Exatos 11 meses e oito dias depois da fatídica derrota de 2 a 1 para a Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia, a Seleção Brasileira estreia na Copa América, jogando em casa. E arrisco dizer que, seja qual for o resultado final, o técnico Tite e sua comissão técnica poderão desperdiçar uma grande oportunidade: a de promover um (real) processo de renovação da equipe. Dos prováveis titulares contra a Bolívia nesta sexta-feira, sete estiveram nos gramados russos no ano passado. E o número só não foi maior porque Daniel Alves foi cortado às vésperas do Mundial em função de contusão. E, além disso, boa parte destes jogadores já ultrapassou a barreira dos 33 anos...
Em sua defesa, Tite pode até dizer que, nas convocações do pós-Copa, entre os 44 atletas chamados, 24 não estiveram na Rússia (sendo que 11 deles tiveram suas primeiras exibições com a Amarelinha). Mas o fato é que poucos jovens valores ganharam espaço de verdade no time, em especial os atacantes Richarlison (foto) e David Neres. E o último deles só passou a ter chances após as contusões (e confusões) de Neymar.
No ano passado, logo depois da eliminação diante da Bélgica, o discurso da CBF foi claro: Tite e comissão técnica seriam mantidos para, com direito a um ciclo completo de preparação, promover a tal falada renovação. Na prática, não é isso ao que estamos assistindo. É claro que pesa o fato de que o Brasil foi campeão das quatro edições da Copa América disputadas no país. Mas, neste momento, o título não deveria ser o foco principal. De olho no Catar’2022, era hora de dar rodagem a uma nova geração de bons valores, assim como Espanha e Alemanha já fizeram em outras épocas e colheram bons frutos. Uma pena. De toda forma, seguirei na torcida.
Fenômeno
Ao converter o pênalti diante da Austrália, nesta quinta-feira, Marta chegou a 16 gols em Copas do Mundo, se igualando ao alemão Miroslav Klose como goleadores máximos da história dos Mundiais. Só que a brasuca ainda pode ampliar esta marca... Pena que Marta não se encontre em suas condições ideais – ainda se recuperando de lesão na coxa, atuou apenas no primeiro tempo. Sem ela, o ritmo do time caiu e a equipe acabou cedendo a virada de 3 a 2 às “Matildas”, verdadeiras pedras no nosso sapato: nos últimos 10 jogos, elas venceram sete, e o Brasil, apenas duas. Na terça-feira, o Brasil volta a campo, diante da Itália. Como se classificam os dois primeiros de cada grupo e mais quatro terceiros colocados, a chance de seguir na disputa é grande. O que significa mais tempo para que Marta se recupere. Oremos todos.
Chave de ouro
Com campanha praticamente perfeita – 100% de aproveitamento, 15 gols marcados e nenhum sofrido em quatro jogos – a Seleção olímpica do Brasil decide neste sábado com o Japão o Troféu Maurice Revello (antigo Torneio de Toulon). Sob o comando do técnico André Jardine, os garotos podem retomar o prestígio da base brasuca, arranhado depois que as seleções sub-17 e sub-20 não conseguiram se classificar ao Mundial de suas categorias. Chama atenção o fato de que muitos atletas já atuam no exterior, como Émerson (Bétis, ex-Atlético), Douglas Luiz (Girona), Paulinho (Bayern Leverkusen) e Matheus Cunha (RB Leipzig). Outros destaques são Pedrinho e Mateus Vital (Corinthians), Antony (São Paulo) e Pedro (Fluminense). O torneio serve como preparação para o Pré-Olímpico de janeiro, que dará duas vagas aos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020.
Cachorro grande
A abertura das oitavas de final da Liga dos Campeões da Ásia, na terça-feira, será marcada por duelos regionais entre candidatos ao título. Enquanto Kashima Antlers e Sanfreece Hiroshima fazem o confronto japonês, Guangzhou Evergrande e Shandong Luneng reeditam o clássico chinês. Em campo, uma legião de brasucas: Gil, Talisca, Paulinho, Ricardo Goulart, Serginho, Leandro, Léo Silva, Douglas Vieira, Patric, Rhayner... Na quarta-feira, outro cotado ao título, o chinês Shanghai SIPG, de Elkeson, Oscar e Hulk, encara o Jeonbuk Hyundai, da Coreia do Sul, que conta com o brasuca Ricardo Lopes. Esperança de show de gols com tempero verde-amarelo.
De olho
Ramiro Vaca
Próximo de completar 20 anos, o armador Ramiro Vaca ganhou presente antecipado: foi chamado às pressas nesta semana para disputar a Copa América pela Bolívia na vaga do contundido Rodrigo Ramallo. Habilidoso, Vaca começou a carreira no modesto Quebracho e logo chamou atenção, tendo as primeiras chances nas seleções de base. Na principal, estreou antes mesmo de completar 18 anos. No início do ano passado, foi contratado pelo The Strongest. Visto como um dos destaques da nova geração do país, virá ao Brasil para ganhar experiência.