Estreia é sinônimo de frio na barriga. E é esse o sentimento do lado de cá, enquanto escrevo as linhas iniciais da minha coluna semanal no primeiro e maior portal esportivo de Minas Gerais. Estado gigante, de times extremamente populares, com torcidas engajadas e que tiveram papel importante na minha formação como torcedor.
Antes de virar jornalista esportivo, fui (e sou) torcedor fanático da Portuguesa - acredite, não é cascata! E no melhor ano da história do clube desde que me conheço por gente, em 1996, Cruzeiro e Atlético estiveram no caminho. A minha Lusa bateu o Cruzeiro numa zebraça das quartas de final daquele Brasileirão - a Raposa havia sido líder da fase de grupos, contra uma Portuguesa que passou em oitavo.
Mas ainda mais inesquecível foi eliminar o Galo na semifinal, diante de um Mineirão com mais de 70 mil atleticanos cantando alucinadamente o hino do clube. Eu, meu pai e irmão estávamos lá, encolhidos, no meio dos 300, 400 torcedores lusitanos.
Porém, eu só fui entender de fato o tamanho dos mineiros quando criei o Canal do Nicola no YouTube. Algumas das lives mais bombadas foram com personagens de Zêro e Galo. Diante disso, estreitei relações e criei uma rede boa de fontes nos três grandes de Minas Gerais, que prometo explorar para deixar vocês sempre muito bem informados!
Galo na casa dos R$ 4 bilhões
A notícia de que o Atlético caminha a passos largos rumo à Sociedade Anônima do Futebol dominou o noticiário dos atleticanos nos últimos dias. Consegui com um dos 4Rs uma informação extremamente importante: a pedida do Galo no mercado.
"A operação total, incluindo investimento e dívidas, tem de ficar perto dos R$ 4 bilhões", revela o dirigente, que terá sua identidade preservada.
A cifra chama atenção se comparada aos negócios envolvendo Cruzeiro e Botafogo, primeiros gigantes do futebol brasileiro vendidos na era das SAFs. Tanto Ronaldo na Raposa quanto John Textor no Fogão embarcaram numa operação aproximada de R$ 1,4 bilhão - R$ 400 milhões em investimentos e R$ 1 bilhão com dívidas.
Ou seja, o Galo, atual campeão brasileiro, da Copa do Brasil e da Supercopa, se enxerga pelo menos três vezes mais valioso do que os rivais.
"Podemos dizer que somos hoje uma noiva cogitada por muitos no mercado", acrescenta a fonte, referindo-se ao assédio de diversos grupos de investimento, especialmente do exterior.
O objetivo com uma eventual venda está claro: "dominar o futebol na América Latina". E tal avanço nada tem a ver com a dívida de R$ 400 milhões com a família Menin - o patrimônio estimado de Rubens Menin gira na casa dos R$ 25 bilhões.
"Queremos fazer algo que o Flamengo, mesmo com uma gigantesca torcida, não conseguiu. E muitos passos já foram desenhados para chegar lá, mas a SAF, se vier a ser montada no Galo, terá a marca da profissionalização e será exemplo dentre todos os clubes da América Latina", finaliza o dirigente atleticano.
Folha mais barata no Cruzeiro
A caminho do terceiro mês à frente do Cruzeiro, Ronaldo Fenômeno já conseguiu uma redução considerável na folha salarial. A coluna apurou que o custo com futebol profissional masculino e feminino, base e funcionários caiu de R$ 3,2 milhões por mês para algo na casa dos R$ 2,4 milhões.
Fábio, Ariel Cabral, Sobis, Marcelo Moreno, Jadson, Manoel e Henrique ajudam a explicar o enxugamento. Moreno, por exemplo, embolsava R$ 400 mil mensais. Edu, em seu primeiro ano de contrato na Raposa, terá direito a R$ 90 mil por mês.
A venda do atacante Thiago para o Ludogorets, da Bulgária, vai garantir ao Cruzeiro pouco mais de uma folha salarial. A Raposa ainda fica com 25% do valor de uma venda futura, imaginando que o atleta, de 20 anos, possa se valorizar na Europa e render mais em breve.
A ideia de Ronaldo Fenômeno é aumentar o custo do futebol às vésperas da Série B, quando Paulo Pezzolano terá mais convicção sobre quais atletas servem para o restante da temporada e em que posições serão necessárias contratações de peso.
Enquanto isso, o Cruzeiro vai cortando todos os tipos de despesas que você pode imaginar. Tudo para se tornar um clube sustentável.
"Não sei como não morri"
A frase de efeito é de Marcus Salum, mas ajuda a explicar o sentimento do coordenador de futebol clube-empresa do América depois da classificação épica contra o Guaraní, quarta-feira, no Paraguai, pela Libertadores da América. “Foi uma das experiências mais malucas que eu já vivi dentro do futebol”.
A passagem para o último mata-mata antes da fase de grupos assegurou US$ 550 mil ou R$ 2,7 milhões em prêmio, além de um ensinamento importante: “Ficou claro para nós que ninguém entra para jogar bem na Libertadores. Se joga para ganhar”, afirma Salum, lembrando que seu time teve mais de 70% de posse nas duas partidas, mas chegou a estar perdendo por 3 a 0 – 1 a 0 em BH e 2 a 0 até o intervalo do duelo em Assunção.
“A gente quase não fez falta, não tomou cartão. Foi uma baita lição para as próximas fases”, acrescenta, destacando os cenários do Coelho daqui para frente: “Se a gente chegar à fase de grupos, garante mais US$ 3 milhões (R$ 15,1 milhões) e abre caminho para reforçar o time para o restante da temporada. Caso contrário, assegura US$ 900 mil com os três jogos em casa na Sul-Americana”.
O América terá o Barcelona, de Guayaquil, como adversário agora. O rival equatoriano chegou à semifinal da última Libertadores, caindo apenas diante do Flamengo.