None

COLUNA DO JAECI

Torcida quer desestabilizar Felipão

Se o Cruzeiro entrar com uma equipe defensiva, pensando no empate, vai amargar a desclassificação

postado em 26/09/2018 12:00

PEDRO UGARTE / AFP
A torcida do Cruzeiro promete cantar, sem parar, músicas para Felipão alusivas aos 7 a 1 (foto), sofridos pelo treinador com a Seleção Brasileira, no Mineirão, em 8 de julho de 2014. O maior vexame da história da Seleção Canarinho e uma mancha sem fim na carreira do treinador. Não sei até que ponto isso vai desestabilizá-lo, já que é experiente e tarimbado. Em campo, os jogadores vão precisar fazer a parte deles, e muito bem feita. E o que será necessário para sair com a classificação?

Regra 1) Atacar o adversário em busca do gol, afinal, futebol é bola na rede; 2) Se ficar atrás, jogando pelo empate, será eliminado, com certeza. Essa vantagem, que é significativa, deve ser usada somente no fim do jogo, se estiver empatado; 3) Confiar em Fábio, Dedé, Leo e Henrique, pilares do Cruzeiro, que seguram o setor defensivo com a maior competência; 4) Fazer Thiago Neves, caso jogue, criar situações de gols. Ele cria muito pouco e os atacantes ficam à míngua; 5) Mano Menezes deve escalar Raniel, que vive grande fase, tem força física e sabe pôr a bola na rede. Por mais experiente que Barcos seja, é impossível jogar com um “artilheiro” que não faz gols; 6) Que Mano Menezes saiba que a melhor defesa é o ataque, e que ponha seu time para vencer, claro, com cuidados defensivos; 7) Talvez seja o Palmeiras o time mais forte do Brasil, em número de jogadores de qualidade. Portanto, jogar atrás, com medo, significará chamar o Palmeiras para seu campo, e aí o caldo pode entornar; 8) Que o torcedor incentive do começo ao fim, jogue com o time, e entenda, caso haja problemas durante a partida. Sessenta e cinco mil vozes empurrando o time azul é um gás a mais para a equipe.

Estão aí os ingredientes para o Cruzeiro chegar à finalíssima da Copa do Brasil e buscar o hexa. Não há como negar que o Palmeiras melhorou muito nas mãos de Felipão. Mesmo com os 7 a 1, sempre foi um técnico vencedor, principalmente em mata-matas. Sabe jogar a competição e motivar seus jogadores. O atleta olha para o comandante e percebe sua força e inteligência. Do mesmo modo, os jogadores cruzeirenses reconhecem em Mano um bom treinador, com menos bagagem e títulos que Felipão, mas um cara que sabe organizar uma equipe. Seu único problema, e ele já disse que não se importa com o rótulo, é que ele é retranqueiro. Suas equipes são econômicas em gols. Isso é fato.

Técnico mais longevo no futebol brasileiro, ao lado de Renato Gaúcho, conhece muito bem seu grupo, que, aliás, é o atual campeão da Copa do Brasil.  Existe a possibilidade de Thiago Neves não jogar por causa de uma contusão. Vi notícias de que Mano pode pôr Bruno Silva na vaga dele. Seria um suicídio. O Cruzeiro tem que jogar para vencer, embora o empate baste. Se com Neves o time já cria pouco, imaginem com Bruno Silva. É jogo para Rafael Sobis. De Arrascaeta é outra grande dúvida. Esse, sim, faz muita falta, pois é um belíssimo jogador. Qualidade, velocidade e visão de jogo. Estou avisando antes, para que ninguém me chame de engenheiro de obra pronta: se o Cruzeiro entrar com uma equipe defensiva, pensando no empate, vai amargar a desclassificação.

Sabemos que “São Fábio” é um paredão e que nos momentos difíceis é com ele que a equipe, e o torcedor, contam. Porém, é melhor não sobrecarregar o melhor goleiro do Brasil. Quanto menos a bola chegar, melhor. Dedé é outro monstro. Um zagueiraço que, não fossem as contusões e os dois anos em que ficou parado, já estaria no Real Madrid ou Barcelona. Que zagueiro espetacular. Leo cresceu muito ao seu lado e Henrique é a segurança entre os volantes. Lucas Silva, que eu disse que não jogaria na Europa, e não jogou, é outro excelente marcador. Vejam que, na retaguarda, o Cruzeiro é fortíssimo. Porém, é preciso ter mais que isso. É necessário atacar, criar situações que incomodem o adversário. O Palmeiras não vai entrar afoito. Vai, sim, tocar a bola, esperar o momento certo e dar o bote. Ele sabe que se levar um gol sua situação ficará muito complicada. É um jogo de estrategistas, uma espécie de xadrez. Aquele que mexer a peça errada, pode jogar por terra o trabalho do ano inteiro na competição. Se bem que a Copa do Brasil é generosa com os que disputam a Libertadores, pois, já entram nas oitavas de final. Que tenhamos um grande jogo. Saudosista que sou, sempre imagino um 4 a 3, 3 a 2 e por aí afora. Porém, no futebol econômico de hoje, com nenhum craque e poucos jogadores talentosos, vitória por 1 a 0 já é “goleada”. Que o torcedor seja o maior privilegiado, com um grande jogo e uma noite de paz. Que o vencedor seja a equipe que jogar futebol de verdade, pois o esporte bretão só tem sentido se for assim, privilegiando sempre o gol.

MARTA E MODRIC

Nossa maior jogadora de futebol de todos os tempos faturou a sexta bola de ouro como melhor do mundo. Marta é um orgulho e uma referência num país de tantas desigualdades e prova que não é preciso privilégios por cor, condição social ou coisa parecida, como querem pregar os socialistas. Competência, correr atrás dos sonhos e dignidade para fazer o que gosta é o segredo. E entre os homens, Luka Modric quebrou a hegemonia de Cristiano Ronaldo e Messi. O melhor jogador da Copa é também o melhor do mundo. O futebol agradece. A nota triste foi a falta de humildade de Cristiano Ronaldo, que sequer apareceu na cerimônia, em Londres. Saber perder é uma virtude que poucos têm. Faltou-lhe humildade para reconhecer em Modric o seu grande momento.

Tags: interiormg copadobrasil palmeirassp cruzeiroec