Atlético e Cruzeiro se enfrentam na final do Mineiro neste sábado (Foto: Pedro Souza/Atlético)

O lado tático de um clássico sempre tem um cuidado ainda mais especial por parte dos treinadores. Na partida entre Atlético e Cruzeiro neste sábado (3), às 16h30, no Mineirão, não será diferente. O Superesportes mostra, a seguir, quais os aspectos positivos e negativos dos times e onde eles se encontrarão na disputa pela taça do Campeonato Mineiro.



 
Ambas as equipes iniciaram bem a temporada de 2022. O Galo venceu 11 das 14 partidas disputadas, além de dois empates e uma derrota, com 83,3% de aproveitamento. Foram 30 gols marcados e sete sofridos sob o comando do técnico ‘El Turco’ Mohamed.
 
Já a Raposa tem o mesmo número de vitórias em 15 jogos, com um empate e três derrotas. O time de Paulo Pezzolano balançou as redes adversárias em 33 oportunidades e sofreu 12 gols. O aproveitamento da equipe é de 75,5%. Veja aqui o raio-X completo dos times.
 
Esses números se refletem no desempenho dentro de campo. João Vitor Marques, setorista do Atlético no Superesportes, lista alguns dos pontos fortes do Galo.



 
“Alto nível técnico dos jogadores, criação de jogadas com movimentações sistematizadas desde 2021. Ofensivamente, a esquerda é de individualidades, com Keno saindo do lado para dentro e abrindo o corredor para Arana. Na direita, Zaracho é o meia que dinamiza o time todo e conta com o apoio de Hulk (que sempre se movimenta para aquele setor) e Jair, outra presença frequente por ali. Pelo meio, Nacho não vive o melhor dos momentos, mas é decisivo.”, afirma.
 

Atlético tem jogadores que podem ser decisivos no ataque (Foto: Pedro Souza/Atlético)


 
O jornalista também destaca a defesa da equipe - a melhor da história do Atlético neste formato do Mineiro.  “Agora, o ‘perde-pressiona’ é mais presente ao longo de boa parte da partida (Cuca priorizava isso nos minutos iniciais) e os encaixes individuais do antigo treinador têm dado lugar a um sistema misto, que varia de acordo com o adversário”, analisa João.
 
Já pelo lado celeste, a construção de jogadas se destaca. Tiago Mattar, setorista do Cruzeiro no Superesportes, elogia o trabalho do treinador uruguaio e afirma que, mesmo com um grupo tecnicamente inferior, a Raposa tem condições de competir com o rival.



 
“Não há dúvidas de que há um favorito para o clássico de sábado e ele não é o Cruzeiro. Apesar disso, o time de Paulo Pezzolano tem condições de competir até com o Atlético, que tem hoje um dos três melhores elencos do Brasil”, afirma Tiago.
 
Ele também ressalta o número de gols marcados pela equipe na temporada e a dupla de ataque, Edu e o jovem Vitor Roque, de 17 anos, que juntos já balançaram as redes em 15 oportunidades.
 
“Os 33 gols marcados pela Raposa até aqui na temporada (25 no Mineiro e 8 na Copa do Brasil), além do protagonismo da dupla formada por Edu e Roque, apontam para a força ofensiva bem construída por Pezzolano nos primeiros meses de trabalho em Belo Horizonte”, analisa.



 

Cruzeiro conta com um forte ataque neste início de tempora (Foto: Staff Images/Cruzeiro)

 
 
Gabriel Corrêa, coordenador do Footure e analista de desempenho, segue a linha do setorista celeste. “Podemos tirar de base até mesmo o clássico passado (vencido pelo Atlético). Um dos pontos fortes do Cruzeiro é a organização no ataque, o Pezzolano é um cara que trabalha muito isso. Ele já começa construindo o jogo desde a defesa”, afirma.
 

As transições e o espaço entre as linhas

 
Apesar do bom início de temporada, Atlético e Cruzeiro têm problemas – normais em quaisquer times de futebol. Do lado alvinegro, a bola parada defensiva e os espaços entre as linhas preocupam. Dos sete gols sofridos pelo Atlético em 2022, três (42%) se originaram nesse tipo de jogada, todas com um aspecto semelhante.
 
“Em nenhuma delas o cruzamento foi direto na área. Sempre um jogador rolou para um outro lançar, o que gerou uma movimentação defensiva dos atleticanos e abriu espaço para os adversários. Isso melhorou, mas o Cruzeiro vai exigir mais que os rivais mais recentes”, afirma João Vitor, que ressalta também o lado esquerdo da defesa atleticana.



 
“Ofensivamente, Guilherme Arana está entre os melhores laterais brasileiros e merece as recentes convocações de Tite. Porém, defensivamente, sofre mais que Mariano pelo outro lado (também pela maior vocação ofensiva). Deve ser um setor explorado por Paulo Pezzolano, o que aumenta a responsabilidade de Arana e de quem fizer coberturas por ali (Allan e um zagueiro que pode ser Réver, Godín ou Alonso)”, analisa o setorista alvinegro.
 
Já pelo lado celeste, as transições defensivas aparentam ser um ponto negativo. Tiago Mattar e Gabriel Corrêa acreditam que esse é um ponto a ser explorado pelo Atlético.
 
“Chama atenção as dificuldades do Cruzeiro, especialmente nos últimos jogos, para realizar a transição defensiva. Me parece que esse é o ponto que ainda preocupa para a decisão diante do melhor ataque da primeira fase do Estadual e também para a sequência da temporada”, diz Tiago.



 
“Quando o Cruzeiro perde a bola, a transição defensiva ainda tem alguns problemas. O time retorna um pouco lento, ainda não está tão organizado na pressão pós-perda, e o Atlético é muito forte na transição ofensiva, com Hulk, os jogadores do lado de campo, sejam eles quem forem”, afirma Gabriel.
 
O analista de desempenho ainda projeta duas ideias na partida: a Raposa com a intenção de achar o espaço entre as linhas, e o Galo procurando aproveitar o problema na transição defensiva celeste.
 
“O Cruzeiro vai querer manter essa ideia de ter a bola, tentar achar esse espaço, seja entre zagueiros e meio-campo, ou até nas costas dos laterais, onde pode chegar e atacar o adversário, mas vai ter que cuidar de um Atlético que certamente vai acelerar bastante o jogo depois que recuperar a bola e vai pressionar muito lá em cima”, diz Gabriel.
 
Com todos esses detalhes táticos, Atlético e Cruzeiro jogam por uma vitória para conquistar a taça do Campeonato Mineiro. Em caso de empate, as equipes decidem o título do Estadual nos pênaltis.