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TIRO LIVRE

A Olimpíada dos trintões

Na lista dos que farão, no Rio, a última apresentação olímpica há atletas que, apesar de já terem ultrapassado a barreira dos 30 anos, estão no auge da carreira e são candidatos fortíssimos ao pódio

postado em 29/07/2016 12:00 / atualizado em 29/07/2016 08:17

AFP / Ben STANSALL
Os Jogos Olímpicos são o momento maior na vida de qualquer atleta. Daqui a uma semana, serão mais de 10 mil esportistas (10.900 para ser exata) no Rio, se não na briga por medalhas, na luta contra seus próprios limites. Anônimos e famosos dividindo os sonhos. Para uma parcela deles, no entanto, a edição brasileira da Olimpíada será a derradeira etapa do sonho. Com os corpos já sentindo os sinais da alta exigência a que são submetidos na obsessiva busca pelo pódio, eles escolheram a Cidade Maravilhosa como última fronteira olímpica de suas carreiras.

São atletas trintões, que não se veem em Tóquio’2020 com a mesma plenitude física ou com disposição para suportar a intensidade que uma Olimpíada demanda. A lista começa pela maior estrela, o jamaicano Usain Bolt. Aos 29 anos e dono de seis medalhas de ouro nos Jogos, ele já avisou que a Rio’2016 será sua despedida. O velocista admite ser difícil manter a motivação por mais quatro anos, especialmente se conseguir atingir seus objetivos no Brasil: acrescentar à coleção mais três ouros olímpicos e correr os 200m abaixo dos 19 segundos – seu recorde atual é de 19s19. Ele pretende continuar a desafiar o tempo até o Mundial de Londres do ano que vem. Depois disso, certamente ficará entre as praias caribenhas e o Old Trafford, para assistir aos jogos do Manchester United, do qual é torcedor.

Uma estrela brasileira também já avisou que deverá pendurar suas chuteiras olímpicas: Marta, craque da Seleção e um dos ícones do futebol feminino mundial. Aos 30 anos e eleita cinco vezes a melhor do mundo, ela chegou perto do ouro em Pequim’2008 e pretende realizar o desejo de ser campeã em casa, para preencher o vazio que falta em sua aclamada carreira. Companheira de Seleção de Marta, Formiga é outra que ensaia a saída de campo. Com fôlego de garota, ela está com 38.

O nadador multicampeão Michael Phelps é outro que o Brasil terá a honra de ver em ação pela última vez pelos Jogos. O caso do norte-americano, de 31, é curioso. Depois de se aposentar em Londres’2012 e retornar às piscinas em 2014, Phelps obteve três vagas individuais na seletiva dos EUA e pode brigar por até seis ouros no Brasil, somando-se os revezamentos. Ele é o maior medalhista de todos os tempos, com 22 conquistas em apenas três edições (Atenas’2004, Pequim’2008 e Londres’2012), mas, incrivelmente, ainda não se dá por satisfeito.

O Rio também deve assistir às últimas exibições olímpicas do tenista espanhol Rafael Nadal, de 30. No Brasil, ele tenta superar a decepção de Londres’2012, quando se machucou. “Não sei estarei em atividade aos 34 anos. Tóquio é um sonho distante, pode ser que sim, pode ser que não. Tudo depende do meu físico. Não sei se terei possibilidade de competir em alto nível por mais quatro anos”, disse Nadal. A ele deve se juntar a norte-americana Serena Williams, que vem ao Rio com 34 anos e já insinuou também que será seu adeus das quadras pelos Jogos.

Na Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, uma dupla de ouro prepara a despedida: a oposta Sheilla, de 33, e a meio de rede Fabiana, de 31. A central, nascida em Santa Luzia, fala abertamente sobre o assunto. “Chega uma hora em que a gente sente que já deu”, afirmou. Depois da Rio’2016, os projetos dela envolvem a alçada familiar: Fabiana quer se casar e ter filhos. As duas cogitam, inclusive, a possibilidade de se aposentarem da Seleção juntas, após os Jogos.

No vôlei masculino, o líbero Serginho já decretou que a Rio’2016 será sua última incursão olímpica. Aos 40 anos, sendo os últimos 10 na Seleção Brasileira, sempre sob o comando de Bernardinho, ele disputará a quarta edição da carreira e, embora veterano, revela que a emoção é de calouro. Serginho garante que, apesar de quarentão, o preparo físico é de garoto. “Estou voando!”, brinca o líbero, que tem um ouro e duas pratas no currículo e confessa que não vê a hora de passar o bastão, pois já se sente “respirando por aparelhos”, embora ame o que faz.

A turma do basquete masculino brasileiro tem quase toda uma geração em tom de despedida olímpica: Nenê (33), Leandrinho (33), Giovannoni (36) e Alex (36). Curiosamente, na relação dos que farão, no Rio, a última apresentação olímpica há atletas que, apesar de já terem ultrapassado a barreira dos 30 anos, estão no auge da carreira e são candidatos fortíssimos ao pódio, como Fabiane Murer, do salto com vara – aos 35, ela é uma das esperanças brasileiras no atletismo –, e a dupla mineira de tenistas Marcelo Melo (32) e Bruno Soares (34), também considerados medalhistas em potencial. Para eles, o ato final pode ter a cor dourada, tornando a Olimpíada ainda mais especial.

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