Afastado pela diretoria do Santos por causa do suposto envolvimento com um esquema de manipulação de jogos, o zagueiro Eduardo Bauermann ainda não começou a treinar separadamente no CT Rei Pelé. Abalado com as citações do seu nome em conversas de aplicativo flagradas na operação Penalidade Máxima II, do Ministério Público de Goiás, o jogador adotou o confinamento no seu apartamento, em Santos, para preservar a família dos episódios revelados nos últimos dias.
Segundo apurou o Superesportes, Bauermann aguarda uma definição da cúpula alvinegra para saber quando terá que se reapresentar ao clube. Essa decisão ainda não foi tomada pelo Comitê de Gestão alvinegro.
O órgão, que evita tocar ou dar detalhes do assunto, mantém contato com o departamento jurídico santista e analisa como será o período de treinamentos do jogador no CT.
O departamento de futebol também permanece à espera de uma definição para elaborar a programação do atleta em horários alternativos às atividades do elenco profissional.
Na reunião de terça-feira (9), quando o zagueiro foi informado do afastamento, a direção avisou que ele teria que comparecer ao CT Rei Pelé para cuidar da parte física enquanto não há desdobramentos legais do caso.
Bauermann não teme ser banido do futebol
Bauermann decidiu se isolar nos últimos dias. Ele trocou o número de telefone e tem conversado com um pequeno círculo de amigos, familiares e membros do seu estafe.
Responsável pela defesa jurídica do zagueiro de 27 anos, a advogada Ana Paula Corrêa explicou que tem estudado profundamente o caso e que o cliente está convicto de sua inocência. Ele não teme ser punido pela Justiça com o banimento do futebol, uma das penas possíveis para o caso em que é investigado.
- Ele nega participação em qualquer esquema de manipulação de resultados. Ao longo da instrução processual vamos provar sua inocência. Demais manifestações só se darão nos autos do processo, por entender que essa é a melhor forma de preservar os interesses do atleta - diz a advogada.
Ana Paula foi contratada por Bauermann assim que o jogador tomou conhecimento que era alvo da investigação, por meio do cumprimento de buscas da operação.
Questionada se Bauermann tentou um acordo de não persecução penal com o promotor de Justiça do MP de Goiás, o que consiste em confessar formalmente e com detalhes tudo que fez para ficar livre de pena, Ana Paula explica que isso não seria interessante para o zagueiro.
- Não, porque não seria adequado para ele. Temos convicção na sua inocência - relata.
Entenda o caso
Bauermann é investigado pelo Ministério Público de Goiás por ações em duas partidas do Brasileirão de 2022:
- Santos x Avaí (Brasileirão Série A, 5 de novembro de 2022): oferta de valor não precisado (50 mil reais pagos com antecedência) para que Eduardo Bauermann, do Santos, tomasse um cartão amarelo;
- Botafogo x Santos (Brasileirão Série A, 10 de novembro de 2022): após não tomar cartão amarelo contra o Avaí, Bauermann recebeu uma nova proposta de valor não confirmado, desta vez para ser expulso.
Na Operação Penalidade Máxima II, os agentes do MP-GO investigam pelo menos 20 partidas das Séries A e B do Brasileirão de 2022, além de dois campeonatos estaduais de 2023. As informações sobre a nova denúncia e os jogos investigados foram revelados pela Veja.
A nova denúncia foi feita com base em conversas de aplicativos de mensagens. Através delas, os investigadores puderam encontrar os valores oferecidos a cada atleta para que tomasse cartões amarelos ou vermelhos, ou até cometessem pênaltis.
O MP-GO pede a condenação do grupo liderado por Bruno Lopez e o ressarcimento de 2 milhões de reais aos cofres públicos por danos morais coletivos.