“Se o Valdívia vier mesmo para o Galo vai ser muito bom. É raçudo, doido varrido, faz gol demais... lembra bastante o Luan”, disse um torcedor alvinegro em uma rede social ao comentar as notícias em torno da negociação do Atlético com o jogador do Internacional. E ele não está equivocado. Valdívia e Luan têm, de fato, muitas semelhanças, e elas vão além do cabelo cacheado e da raça. É possível até ir além nessa linha de raciocínio: Valdívia pode estar sendo contratado, justamente, para ser Luan – numa análise figurativa, claro. Ele chegaria exatamente para preencher uma lacuna deixada no time pelo “Maluquinho”, que não consegue ter uma sequência de partidas por causa de problemas físicos.
Valdívia não deve desembarcar na Cidade do Galo com status de titular. Pelo menos logo de cara não. Com a formação que Roger Machado encontrou para o Atlético de um mês para cá, ele fatalmente começaria como reserva de luxo. Tanto quanto é Luan, quando tem condição de atuar. Em um ou outro jogo, circunstância ou estrategicamente, entraria como titular – tanto quando Luan. E, ainda dentro dessa analogia “Luanesca”, seria aquele jogador a incendiar uma partida quando acionado no segundo tempo.
Muitos podem dizer que, se Valdívia de fato fosse uma boa opção, o Inter não iria se desfazer dele. Mas há muitos elementos que ajudam a entender o motivo de o Colorado abrir mão de um jogador jovem (tem 22 anos) e que é admirado por seu torcedor. Primeiro, por uma questão de orçamento. O presidente Marcelo Medeiros já falou que a folha salarial do grupo montado para a Série B do Campeonato Brasileiro é de time de Primeira Divisão.
Valdívia é um armador/atacante com muito potencial. Bom de bola e oportunista, fazedor de gols. Viveu seu melhor momento com a camisa vermelha em 2015, até que no fim daquele ano ele se machucou durante amistoso da Seleção Olímpica nos Estados Unidos, passou por cirurgia no joelho esquerdo e, quando voltou aos campos, na temporada passada, viveu de altos e baixos. Assim, acabou perdendo espaço no grupo gaúcho. Ao emprestá-lo para um time da elite, o Inter espera não só recuperar o jogador tecnicamente como colocá-lo em uma vitrine que possa significar lucro com venda, sobretudo para o exterior. Por isso, o clube está relutando em fixar os direitos do armador ao fim do empréstimo, um dos motivos que fizeram o Cruzeiro sair da parada.
Desde o início deste ano o nome de Valdívia tem sido falado por vários clubes. O Corinthians chegou a abrir negociação, tentando envolver Giovanni Augusto na transação, mas o ex-atleticano não aceitou defender o Inter. Também esteve na mira do Palmeiras, que teria oferecido Rafael Marques, porém as conversas não evoluíram. Antes do Atlético, o Cruzeiro se movimentou para levá-lo para a Toca da Raposa. Segundo apuração do site Superesportes, o que atrapalhou o negócio foi o fato de o time celeste não contar com uma moeda de troca forte o suficiente para convencer os dirigentes gaúchos, além de ter considerado alta a pedida do Colorado para uma transação sem envolver jogador. O salário de Valdívia seria outro empecilho.
O Galo passou à frente nessa corrida e, cá entre nós, pode dar mais uma senhora rasteira nos gaúchos. Há cinco anos, despachou o zagueiro Wesley para o Grêmio, na compra do goleiro Victor. Agora pode ficar com Valdívia e Ernando (zagueiro que chegou a ser titular do Inter no Brasileiro do ano passado, mas que está fora dos planos do técnico Antônio Carlos Zago) e entregar Erazo de bandeja para os colorados.