Peng Shuai desapareceu após acusar o ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli de abuso sexual (Foto: William WEST/AFP)


As autoridades chinesas afirmaram, nesta terça-feira, que o caso da tenista Peng Shuai, que denunciou abusos sexuais sofridos por parte de um ex-dirigente do Partido Comunista, está sendo exagerado de maneira "maliciosa", após a preocupação internacional expressada com o paradeiro da atleta.




"Eu penso que algumas pessoas deveriam parar de exagerar de maneira deliberada e maliciosa, parar de politizar o tema", afirmou o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian.

Até esta terça-feira, o ministério chinês das Relações Exteriores havia se recusado a fazer quaisquer comentários sobre o assunto, alegando que não dizia respeito à esfera diplomática.

Mas Zhao Lijian finalmente reagiu ao tema, que deixou o país no centro da atenção internacional nas últimas semanas. O porta-voz, entretanto, não explicou a que pessoas se referia em suas declarações.




Peng Shuai, de 35 anos, acusou no início de novembro o ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli de tê-la obrigado a manter um relacionamento há três anos. Após a denúncia, a tenista desapareceu por duas semanas.

Vários tenistas consagrados, de Chris Evert a Novak Djokovic, e diversos governos de países ocidentais, pediram a Pequim que revelasse detalhes sobre o paradeiro da atleta e seu estado de saúde.

Peng Shai, que já foi campeã de duplas de Wimbledon e Roland Garros, apareceu no domingo em uma videoconferência com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach. Ela disse que está bem.




A WTA, organismo que dirige o circuito profissional do tênis feminino, ameaçou se retirar da China se o regime do presidente Xi Jinping não apresentasse detalhes sobre as acusações feitas pela atleta.

O tema continua sendo um tabu na China, tanto na imprensa como nas redes sociais. A campanha MeToo contra o assédio sexual é incipiente neste país e até agora não afetou homens que ostentam ou ostentaram cargos importantes.