Torcedores de Grêmio e Palmeiras não vão me perdoar, mas, deixando o patriotismo de lado, ouso dizer que não haveria confronto melhor do que Boca x River (foto) para a última decisão ‘raiz’ da Copa Libertadores, com ida e volta na casa dos finalistas. Digo isso porque a partir do ano que vem o título será definido em jogo único, em estádio indicado antes do início da competição.
A ideia é copiar a Liga dos Campeões da Europa. Bons exemplos devem ser seguidos, mas os cartolas se esquecem de um detalhe: aqui não é Europa! Não dá para comparar realidades tão diferentes (aspectos financeiros e logística). Uma coisa é pegar um trem e chegar a outro país com, no máximo, 2h de viagem... e a preço razoável. Outra é se deslocar de avião pela América, enfrentando longas distâncias e conexões. Além de preços exorbitantes.
A situação fica mais complicada caso times de EUA e México participem do torneio, como é quase certo. Nada contra, afinal, são mercados que têm investido pesado. Mas já imaginou hipotética final entre um clube argentino e um brasileiro em Seattle, na Costa Oeste norte-americana? Decisão longe de casa acaba sendo desrespeito ao torcedor. Após roer o osso, muitos ficarão de fora na hora do filé.
Só falta os dirigentes igualarem os valores dos ingressos. Na última final da Liga dos Campeões, em Kiev, Ucrânia, os bilhetes variaram de 70 euros (R$ 270) a 450 euros (R$1.825), extremamente salgado para padrões sul-americanos. O pobre do torcedor terá que se contentar em ver o tão sonhado título pela televisão...
Enquanto isso não ocorre, os argentinos é que farão a festa. Afinal, será a primeira finalíssima de Libertadores 100% hermana e opondo justamente os arquirrivais. Na outra única decisão entre eles, no distante 22 de dezembro de 1976, pelo Nacional, o Boca fez 1 a 0 no River, em jogo que até hoje detém o recorde de público do confronto: 69.099 pagantes, capacidade que nem La Bombonera nem o Monumental de Núñez possuem hoje. Literalmente, os estádios ficarão pequenos para tamanha emoção.
Para ganhar asas
Após uma primeira fase com 34 rodadas, começaram ontem os primeiros playoffs da MLS (liga profissional dos EUA), envolvendo as equipes que terminaram entre terceiro e sexto lugar nas Conferências Leste e Oeste. Os classificados avançam ao mata-mata contra os primeiros colocados de cada lado (New York Red Bull e Atlanta no Leste; Kansas e Seattle no Oeste). Contrariando os prognósticos, a ‘equipe menos famosa’ de Nova York, impulsionada pela boa fase do atacante inglês Bradley Wright-Phillips e do goleiro norte-americano Luis Robles, ficou com o título simbólico da primeira fase: 22 vitórias, cinco empates e sete derrotas, tendo a melhor defesa (33 gols sofridos) e o quinto melhor ataque (60 gols). Fundado em 1995 como Metro Stars e comprado pela companhia austríaca de energéticos em 2006, o time nunca levantou a taça. Será que agora vai?
Vai ou fica?
Com o Los Angeles Galaxy fora dos playoffs da MLS, ganharam força novamente os boatos sobre possível volta de Ibrahimovic ao futebol europeu. Vice-artilheiro da competição com 22 gols em 27 partidas, o atacante de 37 anos mostrou que ainda aguenta sequência de jogos e pode ser útil a clubes de maior peso, mesmo que não mais no papel de protagonista. Resta saber se conseguirá a liberação, já que tem contrato até o fim de 2019. Será difícil, afinal, Zlatan carregou o time nas costas, fazendo um terço dos gols da equipe, que, mesmo eliminada, terminou como o terceiro melhor ataque do torneio (66 gols).
Aposta certeira
O Real Madrid ainda não confirmou o nome de seu novo treinador, mas o espanhol Roberto Martínez segue como o mais cotado. Ele já teria entrado em acordo com a Federação Belga para conseguir sua liberação, já que tem contrato até 2020. Com moral de quem levou a Bélgica ao histórico terceiro lugar na Copa da Rússia e ao topo do ranking da Fifa, Martínez seria aposta certeira do Real: acostumado a lidar com jovens estrelas e a não ficar refém de um único esquema de jogo, teria condições de reverter a “terra arrasada” após a goleada de 5 a 1 para o Barça. Anunciado como comandante interino, Solari fez bom trabalho no Real Castilla, mas penso que, no momento, o vestiário de Bernabéu precisa de alguém mais experiente.
Quantidade x Qualidade
Gianni Infantino, presidente da Fifa, afirmou ontem que a entidade estuda a possibilidade de aumentar para 48 o número de equipes na Copa do Catar’2022. A intenção é “compartilhar os direitos de hospedagem” com nações vizinhas. Posso estar enganado, mas me parece mais um balcão de negócios com os milionários xeques da região. Se com 32 equipes o nível técnico do Mundial da Rússia já deixou a desejar... Além disso, ficará no ar uma grande dose de improviso, afinal, desde quando foi escolhido sede da Copa, no fim de 2010, o Catar se planejou para torneio de 32 equipes. A competição de 2026, a ser realizada por EUA, Canadá e México, já está confirmada com 48 participantes.
De olho
Kirill Kirilenko
O bielorrusso Kirill Kirilenko (foto), que acaba de completar 18 anos, é mais uma das promessas do Leste Europeu. Habilidoso e velocista, se destacou na base do Minsk, equipe de sua cidade natal, atuando como atacante pela esquerda, mas pode jogar também como armador. Pela seleção, disputou a fase eliminatória da Euro Sub-17 (em 2017) e Sub-18 (em 2018), ajudando seu país a vencer favoritos como Polônia e Espanha. No ano passado, emprestado ao Dinamo Brest, estreou entre os profissionais. Em janeiro deste ano, voltou para o Minsk, onde tem contrato até junho de 2019.