Mais de um mês depois do fim da Copa do Mundo do Brasil — vencida pela Alemanha em final contra a Argentina no Maracanã —, construções prometidas como legado do evento seguem atrasadas. Das 32 obras de mobilidade urbana que restaram na Matriz de Responsabilidades, 23 não estão concluídas. Entre as situações mais complicadas, Natal e Fortaleza têm empreendimentos paralisados, e Belo Horizonte e Cuiabá enfrentam interdições em viadutos.
Mesmo figurando como a cidade que mais entregou obras, cinco de sete prometidas no documento, a capital de Minas Gerais amargou o desabamento de um viaduto (lado sul) que fazia parte das melhorias ligadas ao evento. O acidente, no qual morreram duas pessoas, ainda durante o Mundial, segue causando transtorno. Decisão recente da Justiça local impediu a demolição do lado norte do viaduto e instruiu o governo municipal ao diálogo com os moradores antes de novas intervenções no local. Ao Correio, a prefeitura informou que, por segurança, transferiu os moradores de edifícios próximos e aguarda o laudo oficial da Polícia Civil, enquanto avalia todas as possibilidades envolvendo a alça norte do viaduto.
Em Cuiabá, a promessa de VLT (veículo leve sobre trilhos) — inicialmente prevista para dezembro de 2013 — foi adiada para dezembro de 2015. Por fissuras, um dos viadutos da obra está interditado para que o consórcio responsável avalie a situação. A Secretaria Extraordinária da Copa de Mato Grosso afirma que os atrasos aconteceram por necessidade de adequações do projeto e por problemas com desapropriações e licenciamento. Ainda de acordo com a Secopa-MT, em certos pontos da linha — o VLT é uma espécie de metrô de superfície — foram necessários “meses de trabalho adicional” para o serviço de drenagem.
Apontados como soluções para o transporte, BRTs (sistema rápido de trânsito) e VLTs representam 40% das obras de mobilidade que constam na Matriz. Na prática, contudo, não foram entregues ou estão sendo usados parcialmente, ainda com intervenções. Brasília, Manaus e São Paulo tinham planos de fazer parte do grupo, mas retiraram os projetos durante a preparação do evento.
Nos acréscimos Trinta e cinco dias depois de o juiz apitar a partida entre Alemanha e Argentina, Natal e Fortaleza estão com construções paradas. Sem concluir nenhuma das obras no setor de mobilidade, a capital do Ceará interrompeu os trabalhos durante a Copa. Ainda não retomou, por exemplo, a construção do VLT. Diante dos atrasos, os contratos com as construtoras acabaram suspensos. Agora, um mês pós-Copa, o governo do estado fará novo processo de licitação para concluir o empreendimento.
Por entraves burocráticos, também não há movimentação nas obras de Natal, entre elas a de acesso ao novo aeroporto. O problema seria a falta de repasse para a construtora. Procurada pela reportagem, a Secopa de Natal confirmou a paralisação e disse que daria maiores esclarecimentos por meio do secretário da pasta, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.
Obras de mobilidade urbana que não estão concluídas (ou entregues, mas ainda em obras)
Belo Horizonte BRT: Antônio Carlos/Pedro I Obras complementares nos BRT Carlos Pedro I e Cristiano Machado
Cuiabá VLT Cuiabá/Várzea Grande
Curitiba Corredor Aeroporto/Rodoferroviária BRT Linha Verde Requalificação do Terminal Santa Cândida Vias de integração Radial Metropolitanas Requalificação da Rodoferroviária Requalificação do Corredor Marechal Floriano Sistema integrado de monitoramento
Fortaleza VLT Parangaba/Mucuripe Eixo Via Expressa/Raul Barbosa Estações: Padre Cícero e Juscelino Kubitschek BRT Avenida Dedé Brasil BRT Avenida Paulino Rocha BRT Avenida Alberto Craveiro
Natal Acesso ao novo aeroporto de São Gonçalo do Amarante Eixo 2 — implantação da via Prudente de Morais Corredor Estruturante — Zona Norte/Arena das Dunas