IMPORTÂNCIA
“A responsabilidade agora é maior. Estarei num nível mais movimentado. Ajudarei a trabalhar o desenvolvimento do carro da equipe. As negociações não aconteceram só com a McLaren, mais duas outras equipes também estavam interessadas. Não houve aquele negócio de me ligarem e eu sair comemorando. Quem tratou de tudo foi meu manager (gerente), Albert Resclosa, que é espanhol. Tudo o que ia acontecendo, passo a passo, ele ia me dizendo. Tudo isso não muda em nada a minha vida”.
O INÍCIO
“Corri pela primeira vez de kart, onde comecei, aos 8 anos. Foi no kartódromo Serra Verde.
DIFICULDADES
“Não sei como tudo aconteceu na minha carreira. Primeiro foi o Serra Verde. Depois, tinha de viajar a São Paulo para competir, disputar o Brasileiro. Com 10 anos, entrei sozinho num avião para São Paulo, onde foi o Brasileiro de Kart. Depois disso, vieram dificuldades, pois não havia dinheiro, patrocinador.
FAMÍLIA
“Quando me mudei para a Europa, ligava pra casa pra falar com meu pai e com minha mãe uma vez a cada dois dias. Agora, não dá pra ser assim. Não tenho tempo. Tenho de cuidar da carreira. Para dizer a verdade, nos finais de semana nem pego no celular. Entrego para meu gerante e esqueço dele”.
EUROPA
“Campeão brasileiro, chegou a hora de ir para a Europa. Tudo ficou mais complicado. Lá, os custos de competições são bem mais altos. O comprometimento é maior. E tinha de viver longe de casa, da família. Fui morar na Espanha, num centro olímpico, que tem um setor separado para outras competições. Dividia um quarto com um japonês e depois um espanhol. Foram quatro anos. Mas tudo foi um aprendizado. Consegui ser campeão de kart. Depois, chegar à Fórmula 3, onde fiquei dois anos. Ganhei a Copa do Mundo da categoria. Ano passado e este ano, foi a Fórmula 2. Em 2017, foi com uma equipe mais fraca, mas terminei em 13º geral”.
TEMPORADA
“Este ano foi difícil. Estou em sexto lugar, mas poderia estar melhor colocado, brigando, talvez, na ponta, pois fraturei o braço e perdi duas provas, ambas em Mônaco. Mas estou na briga, com chances de terminar em terceiro. Vai depender da classificação em Abu Dhabi. Com certeza, se isso acontecer, ajudará bastante na minha carreira. Estou na mesma equipe do Landi Norris, que é considerado o 'novo Hamilton'. Isso também ajudou muito. Agora vou ser piloto de testes da McLaren. Falta pouco para realizar meu sonho maior, mas sei que tenho que trabalhar muito”.
EXPERIÊNCIA
“O pouco tempo que passei na Toro Rosso como piloto de testes foi muito importante, pois tive noção exata do trabalho que terei de fazer agora. Foi um outro tempo. Na época, era mais vantagem estar na Fórmula 3 ou na 2 para poder mostrar meu potencial. E esse tempo me permite ter tranquilidade agora. Não sou mais ansioso. Sei que o que me abriu as portas da McLaren foram meus resultados no passado”.
VIDA
“Quando parar de correr, que espero ainda demore, quero voltar para Belo Horizonte. Agora, vivo próximo a Barcelona. Mas terei de conseguir um lugar também em Walking, onde fica a sede da McLaren, na Inglaterra. Vou me dividir”.
MEMÓRIA
Mineiros no retrovisor
Filho do lendário Toninho da Matta, 14 vezes campeão brasileiro de turismo e vencedor da primeira corrida do Mineirão, quando derrotou Emerson e Wilson Fittipaldi em 1970, Cristiano da Matta foi o primeiro grande nome de Minas Gerais no cenário automobilístico internacional. Foi campeão da Cart em 2002, cuja categoria se fundiria com a Indy Racing League (IRL), virando a Fórmula Indy. Ele participou de seis edições nos EUA pela Toyota, o que lhe abriu as portas da F-1. Ficou por duas temporadas (2003/4) na principal categoria mundial. Seus melhores resultados foram três sextos lugares, nos GPs da Espanha e Alemanha, em 2003, e de Mônaco, em 2004. Sua carreira encerrou-se prematuramente em 2006, na Indy, ao sofrer grave acidente, nos treinos do GP de Elkhart Lake, quando seu carro colidiu com um muro depois de atropelar um cervo. Outro mineiro, Alex Dias Ribeiro, correu entre 1976 e 1977 pela Hesketh, March e Fittipaldi, com resultados inexpressivos..