TIRO LIVRE
Por um final feliz
Craque, Ronaldinho nunca deixará de ser. Ídolo da torcida do Atlético também não
postado em 25/07/2014 08:50 / atualizado em 25/07/2014 15:51
Há um ano, a torcida do Atlético vivia a saborosa ressaca pela conquista da Copa Libertadores, tendo como um de seus símbolos Ronaldinho Gaúcho. Os olhos de R10 brilhavam, a camisa alvinegra parecia uma extensão de seu corpo. A simbiose era total. Em cada entrevista, ele vislumbrava novas conquistas, falava de futuro, alimentava a paixão que os torcedores alvinegros nutriam por seu ídolo. Eis que, 365 dias depois, está claro que algo mudou nessa relação. Há o respeito, a gratidão, mas, antes mesmo da despedida oficial, já existem as lembranças. Embora ainda seja presente, Ronaldinho parece ter se tornado passado na vida do Galo.
Na prática, o ano de 2014 não entrou no calendário futebolístico do craque. Os gols rarearam. Os passes magistrais diminuíram. As cobranças de falta deixaram de ser tão precisas. A bola não beija o pé do astro com a mesma devoção. Ele nem fica mais em campo por 90 minutos. Bem num efeito Tostines (sim, o biscoito), Ronaldinho vive entre não jogar por estar fora de forma ou não entrar em forma por não jogar. Difícil entender essa equação.
Apesar de ele ainda carregar consigo a esperança do excepcional, de ainda ser o jogador no qual a torcida deposita a fé de que vai reviver os bons momentos de 2013 (e, por isso, muitos até se voltam contra o técnico Levir Culpi todas as vezes que ele tira Ronaldinho do time, como na final da Recopa Sul-Americana contra o Lanús), R10 não é mais o mesmo. Não é um qualquer, longe disso. Mas não é aquele Ronaldinho.
O que mais denota o declínio está na cara do gaúcho: aquele sorrisão aberto, mostrando todos os dentes, característico, se não sumiu por completo, se tornou mais contido. Nas entrevistas, ele parece falar por mero protocolo. Ronaldinho em ação era o retrato da alegria. Mesmo quando errava alguma jogada, soltava um sorrisinho maroto de insatisfação. Essa chama não queima mais tão forte. Até a sambadinha depois dos gols perdeu o compasso.
Talvez tenha sido a frustração de se ver fora do grupo que Luiz Felipe Scolari levaria para a Copa do Mundo – Ronaldinho nunca escondeu que um de seus combustíveis era se imaginar vestindo a camisa da Seleção no Mundial em casa. Ou até mesmo a propalada acomodação, já que ele alcançou um status difícil de ser superado. Dinheiro? Tem demais. Fama, mulheres e agregados também sobram na vida de R10. Para alguns jogadores, nada disso condiciona o rumo da carreira, é verdade. Afinal, já ensinou Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Outros atletas, no entanto, confundem o ônus e o bônus do milionário mundo da bola. Futebol vira passatempo, quando ainda deveria ser tratando com profissionalismo.
Craque, Ronaldinho nunca deixará de ser. Ídolo da torcida do Atlético também não. Seu nome já está lá, marcado na galeria do clube, para a atual e as futuras gerações se orgulharem de ter tido um jogador deste calibre. O que ele escreveu com a camisa preto e branca ninguém apagará. As recordações já são suficientemente felizes para garantir a saudade, quando o gaúcho (definitivamente) partir.
A ida a Portugal para o jogo de despedida de Deco pode ser apenas um desvio de rota, adiamento do que parece irreversível. Se realmente não há mais uma sinergia como todas as imagens, declarações e fatos recentes fazem supor, é necessário parar de empurrar a sujeira para debaixo do tapete. É momento de os dirigentes do Atlético saberem avaliar quão indispensável Ronaldinho é e ainda será para o Atlético, até o fim da temporada. O próprio Ronaldinho precisa saber a hora de dizer adeus e seguir para outras paragens. Afinal, relações de amor também acabam. Às vezes, à revelia do desejo das duas partes. E é preciso saber tratar desse desfecho, para um encerramento digno. Histórias de amor não merecem finais infelizes.
Na prática, o ano de 2014 não entrou no calendário futebolístico do craque. Os gols rarearam. Os passes magistrais diminuíram. As cobranças de falta deixaram de ser tão precisas. A bola não beija o pé do astro com a mesma devoção. Ele nem fica mais em campo por 90 minutos. Bem num efeito Tostines (sim, o biscoito), Ronaldinho vive entre não jogar por estar fora de forma ou não entrar em forma por não jogar. Difícil entender essa equação.
Apesar de ele ainda carregar consigo a esperança do excepcional, de ainda ser o jogador no qual a torcida deposita a fé de que vai reviver os bons momentos de 2013 (e, por isso, muitos até se voltam contra o técnico Levir Culpi todas as vezes que ele tira Ronaldinho do time, como na final da Recopa Sul-Americana contra o Lanús), R10 não é mais o mesmo. Não é um qualquer, longe disso. Mas não é aquele Ronaldinho.
O que mais denota o declínio está na cara do gaúcho: aquele sorrisão aberto, mostrando todos os dentes, característico, se não sumiu por completo, se tornou mais contido. Nas entrevistas, ele parece falar por mero protocolo. Ronaldinho em ação era o retrato da alegria. Mesmo quando errava alguma jogada, soltava um sorrisinho maroto de insatisfação. Essa chama não queima mais tão forte. Até a sambadinha depois dos gols perdeu o compasso.
Talvez tenha sido a frustração de se ver fora do grupo que Luiz Felipe Scolari levaria para a Copa do Mundo – Ronaldinho nunca escondeu que um de seus combustíveis era se imaginar vestindo a camisa da Seleção no Mundial em casa. Ou até mesmo a propalada acomodação, já que ele alcançou um status difícil de ser superado. Dinheiro? Tem demais. Fama, mulheres e agregados também sobram na vida de R10. Para alguns jogadores, nada disso condiciona o rumo da carreira, é verdade. Afinal, já ensinou Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Outros atletas, no entanto, confundem o ônus e o bônus do milionário mundo da bola. Futebol vira passatempo, quando ainda deveria ser tratando com profissionalismo.
Craque, Ronaldinho nunca deixará de ser. Ídolo da torcida do Atlético também não. Seu nome já está lá, marcado na galeria do clube, para a atual e as futuras gerações se orgulharem de ter tido um jogador deste calibre. O que ele escreveu com a camisa preto e branca ninguém apagará. As recordações já são suficientemente felizes para garantir a saudade, quando o gaúcho (definitivamente) partir.
A ida a Portugal para o jogo de despedida de Deco pode ser apenas um desvio de rota, adiamento do que parece irreversível. Se realmente não há mais uma sinergia como todas as imagens, declarações e fatos recentes fazem supor, é necessário parar de empurrar a sujeira para debaixo do tapete. É momento de os dirigentes do Atlético saberem avaliar quão indispensável Ronaldinho é e ainda será para o Atlético, até o fim da temporada. O próprio Ronaldinho precisa saber a hora de dizer adeus e seguir para outras paragens. Afinal, relações de amor também acabam. Às vezes, à revelia do desejo das duas partes. E é preciso saber tratar desse desfecho, para um encerramento digno. Histórias de amor não merecem finais infelizes.
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