Que bonito foi ver o Galo esta semana. Passeou contra o CSA. Foi cerebral e mortal contra o ótimo time do Santos. A considerar a evolução desde que Rodrigo assumiu, o futebol e os últimos resultados, não é nenhuma excrescência a vice-liderança do Brasileirão. É o retrato fidedigno: apesar do jogo sofrível que fizemos contra o Grêmio, só o Palmeiras neste momento está na prateleira superior. De resto, pode vir qualquer um.
Na quinta, eu e meu filho Pipoca (também conhecido como Periquito) cumprimos a sacrossanta tarefa de ver o Galo em São Paulo, onde somos atleticanos exilados. Jamais faltei a um jogo em 23 anos aqui no Alabama brasileiro (mentira, falhei em duas oportunidades, dentro da margem de erro). Posso assegurar que foi o melhor jogo do Atlético no Tucanistão desde o 4 a 0 contra o Palmeiras, no falecido Parque Antártica, em 2009. Na ocasião, porém, o resultado classificou o Cruzeiro para a Libertadores. Aquela que viria a culminar com o Sonho de Uma Noite de Verón.
Contra o Santos nos postamos ao lado do Macalé, o Sempre da minha geração. Foi o sonho de uma noite de inverno, a Galoucura a silenciar as viúvas de Pelé e Neymar. Tomaram lições de futebol e, de brinde, aulas de canto. “O Pacaembu é nosso, tem que respeitar!” Só eu já ganhei ali de Corinthians, Palmeiras e Santos. Aliás, eu e o Francisco fomos testemunhas oculares daquele 1 a 0 contra o Palmeiras no primeiro jogo da caminhada rumo ao título da Copa do Brasil de 2014, a Copa de Todas as Copas. Evidentemente que vimos sinais.
O conluio entre o atleticano e o Atlético é capaz de uma poderosa formação de quadrilha, de natureza bem diferente daquela que se instalou no rival, que a essa altura já estaria classificado para o extinto campeonato interno do Carandiru (em 2000, fui convidado a dar o pontapé inicial na finalíssima entre Bahia e Zona Sul. Como jornalista, veja bem). No nosso caso, a quadrilha é junina, mas dá pistas de que pode perdurar ano afora, com alguma chance de que Papai Noel nos presenteie com algo mais do que meias e cuecas.
Entre o Brasileiro, a Copa do Brasil e a Sul-Americana, fico com as três. Falta elenco, Papagaio saiu, mas temos muitos Periquitos a plenos pulmões — a camisa 12 não falha. Vamo que vamo! Se Rodrigo Santana dará conta do recado não importa mais, ele se impôs, a vaga é sua e fim de papo. Que Sette Peles firme agora seus pactos e faça chegar um ou outro reforço importante. Que o bom Pastor permaneça entre os crentes da Igreja Universal do Reino do Galo.
Deus ajuda a quem cedo madruga. Então Cazares deve estar no virote, porque já insinua o costumeiro Pelezares, agora em versão melhorada, com lançamentos em profundidade ao estilo R49. Suas chuteiras têm ventosas que auxiliam no domínio da bola, só pode. Luan é o próprio diabo a morder os calcanhares, a alma do Galo doido. Chará é a prova de que o tal Queiroz não entende nada, deve ser só um laranja.
Patric, bem, é um caso à parte. Ele transcende aquilo que comumente se diz sobre “pegar alguém para Cristo”. Começo a crer que se trata de fato do próprio. Porque, ao apanhar, mostrou a outra face. Foi crucificado. Com a chegada de Guga, dado como morto. Agora é o Cristo redivivo, e seu amor pelo Galo espraia-se por milhões de corações alvinegros. Sugiro que uma imagem de Patric na cruz passe a constar do púlpito principal da IURG. E que, humildemente, nos curvemos às suas chuteiras imortais.