Habituados a contar com grandes estrelas ofensivas, Brasil e Argentina acompanharam de perto a evolução de seus goleiros nos últimos tempos. Essa transformação é simbolizada pelos bons desempenhos de Ederson e Alisson, titulares de Manchester City e Liverpool, respectivamente, e de Emiliano Martínez, novo astro do Aston Villa. Ao atuar num dos campeonatos mais difíceis do mundo, a Premier League, eles atingiram o ápice de suas formas e capacidades, o que se transforma em uma garantia a mais de segurança para suas defesas no clássico deste sábado, às 21h, no Maracanã, na decisão da Copa América. A decisão do torneio  terá transmissão do SBT/Alterosa para todo o país pela TV aberta.

 

 

Tite usou a competição para dar rotatividades aos três goleiros, candidatos a ir à Copa do Mundo do Catar, no ano que vem – Weverton, do Palmeiras, revezou com os dois atletas que jogam na Inglaterra. O trio ajudou muito a equipe a manter o posto de melhor defesa do torneio, com apenas dois gols sofridos, ambos na fase inicial, contra Colômbia e Equador. O desempenho defensivo do time verde-amarelo sob o comando de Tite é muito positivo: os brasileiros foram vazados 19 vezes em 60 jogos, média de 0,31 por partida.

Único dos três a não sofrer gol, Ederson, de 27 anos, vive a melhor fase de sua carreira, beneficiado pelo bicampeonato nacional com os Citizens e por ter chegado pela primeira vez à final da Liga dos Campeões. Jogador de confiança de Pep Guardiola, ficou fora de apenas três dos jogos, todos por lesão na coxa direita – foi preservado também nos cinco jogos que culminaram no título da Copa da Liga Inglesa. 

Nos bastidores, Éderson tem sido elogiado pela enorme capacidade de jogar com os pés e pelo alto índice de passes e lançamentos (acima de 80%), algo exigido dos goleiros atualmente. Se, antes, havia o reinado de Alisson na Copa do Mundo de 2018 e na Copa América de 2019, o goleiro do Manchester City assumiu a posição de titular na Copa América a partir do jogo contra o Chile, pelas quartas de final, e não saiu mais. Graças aos respaldos de Taffarel e Marquinhos, dois preparadores de goleiros, conquistou também a confiança de Tite, depois de ter ficado na reserva por três anos.

“Claro que eu pude fazer uma grande temporada esse ano, fui bem com o meu time, individualmente e coletivamente. Isso conta muito. Sabemos que na seleção não tem lugar cativo. A oportunidade surge do nada, temos que estar preparados. Ao longo da minha carreira em muitas ocasiões eu fiquei à espera de uma oportunidade e quando tive eu acabei agarrando”, afirmou Ederson, que já atuou 15 vezes pela Seleção, com seis gols sofridos. 

Alisson também não é carta fora do baralho de Tite, que enaltece que o momento individual será determinante na escolha dos titulares. O goleiro do Liverpool viveu drama particular recente, com a morte prematura do pai num acidente na fazenda da família, algo que interferiu no seu rendimento.

 

Depois de conquistar a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes em 2019, terminou sem títulos em 2021. Por outro lado, fez o primeiro gol pela equipe,o da vitória sobre o West Bromwich por 2 a 1, pelo Campeonato Inglês.

 

A Argentina tem também seu paredão. Com exceção de Messi e Di Maria, talvez nenhum jogador do país tenha chamado tanta atenção quanto Emiliano Martínez, de 28 anos, que jogou pelo Aston Villa, 11º colocado no Campeonato Inglês. Apelidado de “Dibu”, ele antes jogou por 10 anos no Arsenal sem aparecer muito e também defendeu as cores do Oxford (quarta divisão inglesa), Rotherham United, Wolverhampton, Getafe (Espanha) e Reading. 

A transferência para o time de Birmingham ocorreu depois do pagamento de 21,5 milhões de euros (R$ 115 milhões) aos Gunners, elevando o jogador ao posto de goleiro mais caro da história da Argentina. Detalhe: ele nunca jogou por um clube do país profissionalmente. Em sua equipe, assumiu rapidamente a titularidade e ficou 15 jogos sem levar gols na última temporada. Foram 39 jogos como titular e 46 gols sofridos. Com ele em campo, o time obteve 16 vitórias, oito empates e 15 derrotas.

Na Seleção, Martínez conquistou seu espaço depois que Armani contraiu coronavírus e teve de ficar em isolamento. Lionel Scaloni concedeu a chance ao jogador nascido em Mar del Plata justamente por estar com ritmo de jogo. Desde então, atuou sete vezes com a camisa alviceleste (duas pelas Eliminatórias Sul-Americanas) e levou cinco gols.

 

Foi na semifinal, na disputa por pênaltis diante da Colômbia, que Martínez teve seu maior brilho, ao pegar as cobranças de Sánchez, Mina e Cardona, garantindo os argentinos na decisão depois de 10 anos. Não é por acaso que o Messi o chamou de “fenômeno” após a partida em Brasília.

Sobre a decisão com o Brasil, o goleiro se mantém otimista: “O Brasil tem um timaço. Eles são candidatos (ao título) desde o primeiro dia, mas temos um grande treinador (Lionel Scaloni), o melhor do mundo (Messi) e vamos ganhar. É um trabalho de 70 pessoas, que viemos por um sonho. Nós dissemos no antes do torneio que queríamos chegar à final. O que é melhor do que jogar contra o Brasil na sua casa?”. 

 

 

 

Nascimento: 17/8/1993, em Osasco-SP

Altura e peso: 1,88m e 88kg

Clube: Manchester City

Números em 2021 (pelo clube): 48 jogos e 33 gols sofridos

Títulos na temporada: Campeonato Inglês e Copa da Liga Inglesa

Pela Seleção (total): 15 jogos e 6 gols sofridos

Nascimento: 2/9/1992, em Mar del Plata

Altura e peso: 1,95m e 90kg

Clube: Aston Villa

Números em 2021 (pelo clube): 39 jogos e 46 gols sofridos

Títulos na temporada: nenhum

Pela Seleção (total): 7 jogos e 5 gols sofridos