Durante dois dias, integrantes de comissões técnicas, gestores e empresários também trocaram experiências (Foto: Matheus Muratori/EM/DA Press)

Chegou ao fim neste domingo a segunda edição do Congresso Olímpico Brasileiro, realizado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em Salvador, capital da Bahia. Com uma série de palestras, debates e solenidades em geral, o evento abordou o futuro do esporte a partir da interação com a comunidade esportiva nacional e até internacional.




Entre a manhã desse sábado e a tarde deste domingo, 28 painéis propuseram debates e reflexões sobre o esporte olímpico brasileiro e internacional. Ao todo, mais de 20 autoridades, entre ex-atletas e pessoas ligadas ao à prática esportiva em alto nível, participaram do congresso. Entre elas, o ministro da Cidadania, João Roma, e o senador, ex-jogador de futebol e medalhista de prata em Seul-1988, Romário (PL).

Na abertura, nesse sábado, o presidente do COB, Paulo Wanderley, afirmou que "o Congresso Olímpico Brasileiro foi criado para ser um dos principais fóruns de discussão do esporte em nosso país. Esta é uma oportunidade de reafirmar nosso compromisso com a evolução do esporte brasileiro, que não se dá apenas nas quadras, pistas, piscinas e tatames, mas também de boas ideias, de conhecimento, de informação e, acima de tudo, de planejamento".

Representante do Comitê Olímpico Internacional (COI) no evento, o estadunidense Lenny Abbey, líder de engajamento junto aos comitês olímpicos nacionais, também elogiou a iniciativa do COB. A primeira edição do congresso aconteceu em 2019, na cidade de São Paulo, e a edição de 2022 aconteceria em outubro de 2021, mas foi adiada devido à pandemia de COVID-19.




"Essa edição do Congresso Olímpico acontece em um momento muito importante, no início de um ciclo olímpico. O COI está muito feliz em se reunir com o COB para perseguir a nossa Agenda 2020+5, para o bem da raça humana. Só poderemos ir mais alto, mais rápido e mais forte se nos unirmos. E é com esse espírito olímpico que desejo discussões frutíferas e um evento de sucesso", disse.

O congresso contou também com vários estandes com informações sobre biomecânica, bioquímica e nutrição, fisiologia, preparação mental, publicações do esporte, desenvolvimento esportivo entre outros. O evento, sediado no Centro de Convenções Salvador, teve uma área para apresentação de esportes como breaking, skate, tiro com arco e pentatlo moderno: tiro laser.

A campanha do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, em 2021, também foi lembrada. Foram 21 medalhas (7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes, que renderam o 12° lugar) e a melhor participação em Olimpíadas do país na história, todas registradas com um estande no evento.




Também houve um espaço para homenagens. Fofão, ex-jogadora de vôlei, Aurélio Miguel, ex-judoca, e Servílio de Oliveira, ex-pugilista, foram introduzidos ao Hall da Fama do COB. Também houve a escolha do Sistema Isports Para Talentos Esportivos como vencedor do Prêmio Esporte Inovação, que visa ao apoio de projetos de gestão e inovação.

Ex-jogadora de basquete, Janeth Arcain elogiou a realização deste evento. Ela participou de uma mesa de conversa sobre racismo, denominada "Esporte antirracista: todo mundo sai ganhando".

"Antigamente, não tinha, tanto que esse é o segundo congresso. Principalmente vindo do COB, nosso órgão maior em termo esportivo nacional. Então, esse congresso, acho que ele serve justamente para esse compartilhamento de experiências, compartilhamento de resultados e também de perspectivas para as próximas seleções, próximas gerações e para o que o esporte pode trazer para nós", afirmou, ao Superesportes.




Campeão olímpico em 2004 e vice em 2008 e 2012, Rodrigão, ex-jogador de vôlei, foi outro a elogiar a realização de um evento com essa temática.

"É muito bacana até para a gente ter conhecimento sobre alguns assuntos que a gente não vive todos os dias. As palestras foram muito boas, essa questão de trazer inovações para o esporte é muito interessante, tive prazer de poder passar em alguns estandes. Congresso está de parabéns, comitê apoiando esporte não só dentro de quadra como fora", disse, à reportagem.

Ouro no salto e prata no individual geral em Tóquio-2021, a ginasta Rebeca Andrade disse que a troca de informações e experiências é fundamental para manter um bom rendimento.




"Eu acho que abre portas e os olhos de muitos atletas, porque aqui temos troca de saberes. São vários profissionais de áreas diferentes que se juntam em equipe para fazer trocas de informações. Para mim, estar aqui é um prazer, de verdade. Tem muitos profissionais que trabalham comigo e conheço, outros novos, é sempre bom conhecer um pouco mais", disse, questionada pelo Superesportes.

Aos 22 anos, Rebeca é tida como uma das esperanças para os próximos Jogos Olímpicos, em Paris, na França, em 2024. Ela comenta que mantém o ritmo que teve na preparação para Tóquio, onde fez história.

"Estou levando de maneira bem tranquila, assim, apesar de ter menos tempo, o treinamento é o mesmo, o foco é o mesmo, o empenho é o mesmo. Não tem muita coisa o que mudar, acho que só depende de mim e dos profissionais que trabalham comigo, sempre a minha saúde e meu trabalho. Acordo todos os dias com a mesma vontade de vencer, como foi sempre", afirmou.




Ainda não há previsão para um próximo Congresso Olímpico Brasileiro mas a tendência é que ele aconteça de dois em dois anos. A edição de 2022 aconteceu este ano pois, em outubro de 2021, a pandemia de COVID-19 impediu a realização do evento. Com isso, há expectativa quanto a um evento em 2023 ou 2025, mas ainda sem confirmação.
 
* O repórter cobriu o evento in loco a convite do COB