Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

Oremos por outros Santos

Pai celestial, nos mande sinais do quão útil é a frieza tática do Mano. Aceitaremos de alma pura

postado em 01/08/2018 08:00 / atualizado em 31/07/2018 19:36

Arquivo EM


Todos os homens, mulheres, cucas, sacis e santos sabem: o Cruzeiro entrará em campo nesta noite para empatar. A obviedade é facilmente explicável. Se essa filosofia já nos é imposta no Brasileirão, onde um 0 a 0 é quase um desastre, imagine qual a probabilidade matemática ou divina de ela ser diferente na Copa do Brasil, quando uma não-derrota fora de casa, num mata-mata, é bom resultado. 

Poderemos até sair da Vila Belmiro com uma vitória, mas paixão de lado e realismo de frente, certamente definiríamos esse portento como um desvio de planejamento quase sobrenatural no jeito Mano Menezes de ser. Logo, canalizemos nossas preces por um Santos sem cérebro, sem estratégia e sem desejo de vencer por muitos gols. Oremos por um Santos bobo.

Deus nos dê um Santos prepotente como o de 1966. Naquele ano, a máquina de Pelé já havia perdido para os moleques bons de bola de Felício Brandi num amistoso por 4 a 3, mas mesmo assim preferiram tratar a derrota como um acaso. Por isso, meses depois, entraram no Mineirão para a final da Taça Brasil, na noite de 30 de novembro, calçando saltos Luís XV no lugar das chuteiras (foto acima). Não só vencemos por 6 a 2, como protagonizamos o “maior primeiro tempo” de toda a história do futebol mundial.

Jorge Gontijo/Estado de Minas

Por meio de luzes divinas, tenhamos na noite de hoje um Santos mercenário como o de 1987. Incompetente no futebol, mas cheio de interesse após a mala preta do São Paulo para segurar um empatezinho contra o nosso Cruzeiro, pela última rodada da primeira fase da Copa União (foto acima). Não contaram com a entrega daquele escrete celeste. Lutamos até o fim e premiados fomos com o gol de Careca aos 47 minutos do segundo tempo. Estávamos de volta à fase final de um Campeonato Brasileiro depois de jejum amargo de uma década.

Divulgacao/VIPCOMM

Ajoelhemos e com o sinal da cruz na testa, elevemos os braços ao céu por um Santos cercado por conflitos internos como o de Luxemburgo, Ganso e Neymar em 2009. Onde só mesmo o descontrole provocado por brigas políticas no clube praiano nos deu a chance da heroica vitória com o gol salvador de Kleber (foto acima). Ali, na última rodada do Brasileirão, garantimos a terceira classificação consecutiva à Copa Libertadores.

Wagner Carmo/VIPCOMM

Busquemos intervenções divinas por um Santos relapso como o de 2014, que a dez minutos de um fim desastroso, num dilúvio celestial na Vila Belmiro, nos permitiu um eletrizante 3 a 3 e a classificação a mais uma final de Copa do Brasil (foto acima).

Se esses outros santos nos negarem ouvidos ou graças, oremos às cinco estrelas para estarmos errados quanto à desestimulante filosofia de jogo do nosso comandante. 

O Pai celestial há de nos mandar sinais do quão útil é a frieza tática de Mano Menezes. Se assim for, aceitaremos com o coração aberto o fato de ela ser avassaladora, assim como foi na conquista do penta em 2017. Mesmo porque, num clube multicampeão como o Cruzeiro, não existe livro sagrado capaz de resumir nossas conquistas a milagres, apagões ou charlatanismo sapatanesiano. 

Vai, Mano Menezes, contra todos os Santos! Com a alma pura, estaremos contigo na noite de hoje! Se preciso for, ao final da peleja, adentraremos o confessionário celeste, felizes e à espera da penitência por ter duvidado de ti.

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