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O Atlético é um time fora da curva, mas precisa cuidar para não derrapar

O Galo precisa se desconectar de forças restritivas, que tendem a puxá-lo para a média do futebol no Brasil, e se ligar às forças motrizes que farão o contrário

Bob Faria, colunista do Superesportes
foto: Superesportes

Bob Faria, colunista do Superesportes

Enquanto carregar o título, enquanto for o campeão, o Atlético sofrerá com o peso de ser o time a ser batido. Isso é mais velho que andar pra frente. É o custo do sucesso. O desafio, portanto, do técnico e do elenco é não se deixarem influenciar pelas forças que vêm puxando para trás, mas se livrarem dos obstáculos que veem à frente. 

É física! Se bem me lembro das aulas do meu amigo Pachecão, o maior professor de física aplicada à vida no país, há duas forças. As motrizes e as restritivas. Uma tende a te atrair para o lugar dela, outra tende a criar movimento.

O Galo precisa se desconectar de forças restritivas, que tendem a querer puxá-lo para a média do futebol brasileiro, e se ligar às forças motrizes que farão exatamente o contrário. 

Parece papo de doido. Mas pensa comigo, outros times já fizeram isso em outros momentos! O Flamengo de 2019 se recusou a se equalizar na média do que estava convencionado como o teto para os times brasileiros e chegou a ser comparado a alguns dos melhores times europeus. O São Paulo no auge de Telê Santana, O Palmeiras da Parmalat... a lista poderia ser longa de times fora da curva.

O Atlético é hoje um time fora da curva, mas precisa ter cuidado para não derrapar. O melhor caminho para isso? Respeitando, como tem feito brilhantemente até agora, os adversários, mesmo quando o favoritismo é visível.

Fato. Se não fosse a falta do VAR, o América teria vencido o clássico da Libertadores, porém, isso não significa que o Galo tenha entrado em campo subestimando o adversário. 

Como não entrou contra o furacão. Porque sabe que as dificuldades serão imensas contra qualquer time na temporada. inclusive contra os outros dois que, pelo senso comum, ocupam o mesmo lugar na prateleira. Estou falando de Palmeiras e Flamengo.

Da mesma forma, não acredito num time subestimando o Brasiliense pela Copa do Brasil. Embora todas as previsões e probabilidades sejam de que o Atlético resolva a disputa no primeiro jogo, dada a diferença gigantesca de potencial técnico.

Mas é jogo de bola gente... E em jogo de bola as coisas acontecem de modo estranho. Nem sempre as leis da física comum se aplicam. Às vezes matéria e energia são uma coisa só, como nas teorias quânticas... E o improvável acontece.

Daí a importância de não se deixar levar pelas probabilidades e fazer o que precisa ser feito. Com o máximo de empenho e o mínimo de erro. Se fizer isso sem soberba, vai rodar macio na estrada dessa temporada. Enfrentando uma curva de cada vez.

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Uma nota a respeito do América. O Wagner Mancini não fez mágica. Não transformou a equipe de uma hora pra outra simplesmente com retórica. Ele tem conhecimento do elenco e conseguiu muito rapidamente ajustar alguns parafusos que estavam soltos.

Isso é garantia de que o desempenho vai continuar nessa curva ascendente? Não! Mas o fato de ele já conhecer boa parte dos jogadores certamente mostrou alguns atalhos preciosos. 

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