CAMPEONATO MINEIRO
TJD-MG já investiga suborno a zagueiro do Minas Boca e tem suposto autor na mira
Walter Lima, ex-técnico da Patrocinense, será investigado no inquérito da Procuradoria
postado em 26/03/2014 19:00 / atualizado em 11/08/2014 14:41
O suposto caso de suborno que agita os bastidores do futebol no estado, aos poucos, ganha novos contornos. Nesta semana, o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de Minas Gerais, Manoel de Souza Barros Neto, deferiu pedido de abertura de inquérito do procurador-geral do órgão, Antonio Augusto Mesquita Fonte Boa, para apurar as denúncias feitas pelo Minas Boca.
Segundo notícia de infração apresentada pelo clube de Sete Lagoas, um interlocutor ligado à URT teria oferecido R$ 10 mil para o zagueiro Reginaldo, do Minas, cometer um pênalti na última partida da primeira fase do Campeonato Mineiro a favor do time patense. O defensor recusou a oferta.
O Minas Boca perdeu para a URT por 3 a 1 e acabou rebaixado para o Módulo II, com oito pontos. Com o resultado, a URT foi a 12 pontos, livrando-se do descenso.
“O caso está sendo tratado como prioridade no Tribunal por causa da gravidade da denúncia. Vamos agilizar para resolver esse caso o mais rápido possível”, explicou ao Superesportes o presidente do TJD/MG, sem estabelecer uma previsão para resolução do polêmico episódio.
A primeira medida da Procuradoria será contratar um perito para averiguar se a gravação apresentada pelo Minas Boca e obtida pelo Superesportes em primeira mão é compatível com a voz de Walter Silva, técnico da Patrocinense no início de 2013 e identificado pelo clube de Sete Lagoas como autor do suposto suborno. Outras pessoas citadas no inquérito serão ouvidas, como dirigentes do Minas, o zagueiro Reginaldo, e pessoas citadas na gravação, como o técnico da URT no Mineiro, Luiz Eduardo. Caso o procurador se convença da legitimidade da acusação, será feita uma denúncia ao TJD, que posteriormente julgará o caso.
Inicialmente, dirigentes do Minas Boca acreditavam que o suposto interlocutor da URT na gravação era o supervisor de futebol do clube de Patos de Minas, Walter Souza. Contudo, depois de um mal-entendido, esclareceram na denúncia à Procuradoria que o envolvido era, na verdade, Walter Silva, treinador com carreira no interior do estado. No início de 2013, ele comandou por poucos meses a Sociedade Esportiva Patrocinense. Neste período, dirigiu o zagueiro Reginaldo.
Além de conhecer o atleta, Walter Silva teria um longo vínculo de amizade com o técnico da URT, Luiz Eduardo, conforme apurou a reportagem com pessoas com ativa atuação na Patrocinense. Ambos, inclusive, já trabalharam juntos em outro clube da cidade de Patrocínio, o Clube Atlético Patrocinense (CAP), na década passada.
Em certos momentos da gravação, ‘Valtinho’, acusado pelo Minas Boca de ser Walter Silva, diz que Luiz Eduardo é pessoa próxima a ele. “A palavra do Luiz Eduardo, por mais que ele seja moleque, eu confio nele”, diz ‘Valtinho’ em parte do áudio a que a reportagem teve acesso. O treinador da URT foi procurado pelo Superesportes nos últimos dias, mas não atendeu as chamadas no seu celular.
O advogado da URT, Lucas Ottoni, ainda espera que o clube seja notificado para se manifestar. Essa foi a mesma posição tomada pelo presidente do conselho do clube patense, Roberto Túlio Miranda, ao ser procurado pela reportagem para falar sobre o caso.
O Superesportes teve acesso ao número de celular registrado no aparelho do jogador Reginaldo e que foi apresentado pelo Minas Boca à procuradoria como sendo de Walter Silva. Na manhã desta quarta-feira, a reportagem ligou para o mesmo telefone e o homem que atende, com voz bastante parecida à da gravação do suborno, negou ser ou conhecer Walter. No entanto, ele se mostra nervoso na conversa ao ser indagado sobre o episódio de suborno.
“Estou respondendo para você que não conheço essa pessoa. E você não é a primeira pessoa que eu respondo, com educação acima de tudo. Incomoda. Há quantos com esse nome no Brasil? O cara pode usar seu telefone, por exemplo, pegar, usar seu nome e ligar”, disse a pessoa que atendeu o telefone (confira o áudio da conversa abaixo).
Em uma semana de apuração, a reportagem conversou com jornalistas que cobrem diariamente a URT e os clubes de Patrocínio. Muitos haviam ouvido a gravação do suposto suborno no Superesportes e veem semelhança da voz do interlocutor com a de Walter Silva.
“Na hora em que ouvi o áudio identifiquei que se tratava do Walter. Comparei com alguns áudios que tenho e realmente as vozes são muito parecidas”, disse um radialista do interior do estado em condição de anonimato, com receio de alguma retaliação.
Reserva bancária
Um novo fato promete esclarecer ainda mais o caso, segundo revela o presidente do Minas, Edson Ramos, conhecido como Paredão. Ele relatou à reportagem que um funcionário de um banco de Patos de Minas o informou que uma reserva bancária foi feita em nome da URT. Segundo a acusação, o clube repassaria o dinheiro a algum atleta subornado.
“Um funcionário de um banco de Patos de Minas, o qual não posso revelar, me ligou e falou que um colega recebeu uma solicitação de reserva numerária para a URT utilizar na compra de jogadores do Minas. E comprar neste caso é o suborno. No momento certo, vamos dar mais detalhes sobre isso”, explicou Paredão.
Punição
Caso seja feita uma denúncia ao TJD, a URT pode ser enquadrada no artigo 242 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva por “dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa natural mencionada no art. 1º, § 1º, VI, para que, de qualquer modo, influencie o resultado de partida, prova ou equivalente”. A pena varia de multa de R$ 100 a R$ 100 mil a eliminação da competição.
Segundo notícia de infração apresentada pelo clube de Sete Lagoas, um interlocutor ligado à URT teria oferecido R$ 10 mil para o zagueiro Reginaldo, do Minas, cometer um pênalti na última partida da primeira fase do Campeonato Mineiro a favor do time patense. O defensor recusou a oferta.
O Minas Boca perdeu para a URT por 3 a 1 e acabou rebaixado para o Módulo II, com oito pontos. Com o resultado, a URT foi a 12 pontos, livrando-se do descenso.
“O caso está sendo tratado como prioridade no Tribunal por causa da gravidade da denúncia. Vamos agilizar para resolver esse caso o mais rápido possível”, explicou ao Superesportes o presidente do TJD/MG, sem estabelecer uma previsão para resolução do polêmico episódio.
A primeira medida da Procuradoria será contratar um perito para averiguar se a gravação apresentada pelo Minas Boca e obtida pelo Superesportes em primeira mão é compatível com a voz de Walter Silva, técnico da Patrocinense no início de 2013 e identificado pelo clube de Sete Lagoas como autor do suposto suborno. Outras pessoas citadas no inquérito serão ouvidas, como dirigentes do Minas, o zagueiro Reginaldo, e pessoas citadas na gravação, como o técnico da URT no Mineiro, Luiz Eduardo. Caso o procurador se convença da legitimidade da acusação, será feita uma denúncia ao TJD, que posteriormente julgará o caso.
Inicialmente, dirigentes do Minas Boca acreditavam que o suposto interlocutor da URT na gravação era o supervisor de futebol do clube de Patos de Minas, Walter Souza. Contudo, depois de um mal-entendido, esclareceram na denúncia à Procuradoria que o envolvido era, na verdade, Walter Silva, treinador com carreira no interior do estado. No início de 2013, ele comandou por poucos meses a Sociedade Esportiva Patrocinense. Neste período, dirigiu o zagueiro Reginaldo.
Além de conhecer o atleta, Walter Silva teria um longo vínculo de amizade com o técnico da URT, Luiz Eduardo, conforme apurou a reportagem com pessoas com ativa atuação na Patrocinense. Ambos, inclusive, já trabalharam juntos em outro clube da cidade de Patrocínio, o Clube Atlético Patrocinense (CAP), na década passada.
Em certos momentos da gravação, ‘Valtinho’, acusado pelo Minas Boca de ser Walter Silva, diz que Luiz Eduardo é pessoa próxima a ele. “A palavra do Luiz Eduardo, por mais que ele seja moleque, eu confio nele”, diz ‘Valtinho’ em parte do áudio a que a reportagem teve acesso. O treinador da URT foi procurado pelo Superesportes nos últimos dias, mas não atendeu as chamadas no seu celular.
Áudios das ligações entre Reginaldo e o suposto Walter
O advogado da URT, Lucas Ottoni, ainda espera que o clube seja notificado para se manifestar. Essa foi a mesma posição tomada pelo presidente do conselho do clube patense, Roberto Túlio Miranda, ao ser procurado pela reportagem para falar sobre o caso.
O Superesportes teve acesso ao número de celular registrado no aparelho do jogador Reginaldo e que foi apresentado pelo Minas Boca à procuradoria como sendo de Walter Silva. Na manhã desta quarta-feira, a reportagem ligou para o mesmo telefone e o homem que atende, com voz bastante parecida à da gravação do suborno, negou ser ou conhecer Walter. No entanto, ele se mostra nervoso na conversa ao ser indagado sobre o episódio de suborno.
“Estou respondendo para você que não conheço essa pessoa. E você não é a primeira pessoa que eu respondo, com educação acima de tudo. Incomoda. Há quantos com esse nome no Brasil? O cara pode usar seu telefone, por exemplo, pegar, usar seu nome e ligar”, disse a pessoa que atendeu o telefone (confira o áudio da conversa abaixo).
Em uma semana de apuração, a reportagem conversou com jornalistas que cobrem diariamente a URT e os clubes de Patrocínio. Muitos haviam ouvido a gravação do suposto suborno no Superesportes e veem semelhança da voz do interlocutor com a de Walter Silva.
“Na hora em que ouvi o áudio identifiquei que se tratava do Walter. Comparei com alguns áudios que tenho e realmente as vozes são muito parecidas”, disse um radialista do interior do estado em condição de anonimato, com receio de alguma retaliação.
Áudio da ligação da reportagem para o suposto Walter
O zagueiro Reginaldo não foi encontrado para esclarecer o caso de suposto suborno. Contudo, via assessoria de imprensa do Minas Boca, o atleta disse que está à disposição da Justiça para dar explicações sobre o episódio.
Reserva bancária
Um novo fato promete esclarecer ainda mais o caso, segundo revela o presidente do Minas, Edson Ramos, conhecido como Paredão. Ele relatou à reportagem que um funcionário de um banco de Patos de Minas o informou que uma reserva bancária foi feita em nome da URT. Segundo a acusação, o clube repassaria o dinheiro a algum atleta subornado.
“Um funcionário de um banco de Patos de Minas, o qual não posso revelar, me ligou e falou que um colega recebeu uma solicitação de reserva numerária para a URT utilizar na compra de jogadores do Minas. E comprar neste caso é o suborno. No momento certo, vamos dar mais detalhes sobre isso”, explicou Paredão.
Punição
Caso seja feita uma denúncia ao TJD, a URT pode ser enquadrada no artigo 242 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva por “dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa natural mencionada no art. 1º, § 1º, VI, para que, de qualquer modo, influencie o resultado de partida, prova ou equivalente”. A pena varia de multa de R$ 100 a R$ 100 mil a eliminação da competição.