O empate injusto é tão amargo quanto a derrota injusta. Na quinta-feira, foi isso que se deu. Merecíamos vencer, mas o poeta foi implacável: distraídos empataremos. E empatamos. Acabamos em quinto quando poderíamos estar em terceiro. Em todo o caso, não se pode reclamar do destino ou da providência divina. Nos últimos tempos, ambos se assemelham a Alexandre Frota, Lobão, José Padilha – estão arrependidos.
Abrimos o certame mirando os 45 pontos salvadores. Fechamos esta etapa, aquela que antecede a Copa América, certos de que brigaremos no tríplex da tabela, ficando o subsolo reservado ao rival, antes ilibado e incensado, candidato natural à cobertura. Se o mundo dá voltas, neste momento fazemos muito melhor. Um tríplice carpado, vamos dizer assim.
Até outro dia tudo indicava que a luta seria ingrata, e toda resiliência se prestaria ao objetivo de não cair. Resistir apenas, ficar de pé. Mas o inesperado interceptou nosso caminho. Ao passo em que técnicos consagrados foram vazando, emergiu a verdade de Rodrigo Santana. Caiu a máscara de Levir, em outros tempos um cara legal. Se tivesse sido desmascarado antes, não teríamos chegado à situação em que chegamos.
Paciência, agora as coisas estão postas com a justiça que lhes cabe, vejamos os desdobramentos. Fechamos a primeira parcial de público com o povo botando a cara de novo, assustando o adversário, fazendo tremer a estrutura. “A favela voltou”, estão cantando na arquibancada. O concreto já rachou, agora é a hora e a vez da plebe rude: união sinistra, que ninguém segura, o Atlético e a Galoucura. In Patric We Trust.
Vem aí a Copa América, um suposto bálsamo, um suposto ópio do povo, um suposto hacker a desviar as atenções do principal, que é o nosso Galo. Façamos desse limão a nossa limonada, e não nos deixemos enganar. Bora treinar, afiar as esporas, porque o que rendemos até agora é só 1% do todo, o que está por vir nem se imagina.
Durante esse mês de digressão, eu colocaria o Adilson na esteira e deixaria ele lá vendo a Copa América inteira pra ver se solta o freio de mão. Por outro lado, congelava o Patric no exato estado em que se encontra, nem menos nem mais, porque também não podemos perdê-lo numa futura convocação do Tite. Vai que ele descobre o extremo desequilibrante do nosso melhor lateral, capaz de performar com resultado no último terço do campo.
O Palmeiras contratou Ramires, está no modo comprador compulsivo, aquele que se ferra por achar que tudo pode, que a retaguarda econômica é garantidora da felicidade, e que bastarão escusas e vênias quando o iceberg estiver diante do Titanic. Assim como o Flamengo, que nem se avexa de abraçar os inimigos do povo ao mesmo tempo em que se orgulha de sua popularidade e origem. Quem se curva aos poderosos mostra a bunda aos oprimidos. E cai. Inevitavelmente, desmorona.
Que Sette Peles aproveite a distração do inimigo, com sagacidade e ousadia. Que use a Copa América para ir às compras. Não como um juiz que possua apartamento próprio e auxílio-moradia, ou um político aposentado aos 33, mas como nosotros, pelejando com o gás a 100 pesos reais e a gasolina valendo duas Dilmas. Que Rui Costa pesquise o mercado com o mesmo denodo de um Fiscal do Sarney e nos traga poucos e bons. Além de um excelente, capaz de quebrar não apenas com a banca mas com o STF e com tudo.
Esta coluna fechou antes que se pudesse saber o resultado do jogo entre Brasil e Bolívia. Desde 1998 lidero o Movimento Corrente Pra Trás, que tinha por objetivo final a aniquilação da CBF. Sem Neymar, estendo a bandeira branca. Torcerei pela Seleção, na esperança vã de ganhar a Copa e, assim, nos livrarmos do menino Ney. Obviamente que o meu limite é a camisa amarela, morô? Essa encontra-se na mais mofada das profundezas do meu baú, a criar fungos e bolores, traças e animais exóticos. Vou vestir a camisa listrada e sair por aí. Brasil acima de tudo, Galo acima de todos!