Sairemos vencedores da primeira final da Country Cup pela alegria de torcer por um clube forjado no jogar bonito. Simples assim. Esse último jogo-treino antes do confronto contra o Vasco pela Libertadores Raiz será uma ode à leveza de espírito do nosso elenco e à plasticidade de nossa história.
Santos, orixás, espíritos e deuses. Todos estarão olhando por nós. Não porque escolheram um lado no esporte, mas sim porque o futebol honesto e alegre do Cruzeiro atrai multidões, desejosas por finais felizes.
Vamos esquecer o rancor alheio. Benzer as cinco estrelas no peito, afastando o mau-olhado. Fechar nosso corpo no manto sagrado contra as armas dos oponentes. Transformar em pó ao vento todo o fel das declarações insanas de vingança contra o Fred, ditas até mesmo por formadores de opinião do que em Minas Gerais aprendemos a chamar de “aldeia”. Fábio, defendei-me de tanta ira.
Teremos dó dos amargurados, que, nas trevas das redes sociais, ressuscitaram posts onde, no início do ano, desejavam "um rompimento no ligamento do joelho" do nosso camisa 9. Dedé, afasta de mim esse ódio!
EgiDeus, me diga, como alguém em sã consciência pode desejar uma fratura, doença ou desgraça a outra pessoa só pelo desejo de vingança?
Ariel, vamos pedir aos outros anjos um domingo de sol. Robinho, multiplique as risadas com as quais tanto nos divertimos durante a pré-temporada. Vamos psicografar cada corrida desenfreada de Rafinha até o limite da área, distribuindo passes de bondade.
Esperar as batidas dos tambores anunciando a chegada do mensageiro Raniel, que, com a proteção de seu Ibeji, terá a boa fortuna de petardos de euforia.
Ao lado do templo verde, Mano “Moisés” Menezes irá proferir o décimo primeiro mandamento a seus seguidores, repetindo a frase de gratidão dita por Fred após o seu gol no ano: “Já fiz gol em pé que valeu título brasileiro e até deitado que garantiu a Copa das Confederações, mas, em nenhum deles, meus companheiros de time comemoraram tanto quanto hoje. Obrigado, meus amigos. A felicidade não tá cabendo”.
Se mesmo assim, na véspera do jogo-treino, essa nossa felicidade for atacada com a maldade escrita e repetida em forma de pragas egípcias de fobias disfarçadas, tentando nos tirar do estado de plenitude, evocaremos a profecia: “A cada pedra atirada, um gol do TN30”.
Vingança, sangue, pedidos de raça, falta de cores. Nada disso. Não haverá desejo ruim capaz de vencer o amor que nos move por um clube distribuidor de sorrisos, conquistas e história como é o Time do Povo. Contra o sapatênis, calçaremos sandálias. Perdoai-os, Dom Fredom, eles não sabem o que fazem!
O Cruzeiro não é vingador. É soberano, campeão. Mesmo porque, vingança é um sentimento mesquinho; uma reação baixa de quem carrega o trauma de um dia ter se rebaixando ao segundo plano. Esse desprazer não cabe em nossa aura de alegria, glórias, bis, tris, tetras e pentas.
O Cruzeiro é cabuloso. Vai passear novamente no Ginásio do Horto, cantando a alegria de ser feliz. Se o alto-falante não estará por nós, cantaremos a plenos pulmões um “Zêro nas alturas”.
Sim! Será só mais um jogo-treino, mas, por tudo de ruim que nos foi praguejado nesta semana, entraremos em campo para dar início a mais um título, por nossa história, pelo Fred e com o alívio de ter nascido no time certo. Seja na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza, na riqueza ou na pobreza, nunca deixaremos esse sentimento parar. Nem quando a morte nos separar. Vá em paz ser campeão, Cruzeiro, porque nós o acompanharemos.
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