2

Coluna do Nicola: Galo e Cruzeiro recebem menos que o Ituano

Um dos times do interior há mais tempo na elite do futebol paulista, o Ituano embolsa algo na casa dos R$ 8 milhões da Globo pela presença no Paulista

18/03/2022 08:00 / atualizado em 18/03/2022 16:01
compartilhe
Coluna do Jorge Nicola traz detalhes das cotas de TV dos estaduais
foto: Superesportes

Coluna do Jorge Nicola traz detalhes das cotas de TV dos estaduais

 
Não é preciso ser um expert em futebol para saber que o Campeonato Mineiro, a cada ano, perde relevância e dinheiro. Mas a edição de 2022 escancarou uma realidade desesperadora: Atlético e Cruzeiro vão ficar com cotas de TV menores, por exemplo, do que o Ituano, clube insignificante na comparação com a história, tradição e tamanho da dupla de BH.

Um dos times do interior há mais tempo na elite do futebol paulista, o Ituano embolsa algo na casa dos R$ 8 milhões da Globo pela presença na Série A-1 do Paulista. Atleticanos e cruzeirenses não confirmam, mas é possível assegurar que, hoje, ambos têm vencimentos inferiores ao do time de Itu. 

No antigo contrato com a Globo, Atlético e Cruzeiro faturavam entre R$ 12 milhões e R$ 14 milhões por edição, cada um. A emissora, porém, mudou suas diretrizes e reduziu consideravelmente sua oferta. Tanto que o Cruzeiro fechou as transmissões de suas partidas como mandante com o Tempo.

A Raposa tem um valor mínimo garantido de R$ 4 milhões e estima alcançar no máximo R$ 7 milhões em caso de metas alcançadas. Já o Galo deve ficar com aproximadamente R$ 7 milhões - somente uma venda gigante de pay per view elevaria tal faturamento.

Cota irrisória


Se a coisa não ficou boa para Galo e Raposa, é ainda pior para o América, um dos representantes brasileiros na fase de grupos da Libertadores. O Coelho estima uma receita entre R$ 1,8 milhão e R$ 2 milhões com TV por sua participação no Mineiro. Os times com menor receita no Paulistão levam R$ 6 milhões, ou seja, três vezes mais do que o América.

Triste comparação


Atual campeão brasileiro e da Copa do Brasil, o Atlético tem os clubes paulistas como alguns de seus principais rivais em 2022. E, enquanto o Galo vai ficar com cerca de R$ 7 milhões pelo estadual, São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos embolsam, cada um, R$ 30 milhões.

Nem quatro edições do Campeonato Mineiro serviriam para o Galo se equiparar por exemplo ao Santos, que chega pela segunda vez seguida à última rodada da fase de grupos do Paulistão correndo risco de rebaixamento para a segunda divisão.

Prejuízo nacional


É importante contextualizar que o caso do Paulistão é exceção entre os estaduais. Assim como acontece em Minas Gerais, os grandes de Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul sofrem com perdas consideráveis.

O Cariocão, por exemplo, pagava R$ 17 milhões por edição para cada um dos grandes. Isso até o Flamengo exigir R$ 100 milhões para renovar o contrato com a Globo. Não houve acordo, a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) saiu no mercado em busca de parceiros e fracassou redondamente.

Tanto que, no ano passado, os pequenos nem tiveram cota de TV, enquanto o Flamengo precisou se contentar com aproximadamente R$ 10 milhões. Vasco, com R$ 6 milhões; Fluminense, com R$ 5 milhões; e Botafogo, com R$ 4 milhões, também embarcaram no prejuízo.

Por sua vez, os gaúchos estão experimentando a queda na receita agora em 2022. As cotas de Grêmio e Inter caíram de R$ 12 milhões para R$ 8 milhões, cada. Era pegar ou ficar sem garantia de qualquer grana com TV. 

Fim dos estaduais? 


Apesar do apelo antigo pelo fim dos estaduais, eles têm resistido. Ou vinham resistindo. Para os principais clubes do país, era interessante faturar pelo menos R$ 12 milhões em uma competição com pouco mais de três meses de duração. Até porque, além da grana, ainda existia a chance de título em cima de um rival.
Mas, a julgar pela queda pesada nas receitas, é de se imaginar que os estaduais ganhem outro tamanho em um futuro não tão distante. Ou até deixem de existir.

Compartilhe