O Catar sedia a partir desta terça-feira (30) a Copa Árabe, o principal evento-teste a menos de um ano da Copa do Mundo de 2022. Será a 10ª edição da competição - a última foi em 2012 - e a primeira com o "selo" da Fifa, com seis dos oito estádios do Mundial. Só torcedores vacinados poderão entrar nos estádios, sendo uma das vacinas aprovada pelo ministério da saúde do país. O uso de máscara também será obrigatório.
O governo local vem realizando obras de urbanização e melhorias no tráfego por identificar possíveis problemas para o Mundial. A maior distância entre as arenas é de 70km, entre o Al-Bayt Stadium, na cidade de Al Khor, e o Al Janoub Stadium, em Al-Wakrah. O Lusail Stadium, onde será disputada a final da Copa do Mundo, será o último a ser inaugurado, apenas em 2022.
A Fifa testará uma tecnologia para detectar automaticamente o impedimento de jogadores nas partidas da competição, segundo o jornal inglês The Times. Um sistema de inteligência artificial enviará ao árbitro assistente de vídeo (VAR) uma mensagem instantânea quando um atleta estiver impedido e o árbitro então decidirá se a marcação está interferindo no jogo.
O torneio não terá a participação de estrelas como o egípcio Mohamed Salah, do Liverpool, e o argelino Riyad Mahrez, do Manchester City. A CBF informou que o técnico da seleção brasileira, Tite, além de membros da comissão técnica, vão assistir aos jogos das quartas de final do torneio.
Dezesseis seleções foram separadas em quatro grupos, com as duas melhores colocadas avançando à fase mata-mata. Os países estão divididos no Grupo A (Catar, Iraque, Omã e Bahrein), Grupo B (Tunísia, Emirados Árabes, Síria e Mauritânia), Grupo C (Marrocos, Arábia Saudita, Jordânia e Palestina) e Grupo D (Argélia, Egito, Líbano e Sudão). A final será decidida no dia 18 de dezembro.
Críticas ao Catar
A Copa do Mundo do Catar será a primeira realizada no Oriente Médio e a única no fim do ano, para fugir do forte calor entre junho e julho. O torneio deve custar, no total, cerca de R$ 1,3 trilhão aos cofres do país.
Desde que foi escolhida como sede do Mundial, o país enfrentou - e ainda enfrenta - críticas. O Catar foi acusado de suborno e corrupção no processo de licitação. Além disso, a Anistia Internacional acusa o governo local de desrespeito aos direitos humanos. Em fevereiro, o jornal britânico The Guardian revelou que mais de 6.500 trabalhadores que migraram para o país para a realização de obras para o Mundial morreram no Catar, desde a escolha da Fifa, em 2010.
O meia Toni Kroos, do Real Madrid e da seleção alemã, foi um dos poucos jogadores que criticaram a realização da Copa do Mundo, no Catar, em 2022. Em um podcast conjunto com seu irmão Félix, detonou as condições dos trabalhadores nas obras do Mundial. "Os imigrantes são submetidos a jornadas de trabalho contínuas, sob temperaturas de 50ºC, não são alimentados de forma digna e não têm acesso a água potável", afirmou.
Relações homossexuais são proibidos por várias leis do país, com penas que variam de um ano a uma década na prisão. Essa é uma grande preocupação da Fifa para a próxima Copa do Mundo. Um dos poucos jogadores de futebol na atualidade a se assumir gay, o lateral-esquerdo australiano Josh Cavallo, do Adelaide United, afirmou que "sentiria medo" de jogar a competição.
Outro ponto polêmico é sobre o consumo de álcool no país, que é proibido em lugares públicos. Apenas locais específicos, como hotéis de luxo e restaurantes, servem bebidas. A discussão sobre a disponibilidade ou não de álcool nos estádios para a Copa do Mundo do Catar acontece desde que o país obteve a concessão para sediar o evento, em 2010.
Os organizadores da Copa do Mundo do Catar prometem que o álcool estará "disponível em locais destinados aos torcedores" das seleções.