Ter uma equipe feminina será requisito para qualquer time do futebol brasileiro disputar torneios organizados pela Conmebol a partir de 2019. Essa determinação consta no Manual do Licenciamento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com isso, Cruzeiro e Atlético precisam agilizar as montagens dos respectivos times para ficarem em condições de participar de competições como Copa Libertadores e Copa Sul-Americana no masculino. O América já tem um grupo de atletas formado por mulheres desde março de 2016. Na Série A2 do Brasileiro de 2018 alcançou a terceira colocação do Grupo 14, com 13 pontos em sete jogos (quatro vitórias, um empate e duas derrotas), e não avançou às semifinais. As meninas do Coelho treinam no Estádio Baleião, na Vila Fazendinha (próxima ao Aglomerado da Serra), em BH.
O que diz o Cruzeiro?
No lado do Cruzeiro, já há conversas em andamento entre integrantes da diretoria. “O projeto é para 2019. O que vamos fazer em 2018 é planejar bem para conseguir cumprir o calendário do próximo ano”, afirma à coluna Jogo Rápido o vice-presidente-executivo do Cruzeiro, Marco Antônio Lage.
“Vamos criar uma plataforma específica para o futebol feminino no Cruzeiro. Vamos buscar patrocinadores específicos, comissão técnica específica para fazer um time forte. O investimento inicial deve partir do Cruzeiro, mas queremos essa plataforma específica, de patrocinadores, recursos, para não sangrar o orçamento e não tirar recursos de um lugar para o outro. Futebol feminino é um projeto de longo prazo, mas queremos começar bem por causa da nossa marca. Não podemos começar mal”, acrescentou Lage.
Logística
A diretoria de futebol do Cruzeiro ficará responsável por coordenar o projeto do futebol feminino. Segundo Marco Antônio Lage, não haverá, por ora, uma parceria com alguma equipe feminina já existente em Belo Horizonte. Ainda é preciso definir coisas relacionadas à logística, como campo para treinamentos e estádio para realização de partidas.
Estrutura do Cruzeiro
Uma das possibilidades para abrigar a equipe feminina do Cruzeiro é o Complexo Esportivo da PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de Belo Horizonte. A estrutura física do local conta com um campo oficial de futebol e nove quadras poliesportivas, além de piscina semi-olímpica, pista de atletismo, academia de musculação, laboratórios de fisiologia e ginástica, salas de dança e luta e vestiários. Vale ressaltar que a universidade é parceira do clube celeste no desenvolvimento de ações na área esportiva. A parceria foi firmada em fevereiro deste ano.
Na Toca da Raposa II estão alocados o elenco profissional e a equipe sub-20. Já na Toca I treinam atualmente as categorias sub-17 (juvenil), sub-15 (infantil) e sub-14 (pré-infantil). O Cruzeiro ainda tem um campo de futebol de grama sintética na Sede Campestre da Pampulha, no Bairro Santa Branca, em Belo Horizonte. Dificilmente o time feminino da Raposa teria condições de se preparar nesses locais.
O que diz o Atlético?
Por meio de sua assessoria de comunicação, o Atlético explicou à coluna que fez algumas reuniões para debater o projeto do time feminino, mas, até o momento, não há nada concreto sobre o tema. O Galo já teve uma equipe formada por mulheres, que conquistou o Campeonato Mineiro em 2006, 2009, 2010, 2011 e 2012.
Estrutura do Atlético
A estrutura da Cidade do Galo, em Vespasiano, conta com sete campos de futebol de tamanho oficial e abriga todo o departamento de futebol do clube (profissional e base). Além disso, o Atlético tem em Belo Horizonte dois parques esportivos destinados a sócios: Vila Olímpica e Clube Labareda, nos bairros Planalto e Itapoã. O clube, contudo, não explicou se essas instalações serão disponibilizadas às mulheres.
Confederação Brasileira de Futebol
No Manual do Licenciamento da CBF, de 34 páginas, há a exigência para que clubes brasileiros “apresentem informações e documentos acerca de seus investimentos no futebol feminino para a participação na temporada de 2019 das competições nacionais e internacionais”. A Confederação explicou os requisitos:
“(a) o clube deverá demonstrar que possui uma equipe principal feminina disputando competições estaduais ou nacionais no ano de 2018, ou, então, deverá demonstrar que a sua equipe disputará competições oficiais em 2019. Caberá ao clube apresentar a lista de atletas e o respectivo regime de contratação. Como alternativa à equipe própria, o clube poderá manter um acordo de parceria, ou, então, formatar uma associação com outro clube que mantenha equipe feminina principal devidamente estruturada e disputando competições oficiais em 2018 ou a partir de 2019. Nesse caso, caberá ao clube fornecer à CBF cópia da íntegra de referido instrumento contratual, para que todos os aspectos de referida parceria ou associação possam ser avaliados pela área de licenciamento juntamente com a área da CBF responsável pelo desenvolvimento do futebol feminino;”
“(b) o clube deverá descrever também qual a estrutura que está ou estará à disposição do futebol feminino, cobrindo, por exemplo, os seguintes pontos: o suporte na área técnico-desportiva; os dados para contato de toda a equipe técnica e da equipe médica, ambas dedicadas ao futebol feminino; a indicação das instalações de treinamento; a indicação dos locais para disputa das partidas oficiais; os eventuais contratos de patrocínio que destinam recursos específicos para a equipe feminina, etc.”
“(c) o clube deverá informar como incentivará o futebol feminino nas categorias de base, seja por meio de equipes próprias ou então com acordos de parceria ou associação junto a outras entidades privadas, governos estaduais ou municipais etc. Do mesmo modo, caberá ao clube fornecer à CBF cópia da íntegra de referido instrumento contratual, para que todos os aspectos de referida parceria ou associação possam ser avaliados pelo licenciamento.”
Quem está regular?
Dos 20 clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro, apenas sete têm equipes femininas nas competições organizadas pela CBF: América, Corinthians, Flamengo, Internacional, Santos, Sport, Vitória. Recentemente, o Ceará anunciou a criação de um time, em parceria com a associação Menina Olímpica, de Fortaleza.