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COLUNA DO JAECI

Levir tem a cara do Atlético

Já tive divergências com Levir, mas não posso abrir mão de dizer que é excelente treinador e que poderá devolver o Galo à luta por títulos

postado em 21/10/2018 12:00 / atualizado em 21/10/2018 10:37

Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
O Atlético trouxe de volta Levir Culpi. Talvez, depois de Telê Santana, único técnico campeão brasileiro com o Galo, em 1971, seja Levir o treinador que mais se identifica com o alvinegro. É excelente técnico, sabe montar equipes e, normalmente, disputa taças. É verdade que anda em baixa. Depois de ter sido demitido do Fluminense, voltou ao Japão, onde gozava de grande prestígio, mas acabou demitido por campanha pífia. Porém, é o último campeão com o Atlético. Ganhou a Copa do Brasil, em 2014, em cima do maior rival, Cruzeiro. Curiosamente, são os títulos que Levir tem na carreira: duas Copas do Brasil. Uma pelo Cruzeiro, em 1996, e essa com o Galo, quatro anos atrás. Já foi vice-campeão brasileiro algumas vezes. Pegou a fama de “levice”, gozação dos torcedores, mas não há como negar que o Galo acertou em mandar Thiago Larghi embora e trazê-lo. Com Levir, acredito que a equipe se mantenha entre os seis primeiros colocados e chegue à pré-Libertadores. Larghi já não tinha o comando do grupo, nem o respaldo da torcida e da diretoria. Não teve a humildade para ser auxiliar, pois acha que vai pegar um grande clube em breve. Engano dele. Deveria ter ficado para pegar mais experiência.

Lembro-me de que Cuca era considerado pé-frio e perdedor. Um excelente treinador, mas que não ganhava taças. Não me venham falar em estaduais, pois nada valem. Foi campeão da Libertadores com o Galo, em 2013, e campeão brasileiro com o Palmeiras, em 2016. A fama de pé-frio acabou. O saudoso mestre Telê Santana também viveu isso, até que chegou ao São Paulo e ganhou tudo. O futebol é assim. De vilão a herói em uma conquista. Com Levir pode acontecer o mesmo. Ele precisa apenas ganhar um Brasileirão para marcar seu nome na história.

Cuca ficou sete jogos sem vencer. Perdeu todas no Galo, em seu começo. Pediu demissão, mas o maior presidente e mais vencedor da história do clube, Alexandre Kalil, o manteve, e o resultado foi a conquista inédita da Libertadores. O presidente Sérgio Sette Câmara deveria fazer o mesmo com Levir. Mantê-lo até o fim de sua gestão, ganhando ou não em 2019. Cá pra nós, ao contrário da maioria, não acho o time do Galo esse horror todo. Eu o vejo no nível de pelo menos 15 equipes que disputam o Brasileirão. Com alguns ajustes, dará trabalho no ano que vem. É preciso, porém, um armador. Cazares tem pinta de craque, jeito de craque, tudo para deslanchar. Falta-lhe algo que não descobri. Talvez Levir descubra e o ponha nos trilhos. Futebol e categoria, ele tem. Resta saber se quer ser um “Pelé” ou um “Macalé”.

Vejo muitas críticas a Ricardo Oliveira. Porém, o cara joga sozinho, a bola pouco chega. Nem Careca, Ronaldo e Romário fariam gols sem a bola chegar. Além disso, joga isolado, sem um companheiro para dialogar e tabelar. Lembro-me das críticas da torcida e de boa parte da imprensa a Róger Guedes. Mas ele despontou, tornou-se artilheiro e o melhor parceiro de Oliveira. Acabou vendido pelo Palmeiras, dono dos seus direitos federativos, e fez muita falta ao Galo. O torcedor é engraçado. Execrou o cara e agora sente sua falta. Por isso, é preciso mais paciência e cuidado, principalmente, com a base. Ninguém entra numa equipe e resolve todos os problemas. Levir saberá quem é quem no grupo e espero que tenha a coragem de mandar embora alguns come e dorme que ganham fortunas e nada rendem. Não se iludam com falsos ídolos.

É hora de o torcedor alvinegro abraçar Levir Culpi e ajudar o técnico a pôr o time nos trilhos. Faltam nove jogos e nessas partidas o Galo jogará sua vida na Libertadores ou pré-Libertadores. Se o futebol não é o esperado, a garra, a força e a camisa têm que pesar a favor. Será muito bom Atlético e Cruzeiro juntos, mais uma vez, na Libertadores. Existem muitas aves de mau agouro, que rondam a Cidade do Galo, há tempos. Gente que não quer ver a equipe vencer. Porém, não adianta mais. Desde que Kalil assumiu o clube e lhe devolveu as taças importantes, a história mudou. O Galo é vencedor. Pode passar um ano ou dois sem ganhar, mas vai ganhar no terceiro ou quarto. Futebol é assim. Se a bola não entra, todo o trabalho é jogado por terra. Precisamos mudar essa cultura. Já tive divergências com Levir, mas não posso abrir mão de dizer que é excelente treinador e que poderá devolver o Galo à luta por títulos. Aos 65 anos, ainda tem muito gás. Vale lembrar que quem está resolvendo no Brasil ainda são os técnicos antigos: Felipão, Dorival Júnior, Renato Gaúcho... A nova geração tem gente boa, mas muito teórico, que nunca deu um chute na bola, e isso complica. O ideal é unir o ex-jogador ao acadêmico. O ex-jogador sobrevive sozinho, o acadêmico jamais. Boa sorte, Levir. Mesmo que seja a sorte do Burro com sorte, livro escrito por você. Gosto do seu trabalho e o vejo como um dos técnicos de ponta do Brasil. O Atlético buscou no mercado o que há de melhor. Sucesso!

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