TIRO LIVRE
As faces de um ídolo
"Exemplos estão aí para compreendermos o quão especial é um jogador quando alcança essa condição. Às vezes, falta um ou outro ingrediente, e, mesmo assim, o sujeito cai nas graças da torcida"
postado em 01/08/2014 08:43 / atualizado em 01/08/2014 08:51
A saída de Ronaldinho Gaúcho do Atlético deixou uma lacuna não só na equipe. Está aberta a disputa por um lugar privilegiado no coração da torcida. Muitos que estão no Galo já têm o seu hectare garantido, como o goleiro Victor e o atacante Diego Tardelli, mas eles não possuem tantos alqueires quanto os que cabiam (e ainda cabem) a R10. Daí fica a pergunta: o que é necessário para um atleta alcançar o status de grande ídolo, ser dono de um amor inabalável e incondicional, tratado até como um ente querido, com suas falhas sendo perdoadas e seus feitos, exaltados, por menores que sejam?
Porque ser ídolo é diferente de ser querido pelos torcedores. Está, ainda, a uma distância considerável de ter identificação com a camisa que veste – em tempos tão capitalistas, beijar escudo virou gesto tão corriqueiro que nem sensibiliza mais. Independe do tempo que o jogador defende a equipe, até porque há atletas que conseguem, em poucos meses, fazer mais do que muitos que perenizam nos times e não causam a menor comoção quando vão embora. Carisma, talento, dedicação e profissionalismo também são importantes, mas não suficientes. No mundo ideal, o ídolo reuniria todas essas qualidades, porém nem sempre é assim.
Exemplos estão aí, de sobra, para compreendermos o quão especial é um jogador quando alcança essa condição. Às vezes, falta um ou outro ingrediente, e, mesmo assim, o sujeito cai nas graças da torcida de tal forma que acaba marcando seu nome na história do clube. O próprio Ronaldinho Gaúcho é um desses casos. Nunca foi modelo de vida regrada, mas dentro de campo, encanta(va). Craque, sabe como poucos a arte de jogar futebol, basta querer. Tem uma química com a bola que o credencia a ídolo em potencial de qualquer equipe, apesar dos pesares – não por acaso, é admirado até por adversários. É a idolatria na acepção da palavra, em qualquer idioma, nos quatro cantos do mundo.
Títulos também ajudam a forjar ídolos. O Campeonato Brasileiro de 2003 elevou o armador Alex ao posto de imortal no Cruzeiro. Aquele troféu estará sempre atrelado às jogadas de talento e à liderança do camisa 10. Esse, sim, tem o perfil bem próximo ao que se espera de um ídolo: além de ser craque, exala profissionalismo e respeito às cores que veste. Por isso, é adorado por onde passou, inclusive no turco Fenerbahce, onde tem até estátua.
O grande ídolo do grupo atual do Cruzeiro está longe de ser o mais carismático dos jogadores. Nem tampouco é unanimidade entre a torcida. Mas tem talento, é dedicado e já assegurou seu nome na relação dos mais importantes atletas da histórica celeste: o goleiro Fábio.
Apenas taças, contudo, não são suficientes para garantir a um jogador devoção irrestrita. Adriano Gabiru que o diga. Marcou o gol mais importante da existência do Internacional (o da conquista do Mundial de Clubes de 2006, na vitória por 1 a 0 sobre o poderoso Barcelona), e foi muito festejado por isso na época. Acredito até que os colorados são extremamente gratos a ele, mas Gabiru certamente não está na galeria dos grandes ídolos do Inter.
Há muito jogador diferenciado por aí, com status, salário milionário e protagonista de transferências milionárias, que não consegue se estabelecer como ídolo. Paulo Henrique Ganso é um deles. Extremamente técnico e habilidoso, brilhou no Santos ao lado de Neymar, mas depois sua estrela se apagou. No São Paulo também não engrena. Outro menino da Vila com trajetória semelhante é Robinho: tem carisma, gingado, mas não foi ídolo em nenhum clube que defendeu fora do Brasil.
Dizem que o futebol é democrático. Não distingue credo, raça ou nacionalidade, e, para se destacar, basta talento. Na prática, no entanto, não funciona assim. Muitos são os que aparecem, mas poucos são os que se eternizam.
Porque ser ídolo é diferente de ser querido pelos torcedores. Está, ainda, a uma distância considerável de ter identificação com a camisa que veste – em tempos tão capitalistas, beijar escudo virou gesto tão corriqueiro que nem sensibiliza mais. Independe do tempo que o jogador defende a equipe, até porque há atletas que conseguem, em poucos meses, fazer mais do que muitos que perenizam nos times e não causam a menor comoção quando vão embora. Carisma, talento, dedicação e profissionalismo também são importantes, mas não suficientes. No mundo ideal, o ídolo reuniria todas essas qualidades, porém nem sempre é assim.
Exemplos estão aí, de sobra, para compreendermos o quão especial é um jogador quando alcança essa condição. Às vezes, falta um ou outro ingrediente, e, mesmo assim, o sujeito cai nas graças da torcida de tal forma que acaba marcando seu nome na história do clube. O próprio Ronaldinho Gaúcho é um desses casos. Nunca foi modelo de vida regrada, mas dentro de campo, encanta(va). Craque, sabe como poucos a arte de jogar futebol, basta querer. Tem uma química com a bola que o credencia a ídolo em potencial de qualquer equipe, apesar dos pesares – não por acaso, é admirado até por adversários. É a idolatria na acepção da palavra, em qualquer idioma, nos quatro cantos do mundo.
Títulos também ajudam a forjar ídolos. O Campeonato Brasileiro de 2003 elevou o armador Alex ao posto de imortal no Cruzeiro. Aquele troféu estará sempre atrelado às jogadas de talento e à liderança do camisa 10. Esse, sim, tem o perfil bem próximo ao que se espera de um ídolo: além de ser craque, exala profissionalismo e respeito às cores que veste. Por isso, é adorado por onde passou, inclusive no turco Fenerbahce, onde tem até estátua.
O grande ídolo do grupo atual do Cruzeiro está longe de ser o mais carismático dos jogadores. Nem tampouco é unanimidade entre a torcida. Mas tem talento, é dedicado e já assegurou seu nome na relação dos mais importantes atletas da histórica celeste: o goleiro Fábio.
Apenas taças, contudo, não são suficientes para garantir a um jogador devoção irrestrita. Adriano Gabiru que o diga. Marcou o gol mais importante da existência do Internacional (o da conquista do Mundial de Clubes de 2006, na vitória por 1 a 0 sobre o poderoso Barcelona), e foi muito festejado por isso na época. Acredito até que os colorados são extremamente gratos a ele, mas Gabiru certamente não está na galeria dos grandes ídolos do Inter.
Há muito jogador diferenciado por aí, com status, salário milionário e protagonista de transferências milionárias, que não consegue se estabelecer como ídolo. Paulo Henrique Ganso é um deles. Extremamente técnico e habilidoso, brilhou no Santos ao lado de Neymar, mas depois sua estrela se apagou. No São Paulo também não engrena. Outro menino da Vila com trajetória semelhante é Robinho: tem carisma, gingado, mas não foi ídolo em nenhum clube que defendeu fora do Brasil.
Dizem que o futebol é democrático. Não distingue credo, raça ou nacionalidade, e, para se destacar, basta talento. Na prática, no entanto, não funciona assim. Muitos são os que aparecem, mas poucos são os que se eternizam.