Após o Cruzeiro anunciar o rompimento da parceria com o Mineirão, o secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Fernando Marcato, disse que o Estado tem direito a 66 datas para realizar partidas de futebol no estádio durante o ano. A revelação foi feita durante coletiva de imprensa, nesta terça-feira (24).
"Nós temos direito a 66 datas para o futebol por ano. Se é gratuito ou não, eu tenho que perguntar aos meus advogados, porque eu também não posso fazer caridade com o chapéu do contribuinte. Até porque, eu tenho contribuinte cruzeirense, atleticano, americano e flamenguista", iniciou.
Marcato também afirmou que, após discutir novamente o contrato com a Minas Arena - empresa que administra o Gigante da Pampulha -, poderá negociar diretamente com os clubes para ampliar a demanda de jogos.
"Então, eu não posso usar o dinheiro do Estado, de imposto, para dar dinheiro para o clube, que é o que a gente é completamente contra. Agora, eu posso sim, eventualmente, usar esses eventos para garantir essas datas para que eu tenha futebol lá. E aí, eu faço essa negociação comercial diretamente com o clube e garanto que isso seja realizado. Isso eu posso fazer", concluiu.
Criação de comitê
O secretário do governador Romeu Zema (Novo) também afirmou que o governo pretende criar um comitê para debater temas relacionados ao Mineirão. Participarão do fórum representantes de América, Atlético, Cruzeiro, FMF, CBF, Fifa, membros da sociedade civil, além da Minas Arena.
Ele explicou que a decisão de instalar o comitê se deu a partir do momento em que o governo recebeu a informação de que nenhum dos times grandes de Belo Horizonte jogará no Mineirão em 2023. Na verdade, o Atlético tem datas reservadas até junho, mês em que deverá inaugurar a Arena MRV.
"A informação de que nenhum dos grandes times da capital vai jogar no Mineirão esse ano fez com que nós tomássemos uma medida no sentido de acionar os mecanismos contratuais existentes para que seja garantido o que o contrato previu, que é a função social, esportiva e de lazer do contrato", explicou Marcato.
"Do ponto de vista prático, a Minas Arena tem que apresentar o calendário dos próximos 12 meses. Os representantes do comitê vão fazer os questionamentos e dizer quais datas vão precisar. A concessionária tem a obrigação de explicar por escrito porque a determinada não é factível", complementou.
Rompimento do Cruzeiro
O secretário convocou a imprensa menos de 24 horas depois de o Cruzeiro anunciar o rompimento com a Minas Arena. Em live nessa segunda (23), Ronaldo Fenômeno, gestor da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube celeste, disparou contra a concessionária.
"Esse ano damos como rompida nossa relação com a Minas Arena. Não jogaremos nenhum jogo no Mineirão neste ano. Eu acho que é um problema importante que o Governo de Minas Gerais precisará resolver", disse o empresário.
"As condições (da Minas Arena, concessionária que administra o estádio) sempre foram horríveis para o Cruzeiro. A Minas Arena tem um contrato muito confortável com o governo, em que eles têm todas as armas nas mãos para fazer boas negociações para eles e nunca boa para gente", complementou.