Lisca comparou a própria saída do América com o os últimos dias de Paulo Pezzolano no Cruzeiro. Nessa terça-feira (21/3), o treinador falou sobre a dificuldade de renovação do elenco e o processo de mudança quando o time sobe da Série B para a Série A do Campeonato Brasileiro.
Para Lisca, Pezzolano também se sentiu frustrado com algumas situações na Raposa e por isso pediu para deixar o clube.
"Eu acho que é quando ele não consegue mais melhorar o processo. Através de situações que ele possa mudar, o resultado não vai ser aquilo que ele espera. O Pezzolano me lembrou muito o que aconteceu comigo no América", disse, à Rádio 98FM.
Em seguida, o técnico brasileiro comparou os desempenhos dos rivais e ressaltou o fato de a maioria dos times que subiram de Divisão terem trocado de treinadores. Em 2023, este foi o caso de Bahia e Vasco.
"Essa troca da B para a A é bem complicada. O treinador que está na B, começa na A. Me diz qual foi o treinador no ano passado que deu sequência?", disse.
"O Cruzeiro tem protestos, situações contra o Ronaldo. Se tu for ver, há quatro meses atrás estava todo mundo feliz com a evolução do Cruzeiro. Tem que sair a maioria dos jogadores, fazer um grupo novo, aqueles jogadores que brigaram contigo, você não consegue valorizá-los. O caso do Cruzeiro é diferente, porque trocou quase todo o plantel", completou.
Mudanças em América e Cruzeiro
Lisca também comparou as mudanças nos elencos de América e Cruzeiro nos primeiros anos na volta à Série A. Para o técnico, tanto ele quanto Pezzolano gostariam de mais contratações.
"O América manteve quase todo o plantel, é um pouco diferente, porque tem que tirar alguns jogadores. Algumas coisas demoram um pouco, até por questão financeira", afirmou.
"No Cruzeiro está bem claro, não vai chegar contratando jogador. É difícil para o treinador, ainda mais para o vencedor, que foi ele, que ganhou quase tudo que é jogo. Começa a perder, não chegar, se frustar, e por isso decidiu essa situação", completou.
Por fim, Lisca revelou que o atual presidente SAF do América, Marcus Salum, tentou convence-lo a ficar no América, assim como feito pela diretoria do Cruzeiro com Pezzolano.
"Permanecer mais um pouco foi questão de parceria. Isso aconteceu comigo no América, conversei com o Salum, ele pediu para tentarmos mais um pouco. Até que chegou ao momento que chegamos à conclusão", disse.
Lisca e Pezzolano
Contratado em 30 de janeiro de 2020, Lisca permaneceu no América por mais de 500 dias. O trabalho de um ano e quatro meses rendeu aproveitamento total de 59,7%, com 40 vitórias, 27 empates e 15 derrotas em 82 jogos.
Sob o comando do treinador, o Coelho foi à semifinal da Copa do Brasil de 2021, à final do Mineiro naquele ano, e conseguiu o acesso à Série A em 2020.
Pezzolano, por sua vez, deixou o comando do Cruzeiro no domingo, após a eliminação na semifinal do Campeonato Mineiro.
Contratado em janeiro de 2022, o uruguaio dirigiu o Cruzeiro em 68 partidas, com 38 vitórias, 13 empates e 17 derrotas. Seu principal feito foi a conquista da Série B do ano passado, com 78 pontos em 38 rodadas, que garantiu o retorno à elite do Brasileiro.