Não se iludam, torcedores alvinegros: o Atlético vai apenas participar dos campeonatos nesta temporada, e não acredito que vá disputar títulos. Realidade nua e crua de um clube que está apostando na base, de forma correta, buscando montar um grupo para conquistas a médio prazo. Claro que, se pintar algum dinheiro, o presidente vai em busca de reforços no mercado. Porém, repito: o que há por aí são jogadores ultrapassados ou, como costumo dizer, ex-jogadores em atividade. Não existe um Ronaldinho Gaúcho mais. Pierre e Donizete não estão mais no grupo. Leonardo Silva, experiente capitão, já não tem mais pernas para acompanhar os garotos. Faz parte da vida. Por isso tenho dito e escrito: o torcedor que é atleticano de verdade vai entender o momento de sua equipe e apoiar. Não adianta encher os pulmões e gritar “Galo” quando a fase está boa. É aquele caso do cara que está milionário e a mulher diz que o ama e o idolatra. Quando ele quebra, ela é a primeira a pular fora. Já vimos esse filme repetidas vezes, principalmente com jogadores de futebol. O momento, atleticano de verdade, é de você entender a situação do clube, apoiar e esperar dias melhores. Há uma safra muito boa na base e o novo presidente já disse que é prioridade de sua gestão valorizar os garotos.
Vejam o exemplo do meu Flamengo. Fiquei feliz da vida quando o presidente Bandeira de Mello ganhou a eleição. Ele se propôs a arrumar a casa, pagar dívidas, e depois, sim, montar um grande time. O Flamengo não ganha nada desde 2013, quando faturou a Copa do Brasil, único título de expressão de Bandeira de Mello, mas está com a casa arrumadinha, além de ter uma boa equipe. Pode ser que neste ano fature algo maior. Tudo isso porque o presidente pagou quase R$ 500 milhões em dívidas, construiu um CT e já planeja um estádio nos moldes do que será feito pelo Atlético. Já procura até mesmo terreno nas imediações da Avenida Brasil. Como amante do futebol, aplaudi a decisão de Bandeira de Mello, e sei que o Flamengo terá times para brilhar durante muito tempo. É o caso do Atlético, cujo presidente está disposto a pagar dívidas e a fazer acordos de gestões que estiveram à frente do clube bem lá atrás, para depois conseguir montar um grande time. Ele não vai fazer loucuras por pressão de torcida. Deixem-no trabalhar com sua cabeça voltada para a base. Essa categoria é a única salvação. Os clubes não podem mais viver de repatriar ex-jogadores em atividade, pagando salários irreais. Foi isso que quebrou vários deles. É preciso serenidade nos momentos mais difíceis, apostando numa renovação que dará frutos por vários anos.
E, cá pra nós, a diferença de um time bem montado, como tenho escrito, para um em formação é bem pequena, pois o futebol brasileiro vive uma mediocridade de técnicos e jogadores jamais vista.
Deixem a nova diretoria do Galo trabalhar, deem seu apoio e sugestões e acreditem que nos três anos da gestão de Sette Câmara pelo menos um título brasileiro ele conquistará. Não conheço um presidente que já entrou vencendo, exceto aqueles que pegaram times fortes e bem montados. Vale lembrar que o atual presidente alvinegro tem experiência de quem está no clube há 20 anos, acompanhando várias gestões. Ele não é bobo e conhece o Atlético de cabo a rabo. A realidade é uma só: a não ser que um milagre aconteça, o Atlético atual não é time para conquistar taças, mas, com certeza, a partir do ano que vem a história será outra.