Tchô defendeu o Ipatinga em 2020 e em 2022 (Foto: Reprodução)


O meio campista Tchô, ex-Atlético, que defendeu o Ipatinga em 2022 na campanha do acesso à elite do Mineiro, falou em entrevista ao 'Cachorrada Podcast' sobre as situações que enfrentou no clube do interior. O jogador disse que as condições vividas no CT eram precárias e deixou clara a insatisfação com a SAF do Tigre do Aço em relação ao tratamento com os atletas. 





Tchô teve sua primeira passagem pelo Ipatinga no ano de 2020, mas deixou o clube para jogar no Palmas-TO. Com o surgimento da SAF, já em 2022, o meia foi convidado pelo presidente do Tigre do Aço, Nicanor Pires, a retornar. 

"O Ipatinga ficou me devendo no ano de 2020. No ano de 2022, o presidente me ligou dizendo que a SAF entraria no Ipatinga e que eles pagariam o meu salário e também o que ficou de atraso em 2020. Eu encontrei o Marcos Ferraz (CEO da SAF) e ele prometeu que iria me pagar, que eu teria meu salário em dia", contou Tchô.

O jogador disputou nove jogos e marcou três gols pelo Módulo II do Campeonato Mineiro de 2022. No entanto, a passagem não foi positiva fora de campo. 




"Desde o primeiro dia que eu pisei no CT, até o dia que eu saí, as condições de treino no Ipatinga eram precárias. Não tinha um bom campo de treinamento, os atletas que moravam no alojamento não tinham um bom refeitório. Todo dia era carne de porco, às vezes não tinha café da manhã, não tinha ceia à noite. Eu não me lembro quando teve chuveiro quente para tomar banho. Eu tinha condições de morar fora, mas 90% dos atletas não", relatou o jogador. 

Além disso, o meia disse que o clube não tinha profissionais da saúde que acompanhassem os atletas diariamente. 

"Não tinha fisioterapia no Ipatinga. Não tinha médico acompanhando os treinos. Se acontecesse algum problema, poderia ser gravíssimo. As viagens, logísticas e os ônibus eram horríveis."

Em junho, ainda pela primeira fase da competição, Tchô rompeu o tendão de aquiles do pé esquerdo, durante partida contra o União Luziense. Com o contrato já no fim, o meia disse não ter recebido apoio do clube após a lesão.




Conforme determinação da Lei Pelé, caso o atleta se lesione próximo ao final do contrato, ele deve ser resguardado pela entidade. Neste caso, o clube deve renovar o contrato para garantir mais um ano de estabilidade ao jogador.

"Eu fiz a minha cirurgia através do meu plano de saúde. A fisioterapia eles pagaram 20 sessões. Quando pararam de pagar, eu ainda mancava. O Ipatinga virou as costas totalmente. Não renovaram meu contrato. O último mês de salário, não só o meu, mas o de todos os atletas, não pagaram", relatou. 

Mesmo com as questões internas, o Ipatinga conquistou o acesso ao Módulo I do Mineiro. 

"Dentro do campo fizemos tudo perfeito, mesmo sem ter condições para isso. Mesmo assim, eles fizeram todo esse descaso. Nós tentamos contato com o presidente e com o Marcos Ferraz, mas liga, liga, liga e ninguém atende", contou. 




O jogador também relatou que levou o caso à Justiça e que a primeira audiência será em novembro. Por fim, Tchô disse que o time tem história, mas não está sendo bem administrado. 

"O Ipatinga tem uma infraestrutura maravilhosa, mas está sendo liderado por pessoas erradas. A torcida deveria tirar a maçã podre da direção do clube e colocar pessoas novas. O Ipatinga é grande, mas está sendo mal administrado", finalizou. 

Atraso de salário


Em setembro, os atletas e funcionários do Ipatinga publicaram uma nota de indignação nas redes sociais revelando o atraso no pagamento dos salários desde o fim do Módulo II.




O clube se posicionou sobre a situação dos salários atrasados e alegou que os processos burocráticos da SAF impossibilitaram que alguns créditos fossem realizados.

Denúncia do Betim


Além das denúncias em relação a questões salariais, o Betim apontou que o Ipatinga teria falsificado as assinaturas das carteiras de trabalho de todos os atletas que disputaram o Módulo II. A denúncia já foi levada ao TJD.