De volta ao Mineirão pela primeira vez desde a polêmica saída do Cruzeiro para o Flamengo, o meia Arrascaeta foi hostilizado por torcedores que acompanharam a goleada do Uruguai por 4 a 0 sobre o Equador, neste domingo. Após a partida, válida pela primeira rodada do Grupo C da Copa América, o jogador, de forma muito serena, falou sobre as vaias e os xingamentos ouvidos no estádio.
“Era para se esperar por tudo que aconteceu, pela forma com que eu saí. Mas fico com a parte positiva. Falei com meus companheiros que cada um pode se manifestar da forma que quiser, mas eu sinto muita gratidão pelos caras que sabem o que eu fiz dentro de campo quando estive aqui. Estou muito tranquilo”, disse.
Depois de longa novela - em que o jogador se recusou a treinar na Toca da Raposa II em um dos capítulos -, o Cruzeiro aceitou negociá-lo com o Flamengo por cerca de R$ 55 milhões. Arrascaeta foi perguntado se sentia arrependimento pela forma como deixou o clube mineiro. Na resposta, mostrou avaliar com naturalidade a negociação.
"Foi uma negociação como as que acontecem em cada janela. Então, Cruzeiro ficou com o dinheiro que tinha que ficar e eu saí. Foi um momento difícil, mas agora já passou e estou feliz de estar no Flamengo", disse.
Momentos de tensão
Arrascaeta nem entrou em campo no show uruguaio no Mineirão, mas foi um dos grandes personagens da noite. Minutos antes da partida, ouviram-se vaias após o ex-cruzeirense ter o nome anunciado no alto-falante durante as escalações das equipes. O momento de maior tensão, porém, foi no início do segundo tempo.
O meia se juntou aos demais reservas para o aquecimento atrás do gol defendido por Muslera. Ao verem o ex-ídolo se aproximar, torcedores do Cruzeiro se aglomeraram na parte inferior das arquibancadas e voltaram a hostilizá-lo. Além de vaias, houve gritos de “mercenário”, “vendido” e “cheirinho” - este último em provocação ao Flamengo e os recentes insucessos nas buscas por títulos.
Questionado se a pecha de “mercenário” o incomodava, Arrascaeta foi evasivo. "Cada um pode se manifestar da forma que quiser, eu fico com a parte positiva. Fico com as coisas positivas, com o que conquistei no clube, com a história que fiz, e depois cada um pode dizer o que quiser".
A pressão foi tamanha - embora o público do Mineirão tenha sido pequeno, com pouco mais de 13 mil torcedores - que os jogadores uruguaios foram forçados a mudar o local de aquecimento. A atividade continuou atrás do banco de reservas da equipe comandada por Óscar Tabárez.
Por que não entrou?
Apesar de ser reserva do Uruguai, Arrascaeta é acionado com frequência no segundo tempo das partidas. Desta vez, Óscar Tabárez optou pelas entradas de Torreira, Pereiro e Valverde. O ‘Maestro’ admitiu que o ambiente hostil do Mineirão o influenciou na escolha por manter o ex-cruzeirense no banco.
“É um bom jogador e tenho uma equipe de 23 muitos bons jogadores. Aqui não tem estrelas e ninguém é deixado de lado. Não é um assunto importante o fato dele não ter jogado. Esse estádio eu não sei se é o melhor ambiente para ele entrar, entre outras coisas”, afirmou. “Tenho muito respeito pelos outros 22 jogadores e hoje não teve a possibilidade de ser aproveitado”, completou.
Arrascaeta, por sua vez, se disse pronto para atuar. "Estava preparado para jogar. A equipe se saiu muito bem, os companheiros que entraram foram bem, agora é trabalhar para a próxima partida".
Arrascaeta no Cruzeiro
Destaque da Libertadores de 2014 pelo Defensor-URU, Arrascaeta foi contratado pelo Cruzeiro em janeiro de 2015 por 4 milhões de euros (R$ 12 milhões na cotação da época). Com a camisa celeste, disputou 188 jogos marcou 50 gols. Maior artilheiro estrangeiro do clube, o uruguaio foi decisivo ao balançar a rede em todas as finais nas quais a equipe se sagrou campeã com ele no elenco: Copa do Brasil, em 2017 e 2018, e Campeonato Mineiro, em 2018.
