O Brasil era motivo de chacota com Dunga. Perdemos duas Copas América com ele: 2015 e este ano, nos Estados Unidos, eliminados pelo Peru na primeira fase. Uma vergonha! Mas, graças àquela derrota, com gol ilegal, feito com a mão pelos peruanos, Dunga foi demitido e Tite chamado às pressas. No começo, ele ficou reticente, pois estava magoado por não ter sido o escolhido para o posto do fracassado Felipão, aquele dos 7 a 1 para a Alemanha, mas recuou e aceitou, pois era seu grande sonho. Como o Brasil estava fora da zona de classificação para o Mundial da Rússia, em sexto lugar, tratou de arrumar a casa, confiando em gente que trabalhou com ele no Corinthians, e na recuperação. Chamou Neymar num canto e disse que precisava dele coletivamente. Viu em Philippe Coutinho um grande jogador, e em Gabriel Jesus o cara para substituir Ronaldo Fenômeno, pois, desde que ele parou, a Seleção nunca mais teve um centroavante à sua altura. Deu certo. Tite estreou com bela vitória sobre o Equador, e, de lá para cá, o time deslanchou.
E foi na vitória sobre a Argentina, na quinta-feira, em BH, que Tite se firmou de vez e devolveu aos brasileiros o orgulho de torcer pela nossa Seleção. Vencemos por 3 a 0, mas poderia ter sido de 7, tamanha a nossa capacidade e a inoperância do adversário. Tite nos colocou na Copa, com cinco vitórias seguidas, sem computarmos o resultado de ontem. Mostrou que, quando se é técnico de verdade, os resultados vêm e com competência e qualidade. O time brasileiro é outro. Eficaz, capaz e coletivo. Abro um parêntese para Neymar, que hoje joga coletivamente e não perdeu seu talento de ir pra cima, driblar e fazer gols. Sei que ele anda de mal da imprensa, mas isso é bobagem. Uma hora vai rever seus conceitos e falar conosco. Críticas são feitas em cima de quem tem potencial. Se Neymar fosse um cabeça de bagre, não estaríamos nem aí para ele. Deveria agradecer a Tite e aos críticos, pois hoje se mostra um jogador de equipe e fez contra a Argentina sua melhor partida com a camisa amarela. Até que enfim jogou bem contra uma seleção do nosso porte.
Ainda estamos longe do ideal para ganharmos o Mundial da Rússia, mas no caminho certo para a recuperação total do nosso futebol. Já disse e repito que não gosto de Fernandinho e Paulinho, que considero limitados. Mas Tite confia neles e, até aqui, tem dado certo. Também não vejo em Alisson um goleiro de seleção, mas é o que temos no momento. Renato Augusto tem jogado muito bem, e o trio de ataque confirmado aquilo que dele se espera. Daniel Alves e Marcelo estão recuperados e jogando muito bem, assim como nossa dupla de zaga, com Marquinhos e Miranda, que tem sido perfeita. Portanto, temos time, corpo e alma. Faltam ajustes, que Tite fará com os jogos e, principalmente, com amistosos contra seleções do nosso tamanho, que deverão ocorrer no segundo semestre de 2017. O melhor de tudo isso é saber que Dunga e Felipão estão mortos e sepultados, e que não serão ressuscitados jamais. Esses caras envergonharam nosso futebol, nos fizeram virar chacotas mundiais. Tite não é perfeito, não é o melhor técnico do mundo, mas tem caráter, honradez, olha nos olhos, e sabe dirigir uma equipe com organização, com esquema de jogo e padrão. Podemos até não ganhar a Copa da Rússia, mas, se formos eliminados, o seremos jogando futebol de primeira linha, e duvido que sofreremos sete gols, sendo que cinco logo no primeiro tempo. Isso é coisa de quem ficou rico com o futebol sem ser um técnico de verdade. Tite é de outro nível, de outra estirpe. Por isso o Brasil se resgatou, se tornou respeitado novamente, a ponto de o técnico da Alemanha, nossa algoz, Joachim Low, dizer que “o Brasil superou os 7 a 1”. E se isso ocorreu, devemos a Tite e aos jogadores que entenderam a importância de vestir a camisa do maior patrimônio esportivo do povo brasileiro. Valeu, Tite, nós agradecemos!
Demissão
Se não vencer a Copa do Brasil, o técnico Marcelo Oliveira será demitido. Acho um erro. No ano que vem ele terá chance de montar seu grupo, seu time, e de dar padrão e esquema de jogo, como deseja. E demitir Marcelo para trazer quem?