquela década, publiquei dezenas de textos e participei com prazer da Seção de Cinema, página inteira publicada às terças-feiras no caderno de Cultura do jornal. O editor era Geraldo Magalhães, e meus amigos Ricardo Gomes Leite, Paulo Augusto Gomes, Mario Alves Coutinho e Ronaldo Noronha, com suas análises de filmes em cartaz na cidade, imprimiram ali parte valiosa de seus conhecimentos cinematográficos.

Depois, de 1980 a 1982, sob o comando de Wander Piroli, grande jornalista e ainda maior escritor, tive a sorte de fazer o serviço de cinema do Jornal de Shopping, que também pertencia aos Diários Associados. Eram duas colunas semanais, aos domingos, uma com as estreias e outra com os filmes em cartaz. Foi um período benfazejo, pois trabalhar com Piroli é algo inesquecível – os leitores de seus livros e quem com ele conviveu sabem do que estou falando.

Mais à frente, nas décadas de 1990 e 2000, um pouco mais de sorte pessoal: publiquei artigos sobre cinema, televisão e música no caderno Pensar, deste jornal. Alguns foram editados por Ângelo Oswaldo e, os mais recentes, por João Paulo Cunha e Pablo Pires Fernandes.

Em meados de 2011, convidado por Cláudio Arreguy, então editor de Esportes, passei a assinar semanalmente a coluna do América, dentro do projeto Da Arquibancada, criado pelo jornalista Carlos Marcelo, diretor de redação do jornal. Com esta última, são 364 colunas e quase oito anos de trabalho, em que procurei contribuir para o fortalecimento do América Futebol Clube, meu time do coração. Muitas vezes, fiz críticas ácidas a dirigentes, treinadores, preparadores físicos e jogadores americanos, por considerar que as mereciam. E sempre que isso foi possível, fiz os elogios que igualmente fizeram por merecer. A cada semana, mesmo assumindo o ponto de vista de torcedor (um ser passional), me esforcei por manter as análises dos jogos e do time dentro do padrão de jornalismo que respeito e acredito: independente, isento, informativo, equilibrado, ético. Quando fui capaz, tentei acrescentar a isso pitadas de humor e criatividade.

Porém, como tudo que começa um dia termina, encerro hoje minha participação neste espaço futebolístico publicado inicialmente apenas no jornal Estado de Minas e, posteriormente, também no portal Superesportes. Há um motivo particular, forte e imperioso para esta tomada de decisão, da qual não me alegro, uma vez que esses textos sobre o América (e o futebol) foram prazerosos de escrever e me deram contentamentos impensáveis vindos de comentários elogiosos de amigos e leitores desconhecidos. O saldo é positivo.

Agradeço ao editor do caderno de Esportes, Álvaro Duarte, aos subeditores Kelen Almeida e Eduardo Murta, ao diagramador José Wilson, ao secretário de redação, Marcelo Oliveira; também ao editor do portal Superesportes, Bruno Furtado, ao subeditor Daniel Seabra, e a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram de alguma forma para a publicação da coluna nesses muitos anos de parceria.

Desejo boa sorte ao América e ao próximo torcedor americano que assinará a coluna. Neste Brasil enlameado e tão equivocado politicamente, que todos nós tenhamos dias melhores.

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