Pista radical inspira voos e sonhos olímpicos no Parque das Mangabeiras, em BH (Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

Enquanto as manobras da campeã olímpica Rayssa Leal, de 14 anos, renderam a sua primeira medalha no skate pelos X games, no Japão, na manhã deste domingo (24/04), em Belo Horizonte, a turma radical do shape sobre rodas já voava de olho em uma vaga na Seleção Brasileira no Parque Municipal das Mangabeiras.




A pintura nova, radical e impecável da tradicional pista de skate do parque estimulou a criatividade e a ousadia. Um incentivo aos atletas amadores que vislumbram o sonho olímpico e se lançaram entre as rampas e obstáculos pela seletiva Minas Gerais e Centro-Oeste.

A competição reserva três vagas masculinas e femininas e ocorre também em outras regiões brasileiras. Os vencedores serão reunidos na grande final brasileira, ainda sem local definido, que está programada para ocorrer em novembro, valendo vaga para a seleção brasileira de skate e um início de sonho olímpico.

Se nas pistas orientais Rayssa se mostrou mais uma vez um fenômeno com apenas 14 anos, no ocidente uma das qualificadas da etapa Belo Horizonte foi a estudante de educação física Janaína Renata de Almeida, de 41 anos. Ela conta que anda de skate desde os 19 anos e diz ser a única mulher em BH que tem certificado para dar aulas como instrutora.




"Estamos aí, para acabar com esse paradigma de que o skate é para alguns. Não. É para todos. Essa pista do Mangabeiras é um referencial para a gente. Tão boa que não por acaso está sediando a seletiva", disse.

Já conhecedora da pista do Mangabeiras, a atleta achou importante a revitalização que ocorreu e considerou isso combustível a mais para vencer. "Quando a gente determina algo, a gente colhe. Eu falei que queria aquele trofeu, vim aqui, andei bem, vieram competidoras de Brasília, de Goiás, de BH e deu bom (ela venceu)", comemorou.

No sábado, ela competiu com atletas de 9 anos a 41 anos, da categoria Feminino 1 (até 20 anos) e Feminino 2 (mais de 20 anos).

Como não poderia deixar de ser, Janaína reconheceu o sucesso de Rayssa leal, mas destacou a importância de todas que trilharam o caminho que a levou ao patamar em que está no alto dos pódios. "A Rayssa é um fenômeno que abriu várias portas. Sem deixarmos de lembrar que temos outras meninas que já remavam antes. Ela trouxe o boom, mas houve outras fadinhas. Outras princesas. Outras bonecas", disse.




Um dos produtores da classificatória regional e produtor do evento, Humberto Oliveira de Souza elogiou as condições da pista do parque com sua pintura radical. "O primeiro contato que teremos de uma pista de campeonato será sempre visual. Mas, para o atleta, quando você vê uma pista assim, sabe que tem uma impecável, que a manutenção é das melhores para o skate e para o público em geral e isso ajuda também na fluidez do skate criando uma camada que ajuda a rodar bem", avalia.

Ainda segundo o produtor, condições boas são diretamente responsáveis por manobras melhores e mais incisivas. "Quanto melhor a pista, melhor vai ser o desempenho. É fato que o atleta vai ter mais segurança para arriscar muito mais, ser mais rápido, tentar aquela manobra que vai encantar a todos", disse Souza, que não poupou elogios à Prefeitura de Belo Horizonte e a um dos organizadores pela Federação Mineira de Skate, Maurício Massote.

O presidente da Fundação de Parques Municipais, Sérgio Augusto Domingues conta que a pista do Mangabeiras e outras mais vêm recebendo melhorias desde antes das olimpíadas de 2021. A pista do Mangabeiras e a sua parte de street tinha sido revitalizada para se enquadrar nos requisitos de uma seletiva pré-olímpica. "Estamos credenciando as nossas pistas para que os skatistas tenham experiências de nível olímpico. Agora que estamos junto com a federação (mineira de Skate), em parceria, para o campeonato de street fizemos um tratamento em rachaduras para que a pista ficasse perfeita", observa Domingues.




Sobre a pintura radical que tem chamado a atenção de competidores, público e se tornado febre nas redes sociais, o administrador revela ter sido uma abordagem mais ousada. "Optamos por uma pintura mais radical e de impacto, que trouxesse a atmosfera que é própria do skate. Daí essa conotação artística para a competição e assim tentamos elevar o skate na nossa cidade e no estado", afirma.

Em BH há ainda pistas municipais importantes no Parque Municipal da Lagoa do Nado, a pista do parque Julien Rien e seguem os processos entre secretarias para a revitalização da nostálgica pista de Bow do Parque Ismael de Oliveira Fábregas, no Nova Floresta.