O Cruzeiro deu um chocolate no Atlético, na quinta-feira, e está praticamente classificado para as semifinais da Copa do Brasil. Praticamente porque no futebol existe o imponderável. Não é impossível o Galo devolver o placar, mas é muito improvável. Principalmente uma equipe que tem em Luan seu principal jogador. Um cara que só dá passes para trás, que não tem posição definida, apenas um jogador esforçado. Que tem Réver, que foi um gigante na conquista da Libertadores, há seis anos. Que tem Patric, um lateral-direito que não consegue marcar bem, nem criar nada. Elias, que parece ter má vontade em jogar no Atlético, e Zé Welisson, que era reserva no Vitória. Acho que está explicado. E não me venham culpar o treinador Rodrigo Santana. Ele é o menos culpado. Claro que temos de levar em conta os dois erros individuais de Réver e Elias, mas o gol só acontece no futebol se alguém errar. Já o golaço de Pedro Rocha não tinha defesa. Nem mesmo o melhor goleiro do mundo pegaria aquela bola.
Só espero que essa grande vitória não impeça que as investigações continuem no Cruzeiro. O clube está nas páginas policiais, com denúncias graves, dirigente afastado e outros por seguir o mesmo destino. Uma instituição quase centenária envolvida em escândalos e falcatruas, com salários atrasados, com dívidas com a Fifa e outras mazelas. Tudo deve ser apurado, com os rigores da lei, para que o torcedor possa ter o clube passado a limpo em busca de novos horizontes. A vitória foi em campo, dos jogadores e do técnico, de ninguém mais. Eles conseguiram esquecer a crise, ainda que por apenas 90 minutos, e construíram uma vitória gigante. Depois de nove jogos sem vencer, o time se reencontrou em grande estilo. Pelo jeito, a parada para a Copa América serviu para Mano ajeitar a casa. Mas não é aquele Cruzeiro que o torcedor está acostumado a ver, com dribles, toques e gols. É um time fechado, que marca muito e joga nos contra-ataques. Características de Mano Menezes, que está se tornando o “rei dos mata-matas”.
Voltando ao Atlético, que faz boa campanha no Brasileiro, não é para jogar no lixo todo o time por causa de uma derrota. Mas é preciso a diretoria entender que determinados jogadores não têm mais condições de vestir a camisa alvinegra. Gente ganhando salários astronômicos sem justificar. Outra coisa: não se deve entregar um clube centenário a um diretor de futebol que não conhece sua história. Rui Costa pode ser bem-intencionado, mas não pode mandar no clube, com carta branca para fazer o que bem entende. Conversei com alguns amigos da imprensa gaúcha. Eles me disseram que, em oito anos de Grêmio, não ganhou absolutamente nada, e que foi só ele sair para o time gaúcho ganhar Libertadores e Copa do Brasil. Coincidência ou não, aconteceu. Não se pode e não se deve dar carta branca a quem não tem história no Atlético e não conhece as origens do alvinegro. Não conheço esse rapaz, mas é preciso respeito a quem venceu, recentemente, e teve conquistas épicas e históricas.
Não se pode deixar o Atlético voltar aos piores momentos, quando teve sua gloriosa história manchada com a queda para a Segunda Divisão. O Conselho do clube parece estar recheado de gente que fez parte daquela vergonhosa página. O Atlético tornou-se vencedor de 2013 para cá, com uma equipe fantástica comandada pelo eterno presidente, Alexandre Kalil, o mais vencedor da história, que devolveu a dignidade ao torcedor, que o fez ter orgulho de ir ao Horto torcer e levantar taças. Que os piores dias não voltem mais, pois o torcedor alvinegro, esse que se acostumou com coisas boas, não vai deixar. A acachapante derrota para o maior rival, na quinta-feira, mostrou marcas de um tempo sombrio, onde o clube era motivo de chacota e desmandos. Esse tempo passou e o alvinegro espera que não volte nunca mais. O presidente Sérgio Sette Câmara, que fez parte da gestão mais vencedora da história do clube, deve retomar as rédeas, tirar a carta branca do tal Rui Costa e colocar a nau no rumo certo. Segunda Divisão é a pqp. Esse tempo não faz mais parte do novo Atlético.