Rio de Janeiro – Se Diego Hypólito já era um ídolo brasileiro na ginástica graças aos seus títulos mundiais no solo, Arthur Nory ganhou notoriedade pela primeira vez de forma negativa. Medalhista de bronze na Rio’2016, o atleta paulista, de 22 anos, foi acusado de racismo em maio de 2015. Naquela ocasião, um vídeo postado pelo ginasta na rede social Snapchat mostrava Nory e outros integrantes da seleção brasileira fazendo piadas de cunho racista com Angelo Assumpção, único negro da equipe nacional naquele momento.
No dia em que Arthur Nory chegou ao pódio olímpico, seu treinador, Cristiano Albino, queria deixar as polêmicas no passado. “Eu já errei, você já errou. Todo mundo erra. Foi comprovado judicialmente que era uma briga entre amigos. Foi uma brincadeira entre amigos. Se fosse assim, deveria entrar na Justiça, porque todo mundo me chamava de narigudo na escola. Todo mundo já sofreu com algum tipo de brincadeira”, analisou.
Albino admitiu ter tido divergências com Nory durante a trajetória ao lado do ginasta, mas elogiou sua conduta e dedicação nos treinamentos. “Ele está com a gente há 10 anos, e eu não tenho o que reclamar do Nory. Já tivemos brigas, discutimos bastante quando ele era novo. Até brinco que não sei como ele faz ginástica até hoje, porque eu era muito bravo. Eu sabia muito do potencial dele. Ele é um dos atletas mais dedicados. É uma pessoa extraordinária, de bom coração. Está aí o resultado. Ele merece por tudo que lutou”, observou.
A chegada de Arthur Nory à final do solo foi por muito pouco. Na fase classificatória, ele obteve a nona melhor nota e só entrou entre os oito finalistas em consequência da regra que impede a participação de três ginastas do mesmo país. Assim, Nory herdou a vaga de um japonês, que havia sido o oitavo colocado.
Para poder brigar por um lugar no pódio e surpreender os favoritos, Nory e Cristiano Albino reconheceram que era necessário arriscar e incluir na apresentação movimentos de maior grau de dificuldade. A série apresentada na final no solo jamais havia sido feita por Nory em qualquer outra competição.
“Falei com Cris para a gente dificultar, senão não disputaria nada. Estou muito contente. Depois da prova individual geral, comecei a treinar essa série. Já tinha feito essa série, mas não com esse elemento que fiz. Foi inédito e deu certo”, comemorou o medalhista de bronze.