Enquanto a Coreia do Sul aumenta a pena da sua ex-presidente corrupta Park Geun-hye para 25 anos de prisão, além de uma multa milionária, no país tupiniquim há gente querendo que o ex-presidente Lula, condenado por lavagem de dinheiro e corrupção, seja candidato à Presidência. Há emissora de TV forçando a barra para isso e divulgando pesquisa que o coloca em primeiro lugar, o que é uma vergonha e motivo de chacota para o Brasil. Preso, condenado, não deveria aparecer em pesquisa nenhuma, mas no Brasil da corrupção, da roubalheira, infelizmente, tudo pode. E o futebol é apenas o reflexo de tudo o que vem ocorrendo no país. Quando vejo o dólar passando dos R$ 4 e a economia em frangalhos, percebo que o futebol é mesmo um mundo irreal no quesito pagamento de salários. Como pode um clube pagar R$ 400 mil a jogadores medíocres? Como é possível um técnico de futebol ganhar R$ 700 mil mensais? O país quebrado, empresas fechando as portas, 14 milhões de desempregados, violência nas alturas, e o futebol vivendo de risos e glamour. Está tudo errado!
No mundo inteiro as confederações cuidam apenas das seleções. Não existem federações. No Brasil, existem 27 federações, que cuidam, única e exclusivamente, dos campeonatos estaduais, competições falidas, retrógradas e ultrapassadas, que dão prejuízo financeiro e moral, além de ocupar cinco meses do ano. Se essa competição não existisse, com certeza não teríamos clubes pondo times reservas em campo em determinados campeonatos, pois os atletas estariam mais descansados. Mas a política não permite. Gastar cinco meses do ano numa competição sem o menor propósito é mesmo uma enganação. O torcedor moderno não está nem aí para os estaduais. Valem Copa do Brasil, Brasileiro e Libertadores. E, ainda assim, com o nível técnico baixíssimo.
Que sou fã do futebol europeu, todo mundo sabe. Outro dia, um leitor me mandou morar no Velho Mundo. Quem dera eu pudesse! Já me contento com os Estados Unidos, onde mora minha família. Lá, que é o país mais rico do mundo, no futebol da MLS (Liga que rege o futebol), os jogadores ganham cerca de US$ 250 mil anuais. Cerca de R$ 1,2 milhão anuais. Senhoras e senhores, esses valores são anuais! No Brasil há quem ganhe isso por mês. Estamos ou não no país da fantasia e da aberração? Por isso não consigo dissociar o futebol da política, pois, se misturarmos, é tudo farinha do mesmo saco. Temos dirigentes ricos que não eram ninguém, mas se transformaram em poderosos depois de assumir direções de clubes no país. É uma farra só. Pior é ver dirigente ganhando R$ 200 mil mensais e alguns analfabetos ganhando R$ 100 mil mensais! Uma vergonha! E o torcedor, bobo e palhaço que é, ainda gasta seu dinheiro para ver sua equipe jogar, enchendo o bolso dessa gente desonesta. O Brasil é mesmo um país sem solução em todos os aspectos.
Também já vimos deputados saindo da Papuda para legislar! Sim, é verdade. Lembram-se? Nada mais me surpreende neste país do faz de conta. Tudo de ruim aqui é permitido. Quando a gente sabe que há emissora de TV que levou uma fortuna do BNDES, não pagou a dívida e fica protegendo partido X ou Y, fico enojado. Talvez esteja aí a explicação para ela não querer que Jair Bolsonaro seja presidente. Ele já disse publicamente que vai cortar as benesses que a tal emissora tem. Pau que dá em Chico dá em Francisco. Outro dia, numa entrevista no Rio, Garotinho, candidato ao governo, disse na cara da repórter que a emissora dela sonegava impostos, ao ser acusado de tal comportamento. A repórter logo encerrou a entrevista, toda desconcertada. Para o Brasil funcionar, é preciso uma limpeza de norte a sul, da política ao futebol. Não há outra solução.
Técnicos enganadores ganhando fortunas. Jogadores fingindo que jogam, clubes fingindo que pagam. Dirigentes ricos, usurpando o dinheiro do clube, preços de ingressos exorbitantes, qualidade técnica dos campeonatos e jogadores na lama. Esse é o futebol pentacampeão do mundo. Uma farsa, assim como o nosso país. Não sei se nossa quinta geração terá um país melhor. Quando olho o nível dos candidatos à Presidência, percebo que ainda estamos muito longe do que sonhamos. E quando vejo o futebol que se pratica por aqui, percebo que nem tão cedo vamos voltar a ganhar uma Copa do Mundo. Não temos estrutura, cultura, jogadores ou técnicos para tal. O que vemos é um bando de come e dorme sugando o minguado dinheiro dos trabalhadores – quando esses têm emprego. “Que país é este?”, perguntava o saudoso Renato Russo, líder do Legião Urbana. E a juventude, lá nos anos 1990, já respondia: “É a bosta do Brasil”. Já estamos em outro século e nada mudou!
COLUNA DO JAECI
Que país do futebol é este?
O futebol é apenas o reflexo de tudo o que vem ocorrendo no país
Jaeci Carvalho /Estado de Minas
postado em 26/08/2018 11:00