A seleção brasileira perdeu por 4 a 2 para Senegal e virou piada entre os torcedores. É a primeira vez que a equipe sofre quatro gols desde o 7 a 1 na Copa do Mundo de 2014, o que acontece num momento em que não existe treinador e nem diretor efetivos na estrutura da CBF.
A seleção é dirigida interinamente por Ramon Menezes, que tem duas derrotas em três jogos, com sete gols sofridos e sete gols marcados, enquanto espera por Carlo Ancelotti. Essa espera pode durar mais um ano, que é quando o contrato dele acaba no Real Madrid.
Em meio à espera, a seleção escancara um período de aparente abandono baseado em três pilares.
Convocação foi feita às pressas
A lista de convocados para os amistosos foi anunciada no dia 28 de maio, um domingo. O dia não é habitual na rotina da seleção, que costuma fazer eventos na sede da CBF às sextas-feiras, com grande presença de imprensa e convidados. O motivo do improviso é que o técnico responsável pela lista não estava no Brasil.
Ramon viajou da Argentina de última hora só para anunciar a lista de convocados. No sábado, ele trabalhou num jogo da seleção sub-20, que dirigia no Mundial da categoria fora do país. A CBF pensava até em divulgar a lista virtualmente, mas mudou os planos e decidiu promover o "bate-volta".
CBF não se manifesta sobre técnico
Durante todo o período na Europa, a CBF não se manifestou sobre ter entrado em acordo com Ancelotti. Todas as informações são apurações de diferentes jornalistas no Brasil e fora. A falta de posicionamento da entidade gera informações conflituosas e até ironias.
Um exemplo disso: o jornal "Ás" publicou nesta terça-feira que não existe acordo e que Ancelotti se irrritou com o vazamento deste possível acordo. A notícia gerou muita repercussão negativa no Brasil, como se não houvesse garantia da realização do negócio e o Brasil estivesse dando um tiro no escuro.
Seleção opera com poucos funcionários
A saída do técnico Tite e do coordenador Juninho Paulista resultou num esvaziamento da comissão técnica da seleção brasileira. A ausência de processos internos no dia a dia da CBF, como análise de desempenho de atletas e observação de dados, fez com que alguns profissionais antes dispensados fossem "resgatados" para o dia a dia.
O abandono é sintetizado no fato de que a seleção não teve coordenador em seus amistosos na Europa. O presidente da CBF Ednaldo Rodrigues fez o papel, já que Ricardo Gomes não viajou com a delegação em razão de um quadro de dengue. Ricardo Gomes faz a função de forma interina desde a saída de Juninho.