A Buser acertou, nesta semana, acordos de patrocínio com Atlético e Cruzeiro. A intenção da empresa, conhecida como 'Uber dos ônibus', era de expor a marca também na camisa do América, que disputa a Série A do Campeonato Brasileiro em 2021.
'Comportamento' na Assembleia
O acordo não avançou, conforme apurou a coluna, em função da 'postura' do presidente do Coelho, Alencar da Silveira Júnior (PDT), em seu mandato como deputado estadual por Minas Gerais.
Na última quarta-feira, após pedido de Alencar, os parlamentares anularam o decreto do governador Romeu Zema (Novo) que flexibilizava o transporte fretado de passageiros em Minas Gerais. O tema é de total interesse da Buser, nova parceira de Atlético e Cruzeiro.
O decreto
O decreto permitia o transporte de pessoas em ônibus fretados sem a apresentação, ao Departamento de Estradas e Rodagens (DER-MG), com 12 horas de antecedência, de lista prévia contendo informações sobre os passageiros. Estava extinta ainda, a necessidade de circuito fechado - modelo em que o veículo inicia e termina a viagem em um mesmo ponto.
Alencar acusa empresa de tentar "comprar voto"
Em contato com a reportagem, o presidente do América lamentou a postura da empresa de tentar condicionar o patrocínio na camisa do clube à mudança de opinião dele no projeto na Assembleia. Leia, a seguir, o posicionamento de Alencar da Silveira Júnior à coluna Jogo Rápido:
“Na quarta-feira, recebi um telefone do marketing do América dizendo que o pessoal do Buser queria anunciar no uniforme do clube, mas com uma condição: ter que mudar meu posicionamento na Assembleia. Eu não poderia votar esse projeto (que anulava a flexibilização do transporte). Tenho 33 anos de vida pública e não negocio o meu voto por nada. Não me vendo por causa de patrocínio.
Duas horas depois, antes da votação, recebi telefone do presidente do Cruzeiro, Sérgio Rodrigues, falando que o Buser estava lá e queria fazer negociação de patrocínio. Falei a mesma coisa, que não ia fazer isso (mudar de ideia sobre o projeto por causa de patrocínio).
Quando acabou a votação na Assembleia, eu virei pro deputado que estava fazendo a defesa do projeto em favor ao Buser e falei que se compra honorários de advogado, mas voto meu não compra não.
Alguns colegas jornalistas que ouviram a conversa e acompanharam a situação toda dentro da Assembleia me sugeriram denunciar isso. A realidade é que queriam condicionar o patrocínio do América à minha postura e ao meu voto dentro da Assembleia Legislativa. Isso não vai acontecer nunca. Em 33 anos de vida pública, não tenho rabo preso com ninguém.
O América gosta sim de patrocínio, mas o presidente do América não condiciona o voto dele, a atuação dele política, parlamentar, nessa negociação de patrocínio para o América. Graças a Deus nunca tive essa necessidade.”