Paulo Bracks concedeu a sua terceira coletiva pelo Vasco (Foto: Daniel Ramalho/Divulgação)


 
O momento do Vasco definitivamente não é bom. Na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o cruz-maltino está há sete jogos sem vencer. Para piorar a situação, são três derrotas seguidas. Assim, na última terça-feira (30), aconteceu algo incomum nos últimos meses do clube: o diretor de futebol Paulo Bracks concedeu uma entrevista coletiva para falar sobre a fase do clube.



 
Dugout


Desde setembro de 2022, quando foi apresentado no Vasco, Paulo Bracks só concedeu três entrevistas coletivas. Na sua própria apresentação, no dia 1º de setembro, e em dezembro do último ano, para falar sobre o planejamento para a atual temporada. 
 
Antes desta terça-feira, além das coletivas, Bracks já havia feito dois pronunciamentos, sem espaço para questionamentos. Um após a confirmação do acesso para a Série A, em Itu, em novembro de 2022. E outro no começo de abril, no final da janela de transferências, para fazer um balanço do mercado do Vasco.
 
Internamente, há um entendimento de que os processos como SAF, uma empresa, devem ser feitos de forma diferente do são feitos em um clube associativo. E de como era feito no Vasco há cerca de 20 anos. E isso inclui, de certa forma, não ter a necessidade de dirigentes estarem concedendo entrevistas a todo e qualquer momento. Jogadores concedem entrevistas toda semana, o que é exceção no atual cenário do futebol brasileiro. Mas as falas públicas de dirigentes são raras - o que, por outro lado, também não é, de fato, comum no país.




Mas, desde a última semana, o Vasco tem convivido com protestos dos torcedores. Além do próprio diretor de futebol, o CEO Luiz Mello e o técnico Maurício Barbieri são os principais alvos dos torcedores, que protestaram na frente do escritório da SAF, no CT Moacyr Barbosa e no desembarque do elenco após a derrota para o Fortaleza. E isso parece ter mudado a situação em relação as poucas entrevistas do diretor de futebol.
 

CEO do Vasco foi acusado de ser flamenguista (Foto: Reprodução)



Coletiva de Bracks enche sala do CT do Vasco


Bracks costuma ter conversas informais com os jornalistas no CT Moacyr Barbosa, em dias de coletivas, e, às vezes, depois dos jogos. Mas, como não concedia uma coletiva desde dezembro do ano passado, havia uma certa expectativa pela coletiva desta terça-feira, principalmente pelo momento do clube. Assim, a sala de imprensa do CT Moacyr Barbosa estava cheia como poucas vezes se viu recentemente.

Em cerca de uma hora e meia, Paulo Bracks falou sobre o trabalho de Barbieri, fez auto-críticas pela montagem "desequilibrada" do elenco e admitiu que será preciso corrigir rotas neste Campeonato Brasileiro. Mas reforçou a confiança no treinador e no elenco que foi montado por ele próprio na primeira janela de transferências do ano. 




Em alguns momentos, tentou fugir de polêmicas, ao não comentar sobre falas de Josh Wander, sócio-proprietário da 777 Partners, e de Abel Braga, diretor técnico do clube, que teriam, de certa forma, "iludido" o torcedor do Vasco. Questionado sobre tais falas de representantes do clube, Bracks disse que só poderia responder sobre o que ele mesmo disse.
 

Caneta está na mão do financeiro 


Paulo Bracks também jogou uma parte da responsabilidade pelas contratações para o setor financeiro. De acordo com o dirigente, já houve um pedido para o adiantamento de verbas, mas ele ainda não foi respondido.

- Vou trabalhar com o que me for oficializado. Tem uma pequena reserva que não foi usada na primeira janela, que é uma reserva que não permite fazer grandes movimentos. Fizemos a reivindicação para que venha um investimento maior, mas não tenho a resposta para dar agora. Vamos fazer os movimentos necessários para qualificar o elenco dentro do limite que nos for passado por quem é responsável pela pasta, que ainda bem que não sou eu - disse Bracks.



 
 

- Apresentei o planejamento e o projeto dessa reivindicação. A partir dali, já não é comigo. Eu já não tenho mais a caneta. E é natural que eu não tenha. Existem pessoas que têm essa função, tanto no âmbito da 777, quanto do Vasco. Novamente, fiz isso nessa outra reunião presencial que tivemos na França. A reivindicação já foi feita, que passa pela correção de alguns buracos no elenco - completou o dirigente em outra resposta, citando uma reunião que teve com a 777 Partners na Europa.

Apesar da longa coletiva, em muitos momentos as respostas eram repetitivas sobre confiança no atual elenco, mas também ter a necessidade de corrigir rota. Ainda sem novidades, resta ao torcedor do Vasco, além de torcer, seguir confiando no processo.